Em 2015, feitas as contas, passaram pelo Pátio da Galé, junto ao Terreiro do Paço, mais de 25 mil pessoas durante o Peixe em Lisboa, sendo cada vez mais disputados os lugares sentados durante as apresentações ao vivo de chefs renomados, nacionais e estrangeiros, no auditório. Para isso muito tem contribuído a fidelização ao evento do público lisboeta em particular, e do português em geral, mas não há como ficar indiferente à massa crítica crescente que nos chega do estrangeiro (a que se soma ainda toda a imprensa especializada), que no mesmo período representou já 22 por cento do total.

É uma fasquia alta que a organização espera, se tudo correr pelo melhor, ultrapassar na edição deste ano, a nona, que começa hoje, 7 de abril, e vai até dia 17. Estão a contar, claro está, com o interesse crescente despertado pela capital portuguesa enquanto destino turístico, o que lhes permite, por outro lado, e uma vez mais, manter o compromisso de não mexer nos preços (da entrada e das degustações de comida e de vinhos).


São 12 os restaurantes (um pouco mais se contarmos com os desdobramentos de alguns chefs em várias frentes) que responderam ao repto de servir, entre as 12h00 e as 00h00, vários pratos (alguns deles inéditos) a preços entre 4 e 12 euros.


O bom peixe e o bom marisco nacionais são, como não poderia deixar de ser, o mote maior, mas, e à semelhança dos certames anteriores, vai-se além deles – a prová-lo, a eleição do melhor pastel de nata de Lisboa, o mercado gourmet (com conservas e banca de peixe fresco, mas também doçaria tradicional, azeites, chocolates, vinhos, gelados, enchidos, queijos), as harmonizações, provas comentadas e conversas à volta do vinho, as sessões de showcooking ou as tertúlias entre chefs.

Ao longo dos dez dias do Peixe em Lisboa, doze restaurantes vão servir, entre o meio-dia e a meia-noite, especialidades à base de pescados, mas muitos dos seus chefs vão juntar-se a outros em demonstrações de cozinha ao vivo. Entre os da casa, destaque para os bem conhecidos do grande público como Henrique Sá Pessoa (Alma), Tomoaki Kanazawa (Kanazawa) ou Alexandre Silva (Loco), mas igualmente para jovens talentos emergentes como Rui Silvestre(à frente do Bon Bon, a grande surpresa do Guia Michelin de Portugal em 2016) e Tiago Feio (que pratica uma cozinha experimental no restaurante Leopold, sem recurso a fogão ou a exaustor).

No ano passado, cerca de 25 mil pessoas passaram no Pátio da Galé, na oitava edição do evento.

O cartaz internacional, por sua vez, é mais reduzido, mas não deixa de ter os seus trunfos – até porque muita da afluência ao auditório assenta na expetativa criada em torno dessas figuras. À cabeça, a espanhola Elena Arzak, filha do fundador do restaurante «triestrela» com o mesmo sobrenome, no País Basco, que soube conquistar o seu próprio espaço – tanto que foi eleita Melhor Chef Feminina em 2012 pelos prémios The World’s 50 Best Restaurants – e se apresenta no dia 13.

Seguem-se o italiano Pino Cuttaia (dia 12), detentor de duas estrelas Michelin no La Madia, em Licata (Sicília), e Diego Gallegos (dia 15), um brasileiro de origem espanhola radicado na Andaluzia, onde arrecadou uma estrela para o restaurante Sollo, em Málaga. Por último, mas não menos importante, até por ser um português com carreira internacional, Nuno Mendes regressa ao Peixe (dia 14) numa fase em que, após o lançamento de um restaurante de inspiração lusitana na capital britânica, se encontra empenhado na reabertura do Viajante (que também lhe valeu uma estrela) no East End londrino.

Entre as novidades reservadas para 2016, cabe aqui, para encerrar, uma menção à prova ADN de Pasteleiro (dias 8 e 9), destinada a premiar o melhor chef pasteleiro a trabalhar em território nacional, o prolongamento do horário de funcionamento até às duas da manhã nas noites de sexta-feira e sábado (com a atuação de DJ e possibilidade de entrar apenas a partir das 00h00) e ainda, no primeiro domingo (dia 9), uma Noite do Fado. Porque nem só de peixe se faz a festa.

Texto de João Miguel Simões
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