Este livro reúne «conselhos para dar a amigos». Quem levava e onde? Porquê? 
Vou escolher as pessoas que, além de minhas amigas, apresentam os meus livros. Ao José Alberto Carvalho levava-o ao Vallecula porque é um sítio bom para se namorar com a comida, fica na serra da Estrela [sorrisos]. À Clara de Sousa, uma ótima cozinheira, levava-a à Noélia e Jerónimo, comida tradicional e sofisticada. Fica em Cabanas de Tavira, no Algarve.

E porque escolheu dar «conselhos» fora das grandes cidades? Não há bons pequenos restaurantes em Lisboa e no Porto? 
Há, mas escolhemos este caminho porque os espaços fora dos grandes centros não têm visibilidade. Só se fala nos restaurantes das cidades e quando saímos delas ficamos sem saber onde ir.

Quais os critérios? 
Estes restaurantes começam por ser recomendados por amigos. Depois, é feita uma pequena pesquisa para ver se são exatamente como contam. Há, em seguida, outros critérios a ter em conta, como por exemplo o que se come lá, o que há de mais diferente e a história das pessoas à frente do restaurante. A personalidade dos donos é muito importante. Por fim, há ainda a localização. Têm de estar em sítios lindos, improváveis.

Qual era a sua ligação aos pequenos restaurantes? 
Já fiz grandes reportagens ligadas à comida, é uma área que conheço e de que gosto. Todos os anos temos uma série de vinte programas de Mesa Nacional.

E ainda é surpreendido? Com o quê?
As melhores delas prendem-se com quem nos recebe. Mas também tivemos surpresas más, que não incluímos no trabalho.

«Tenho mais talento para comer do que para cozinhar»

Tem algum talento especial para a cozinha? 
Tenho muito mais talento para comer do que para cozinhar. Mas também sei cozinhar alguns pratos interessantes. Como caril de peixe.

Vai voltar à estrada para mais uma edição? 
Ainda é cedo para responder. As reportagens são feitas entre maio e julho. Para um segundo livro, talvez precise de dois anos.

Assim que parte para a estrada, o que é que tem garantido: dias, quilómetros e quilos? 
Nesta temporada fizemos quatro mil quilómetros, em Portugal continental e em semana e meia. Depois fomos para as ilhas. O ritmo de gravações não deixa estar muito tempo à mesa, na verdade petiscávamos e pouco mais. É difícil engordar ao ritmo que trabalhamos. O colesterol, contudo, está lá para nos avisar. No fim, faz-se exercício e desporto e uma desintoxicação quando é preciso [risos].

Mesa Nacional

Autor: Paulo Salvador
Edição: Oficina do Livro
Páginas: 168
Preço: 13,90 euros

Entrevista de Carla Bernardino - Fotografias de Gerardo Santos/Global Imagens
Partilhar