O resort é uma boa base de partida para conhecer o município de Torres Vedras, que, em abono da verdade, tem muito mais para oferecer do que o famoso Carnaval que há poucos dias fez as delícias dos foliões.

Apesar de pouco conhecido, o castelo de Torres Vedras merece visita atenta. As muralhas que sobrevivem são de origem medieval e tiveram várias utilizações ao logo dos tempos. De destacar, além da vista para a cidade, a igreja de Santa Maria, do século XII, que tem os únicos vestígios românicos do concelho e está a servir o culto ortodoxo, e a necrópole medieval, com cerca de setenta sepulturas. O castelo tem um centro de interpretação, que ajuda a entender o monumento, através de diversos objetos que contam a história das várias épocas que o local viveu. Para lá chegar de carro, há que passar por algumas ruas estreitas, junto à encosta, bem castiças, de piso empedrado, bem diferentes da restante cidade, de terrenos planos e prédios mais recentes.


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Voltando ao Dolce Campo Real, há que aproveitar a localização e descobrir os recantos deste hotel com cerca de 150 quartos e vários espaços comuns. Sim, o hotel impõe-se na paisagem, cheia de pequenas colinas, rodeadas por algumas serras de pouca altitude – mas altas o suficiente para terem sido fundamentais em salvar Lisboa das invasões napoleónicas. À volta do edifício está o campo de golfe, considerado um dos mais difíceis em território nacional. O buraco 18 fica diante de um dos restaurantes do hotel, perfeito para comer algo mais leve e apreciar a paisagem. Mesmo ao lado esbarramos com uma capela e um pelourinho a lembrar que aqueles terrenos pertenciam a uma antiga reserva de caça real. O nome Campo Real não está lá à toa.

Para o fim de tarde, nada melhor do que ir até ao spa e utilizar a piscina interior aquecida, a hidromassagem ou a sauna. É tempo de descontrair antes da refeição. Todos os espaços têm luz natural e janelões com vista para o campo de golfe. Chegada a hora de jantar, o restaurante Grande Escolha é comandado pelo chef Rui Fernandes. Depois do jantar aconselha-se uma ida ao bar Wellington, especializado em vinhos,sobretudo da região de Lisboa, e em gin, com vasto leque de escolha.

No dia seguinte a sugestão é a de um passeio organizado pela Rotas do Oeste, sediada no resort. O programa, de entre vários outros: percorrer num veículo todo-o-terreno as serras do Socorro e da Archeira, terminando na Adega Mãe com visita e prova de vinhos. Miguel Portela, coordenador de eventos da empresa, conduz e é o guia do passeio. «Esta área de paisagem protegida foi considerada uma das mais sustentáveis do mundo», começa por explicar. O caminho, ora de alcatrão ora de terra batida, leva-nos ao topo da serra do Socorro. A vista é deslumbrante, alcançando boa parte da região.


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Desde as torres e zimbório do Convento de Mafra até às ilhas Berlengas em frente a Peniche, a vista não podia ser melhor. Mas é preciso apanhar um dia sem nevoeiro, coisa rara naquelas paragens, sobretudo nesta altura do ano. Ali no topo do Socorro há outros pontos de interesse. Como a estação de comunicação e observação das Linhas de Torres Vedras do quartel- general do Duque de Wellington, instalada durante as Invasões Francesas, fundamental para a coordenação entre os vários postos e fortes. Há também uma ermida e um pequeno restaurante que, diz quem sabe, serve um dos melhores cozidos à portuguesa da região.

No castelo há que conhecer a igreja e o centro de interpretação. Na Praça 25 de Abril há uma fábrica de pastéis de feijão que deve ser visitada.

É tempo de descer esta serra e subir a outra, mesmo ao lado, a da Archeira. Na paisagem, moinhos antigos coexistem com os novos aerogeradores dos parques eólicos. O caminho segue até à Adega Mãe, onde as boas-vindas são dadas com um copo de Dory branco. Esta adega de arquitetura arrojada pertence à Riberalves, mais conhecida pelo negócio de bacalhau, mas que dá cartas no mundo dos vinhos. E são os brancos que aqui, entre as serras e o mar, mais ordenam. O nome da adega é uma homenagem à mãe dos irmãos Ricardo e Bernardo Alves. No fim da visita há prova de vinhos, e aí o tinto dá também um ar de sua graça.

No regresso ao hotel duas hipóteses se erguem: dar umas braçadas na piscina interior ou petiscar algo no restaurante Garden Terrace. Os hambúrgueres são boa opção e a sopa de peixe é ótima escolha. E isto porque no pacote de Dia dos Namorados o check-out pode ser feito até às 16h00. Mas aconselha-se uma nova passagem por Torres Vedras para adoçar a boca. Na Praça 25 de Abril, onde está situada a igreja e o convento da Graça – vale a pena entrar e admirar a talha dourada –, desce-se por uma rampa até entrar na Fábrica Coroa, onde são produzidos os famosos pastéis de feijão. O aroma sente-se da rua e é uma festa para os sentidos. A fábrica existe desde 1940, ainda que não tenha começado a laborar naquele local. Compra-se uns quantos para levar, mas ninguém resiste a provar um pastel logo ali. Ainda restam dúvidas de que é para ir?


Ficar

Dolce Camporeal Lisboa
Rua do Campo, Turcifal
Tel.: 261960900
Web: dolcecamporeal.com/pt
Preço: quarto duplo a partir de 80 euros por noite.


Visitar

Castelo de Torres Vedras
Tel.: 261310483
Web: cm-torresvedras.pt
Horário: das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (setembro a maio).
Entrada gratuita

Rotas do Oeste
Tel.: 261958517
Web: facebook.com/rotasoeste.com
Preço: 22,50 euros/pessoa (passeio de jipe UMM 4×4 pelas serras de Socorro e Archeira, visita guiada à Adega Mãe, prova de vinhos; reserva com antecedência mínima de 24 horas)

Fábrica Coroa
Praça 25 de Abril, 11 A
Tel.: 261323494 . Preço: 0,80/4,50/9 euros
(unidade/6 pastéis/12 pastéis)

Adega Mãe
Estrada Municipal 554 – Fernandinho
Tel.: 261 950 100. Web: adegamae.pt


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Texto de Tiago Guilherme - Fotografias de Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens
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