O convite de uma amiga, cuja filha estava a estudar em Portugal, fez que Barbara Ott aterrasse em Lisboa há ano e meio. Os cinco dias de férias iam ser passados num hotel de charme, numa das colinas da capital. «Assim que entrei no Torel Palace percebi que queria fazer parte dele», conta a austríaca com entusiasmo. Se lhe faltavam motivos para mudar de país, talvez os tenha encontrado ao espreitar pela varanda do quarto. Olhando para baixo, terá visto a impressionante paisagem: a vasta mancha de vegetação e, ao longe, o Tejo, a Rua Augusta, os Restauradores, as torres das Amoreiras.

Um cenário que causa ainda mais impacto a partir do miradouro e da piscina, no andar abaixo. Foi lá que Barbara se cruzou, pela primeira vez, com João Pedro Tavares, um dos dois sócios do Torel Palace, e lhe confidenciou que queria participar no projeto. Provavelmente não pensaram que voltariam a falar tão depressa. Mas uma semana depois o telemóvel de Bárbara tocava na Áustria. O segundo sócio queria «abandonar o barco» e o convite estendia-se, assim, à antiga farmacêutica.

A vinda de Barbara para Portugal marcava também o início de uma nova era no Torel Palace: a do palacete azul. Até maio do ano passado, o hotel funcionava apenas no palacete rosa, uma casa centenária, de onze quartos com nomes de rainhas. O hotel passou a estender-se à propriedade contígua. O espaço estava desocupado há dez anos e pertence ainda ao Patriarcado de Lisboa. Mas um forte investimento na decoração, assinada por Isabel Sá Nogueira, devolveu-lhe a vida.

Quartos com nome de reis e rainhas, interiores de requintado bom gosto, vistas deslumbrantes. É fácil perceber por que motivo Barbara Ott trocou a Áustria por Lisboa.

Seguindo o exemplo do edifício rosa, o novo palacete viu os seus dezasseis quartos transformados em aposentos de rei, cada um com o seu nome: D. Dinis, D. Sebastião, D. Afonso Henriques, e a lista continua. Já no interior de cada divisão, percebe-se que a diversidade está bem presente. Nenhum quarto se assemelha a outro, tanto nas caraterísticas como nas peças de decoração, muitas adquiridas em leilões. Um dos quartos conta com os vitrais originais da casa, outro tem uma mala antiga a funcionar como móvel. Um terceiro dispõe de um cofre antigo, que nunca se conseguiu abrir. E outro, um terraço com azulejos coloridos no chão.

Além de novos quartos, o edifício azul permitiu ao hotel ganhar outros espaços. Caso da esplanada, junto às palmeiras ou do bar, em que o búlgaro Gueorgui Radkov prepara as dezenas de cocktails que integram a carta. Caso do restaurante Cave 23, inaugurado em novembro, na cave do Torel Palace – a contratação da chef Ana Moura era o que faltava para dar sabor à casa. A pergunta é escusada: aqui come-se como um rei, pois claro.


Torel Palace
Rua Câmara Pestana, 23 (Bica)
Tel.: 218298071
Web: torelpalace.com
Quarto duplo a partir de 120 euros por noite (inclui pequeno-almoço)

Texto de Marlene Rendeiro - Fotografias de Orlando Almeida/Global Imagens
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