Madrid

Numa das cidades mais concorridas do mundo, há mais para descobrir para além das habituais referências turísticas. Há segredos ao virar da esquina, de se lhe «tirar o chapéu».

Das apps às tapas

Vai chover amanhã em Madrid? A resposta do telemóvel é importante na altura de fazer a mala. E esta é só uma das muitas perguntas para as quais os smart-phones têm resposta, graças ao desenvolvimento das aplicações da Google. Para isso basta, antes de partir, descarregar as mais úteis e estudar o plano a cumprir, seja para receber alertas sobre o voo, conhecer as rotas entre o aeroporto e o hotel ou até mesmo estabelecer uma conversa fluente noutra língua. Não acredita? É verdade e até funciona sem recorrer aos dados móveis. A aplicação principal da Google, para além de motor de busca, funciona como uma verdadeira «secretária» – dá-nos informação para o dia-a-dia assim que estiver sincronizada com Gmail, calendário e mapas. Quanto às utilidades em viagem, depois de efetuado o check-in online e recebida no e-mail a confirmação, é criado um lembrete com todos os detalhes do voo e um outro alerta no calendário. Quando for hora de sair de casa, o telemóvel dá sinal. Os viajantes enfrentam geralmente dificuldades para aceder à internet no estrangeiro. No entanto, há algumas formas de contornar o custo do roaming e continuar a dar uso às funcionalidades, por exemplo, de orientação numa cidade. O primeiro passo, em casa e com acesso a wireless, é pesquisar pela cidade na aplicação mapas. Neste caso vamos dar um salto a Madrid. Do aeroporto de Barajas ao centro da cidade são cerca de quarenta minutos e um print screen do percurso é uma opção para memorizar o trajeto.

Com um pequeno clique num hotel podemos pedir uma direção a partir de outra morada, consultar o preço por noite e classificação, ler críticas, ver fotografias ou até abrir o modo street view – imagens em 360º que permitem «conduzir» pelas ruas, ainda sem ter saído do sofá de casa. Gostou desse que viu? Basta carregar em «salvar» e fica assinalado no mapa. Quando não tiver internet e não se lembrar do nome, lá vai estar a estrela. Porque mesmo com os dados móveis desligados, o telemóvel dá a localização. Já não é preciso abrir e fechar vinte vezes o mapa gigante da cidade e ler, em letrinhas pequenas, o nome das ruas. Não é suposto ficar agarrado ao ecrã, o ideal será perder o norte e aproveitar a cidade. E, se tiver dúvidas, basta aceder às novas tecnologias.

Para começar

No coração da capital espanhola, todos os caminhos vão dar às Portas do Sol. E vão mesmo, até porque é ali que está o «quilómetro zero», ponto a partir do qual são medidas todas as distâncias por estrada. Depois de tirada a fotografia com os pés a pisar a placa, o roteiro pode então começar.
Seja qual for a direção, há avenidas com lojas e muita gente a circular e pequenas ruas e praças que convidam para as tabernas típicas e cervejas bem tiradas. Também os espaços verdes ocupam grande parte de Madrid e são importantes, principalmente no verão. De um lado está o maior, o Parque do Retiro, que todos os dias recebe grupos de amigos à conversa, desportistas amantes de ar livre e casais que passeiam em barcos a remos no lago. Do lado oposto, descobrem-se os mais arranjados canteiros no Sabatini, jardim junto ao Palácio Real. (1) Tomando como referência o imponente Palácio de Cibeles, (2) para sul desce-se o Passeio do Prado. A avenida verde passa pelos museus Naval (3) e do Prado, (4) Jardim Botânico e termina na Puerta de Atocha, a estação central de comboios. E na Praça de Cibeles cruza a última parte dos dez quilómetros da Calle de Alcalá, a maior rua de Madrid, com fim nas Portas do Sol. A meio caminho começa a Gran Vía, onde os edifícios crescem, tornam-se ainda mais fotogénicos, há lojas internacionais e tropeça-se nas cadeias de fast food.

