Montenegro e Coreia do Norte

Quanto de uma viagem não é sempre encontro com a história, ao vivo e a cores? Depende do que falamos quando falamos em viajar. Para alguns, viagem é sinónimo de descanso e de não pensar em nada. Mas para outros – muitos, felizmente, e entre eles os leitores habituais desta revista – viajar é sair de si e ir ao encontro do outro. E fazê-lo não é só saber o que comem ou como se vestem os que as circunstâncias distanciaram de nós e do nosso mundo quotidiano. Não é gritar very typical como qualquer turista. É também perceber porque estão aqui, como chegaram aqui. Os verdadeiros viajantes não olham apenas para os museus que o guia turístico lhes explica. Tentam entrar na vida de quem vive no país que visitam. Como testemunhas da história. Viagens e história cruzam-se muitas vezes e ditam as coincidências que, nesta edição da Volta ao Mundo, a história tenha um papel preponderante. Aqui aparecem duas viagens a dois países que foram criados pela história, em duas épocas e circunstâncias diferentes: Montenegro e Coreia do Norte. O escritor José Luís Peixoto leva-nos à Coreia do Norte. A sua reportagem regressa ao encanto que todas as viagens já tiveram, mas que hoje, num mundo completamente globalizado, já a poucos lugares se aplica: revela-nos o inacessível, o longínquo, o que está por detrás do segredo. Tão pouco se sabe da vida dos norte-coreanos e do seu líder patusco. Peixoto conta-
-nos tudo, mostrando o dia-a-dia numa das cidades menos conhecidas do mundo – Pyongyang.
A jornalista Petra Alves foi àquele a que chama o mais novo país do mundo. Embora isto já não seja bem verdade, com a tristemente célebre separação do Sudão em dois países, o Montenegro continua a ser o mais jovem país da velha Europa. E é aqui, em Kotor, que Petra e Constantino Alves encontraram, à beira do Adriático, uma cidade que cresceu, há dois mil anos, labiríntica, cheia de histórias cruzadas numa zona quente da nossa recente história: no cruzamento entre Sérvia, Kosovo, Albânia e Bósnia. Kotor é Património da Humanidade, a UNESCO assim a classificou, e é com esse orgulho que volta a receber os turistas que começam a chegar a este paraíso desconhecido.

 

Catarina Carvalho, diretora
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