Quem nunca comeu um éclair no parisiense Marais que atire a primeira pedra. Ou uma ostra fresca em Cancalle, ou um percebe numa cervejaria da galega Finisterra, um pato lacado em Pequim, um hotdog em Coney Island, um caril na zona indiana de Singapura, uma coxinha de frango num boteco do centro do varejo, no Rio de Janeiro, uma alcachofra frita num restaurantezinho judeu, em Roma, junto ao Portico d’Ottavia.

Uma viagem é uma entrada numa cultura diferente, da qual os referenciais que nos chegam são todos sensoriais. É por isso praticamente impossível dispensar o gosto. Quem diz gosto diz sabor, palato, prazer da gastronomia. Sempre me fizeram muita impressão os turistas a quem essa experiência escapa por completo porque se recusam a pôr-se à prova, a experimentar coisas novas.

Os turistas – sim, não vou chamar- lhes viajantes – que comem comida italiana em todo o lado para onde vão, porque é nesse conforto doméstico que se sentem bem. Que têm nojo do incerto e rejeitam o que não conhecem. Por vezes as experiências podem não ser muito positivas – estranhas aos nossos hábitos –, mas a verdade é que o que se perde com essas está longe do que se ganha com todas as outras em que nos atiramos para fora da nossa zona de conforto. Ementas em línguas estranhas, venham elas.

Ementas traduzidas todas em inglês e fotozinhas dos pratos, é fugir delas a sete pés e nunca frequentar um restaurante que as pratique.

Ultimamente o turismo gastronómico alcançou estatuto de categoria. Há quem viaje à procura das estrelas Michelin ou persiga os chefs mais famosos. Neste mês, trazemos um guia de Madrid que faz o percurso pela comida – dos restaurantes aos chefs, relatando como a cidade se tornou hoje um dos polos mundiais da gastronomia. Bom proveito.

Catarina Carvalho, diretora
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