Durante a viagem

De que maneira é que as aplicações podem ser úteis? Por exemplo, na altura de pedir uma indicação, ler a sinalética na rua ou a carta de um restaurante e a língua for um obstáculo, a Google ajuda. A dois passos das Portas do Sol está a emblemática Plaza Mayor e a outros dois o restaurante Los Galayos (5) (Calle Botoneras, 5; preço médio: 26 euros; losgalayos.net). Oferece uma carta tradicional, com pratos de excelência e lê-se que uma das especialidades é Cochinillo Asado. Não sabe o que é? Para salvar a situação sai do bolso um Tradutor com experiência em noventa línguas, tanto na escrita como em conversação. E a grande vantagem da aplicação é funcionar sem ligação à internet, desde que antes sejam descarregados os idiomas a usar (função apenas disponível para software Android). Outra ferramenta, talvez a mais impressionante, recorre à máquina fotográfica do smartphone e traduz diretamente no ecrã. Basta apontar para um texto e aparece a tradução, ajustando as palavras sem mexer no fundo. E até é possível desenhar letras que não estejam no teclado, por exemplo do alfabeto chinês. E, já agora, cochinillo é leitão…

Calle Mayor

É uma das ruas principais no centro de Madrid. Faz a ligação entre as Portas do Sol e a parte de trás da Catedral de Almudena (6) – visitada pelo Papa João Paulo II em 1993, tem pouco mais de cem anos e a sua arquitetura mistura os estilos neoclássico, neogótico e neorromântico.  De uma ponta à outra da rua encontramos o comércio local separado entre as fachadas coloridas, mas a paragem obrigatória é no Mercado de San Miguel, (7) o mais reconhecido da cidade. Lá dentro há de tudo o que de bom se come em Espanha. Não só as mais tradicionais tapas e marisco, mas também produtos gourmet. No entanto, os moradores consideram-no hoje como uma atração turística, mais do que um mercado à antiga. Vive carregado de turistas de máquina fotográfica na mão e nem tanto de madrileños.

Onde Comer

«Ok Google… Show me restaurants nearby» (mostra-me restaurantes aqui perto). Às vezes a comunicação em inglês torna a pesquisa mais fácil, tendo em conta que o português falado é o do Brasil. Após esta pergunta e com ligação à internet, não são precisos mais de cinco segundos para receber uma lista dos mais próximos. E na altura de decidir reservar um, porque não «ver o interior» antes? O Mapas já tem essa opção disponível para cada vez mais espaços. O restaurante Mercado de la Reina (8) é uma ótima opção para ir jantar e a noite pode começar com um balão cheio de gelo no gin club. Depois prova-se cozinha tradicional espanhola, de alta qualidade, num ambiente descontraído e acolhedor. A carta é muito variada e como entradas servem desde croquetes recheados aos queijos e enchidos, passando aos pratos de peixe, carne e também só de verduras.

Calle Gran Vía 12, Madrid
Horário: todos os dias, das 11h00 às 02h00
Tel.: (+34) 915213198
Preço médio.: 22 euros
mercadodelareina.es

Para descobrir

O bairro da Chueca é um dos mais conhecidos e deve-se em parte à comunidade gay. À noite, é uma das zonas mais animadas graças aos bares e à pequena praça por onde se estendem mesas de cerveja e gente simpática. E durante o dia vale a pena conhecer a arquitetura das casas, as lojas diferentes e o imperdível Mercado de San Antón. (9) Os vários andares modernos estão cheios de coisas boas e lá em cima há um terraço com esplanada. E por falar em terraços, um dos mais convidativos é noutra ponta da cidade, mas merece a deslocação. O rooftop bar está instalado na parte de cima do The Hat Hostel, (10) ecológico e moderno, com vista sobre os telhados alaranjados e para a cúpula da Igreja de San Isidro. É ideal para ir beber um copo à tarde.
Calle Imperial, 9
Preço médio por noite: 85 euros
em quarto duplo
thehatmadrid.com

Ir às compras

Entre as pedonais Calle Preciados e a Del Carmen estão reunidas, principalmente, lojas de roupa internacional. As ruas merecem ser percorridas mesmo sem intenção de compras. Até porque no fim está a Plaza del Callao: o local mais movimentado de Espanha e o terceiro da Europa, depois de Piccadilly Circus, em Londres, e a praça em frente ao Museu do Louvre, em Paris.

Onde ficar

O Only You Hotel & Lounge (11) é um dos hotéis mais modernos de Madrid. Está no centro, perto da Chueca, mas longe da confusão. Todas as divisões surpreendem pela decoração. O pequeno-almoço tem uma variedade de menus ideais para um dia de caminhadas. Isto para quem conseguir sair da cama…

Calle Barquillo 21, Madrid
Tel.: (+34) 910052222
Preço.: quarto duplo a partir
de 113 euros por noite
onlyyouhotels.com

No fim

De volta a casa, as fotografias ficam na Google Drive, quando configurada para backup automático. Convencido?

Texto de Nuno Mota Gomes - Fotografias de João Nogueira/Google
Roteiro da edição de julho 2015 - n.º 249
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