(SAUL LOEB / AFP)

Irritado com uma criança a gritar num voo de longa distância? Uma companhia holandesa decidiu testar zonas reservadas a adultos.

(SAUL LOEB / AFP)

Os estudos valem o que valem, têm as amostras que, bom, conseguem ter, mas podem muitas vezes dar sinais. Terão dado. A companhia aérea Corendon ouviu os sinais e começa em novembro a oferecer uma opção diferente: reservar a parte de trás da cabine para passageiros com filhos, mantendo os assentos da frente só para adultos.

Dirão uns que não faz sentido e que as crianças fazem parte da vida. Dirão muitos pais que lamentam e pedirão desculpa. Dirão outros que amealharam durante um ano para a viagem de sonho e acabam dez horas a ouvir gritos e a levar com pontapés nas costas. Diremos nós que o mercado vale se tiver clientes.

Ora, um dos ditos estudos que valem o que valem, levado a cabo pela PhotoAid, empresa que ajuda a digitalizar dados biométricos, questionar umas largas centenas de cidadãos norte-americanos e conclui que oito em cada dez viajantes acolhem de bom grado voos só para adultos e que 64% estão até dispostos a pagar por isso, entre 10 e 30% mais por um voo longo.

De entre esses, 89% mantêm-se firme na preferência, ainda que ambientalmente falando a solução seja crítica, podendo implicar a duplicação de voos.

A culpa é, para 36% dos passageiros, de pais incapazes de controlar os filhos, enquanto 24% acham mesmo que os petizes têm toda a culpa. Curioso é que 60% dos passageiros diz preferir uma criança descontrolada a um adulto rude e com um conceito de higiene diferente do seu (tendemos a concordar…).

De entre aqueles que rejeitam voos só para adultos, a maioria acredita, contudo, que dividir a cabine em zonas com e sem crianças pode funcionar.

Foi o que entendeu fazer a Dutch Corendon, subsidiária da turca Corendon. Decidiu testar a partir de 3 de novembro, no voo Amsterdão-Curaçao, uma zona sem crianças “destinada a viajantes que viajam sem filhos e a viajantes de negócios que desejam trabalhar num ambiente tranquilo”. Paralelamente, trata-se de proporcionar aos pais preocupados um certo descanso.

A zona só para adultos ficará na parte da frente do avião, com 102 assentos reservados, nove deles xl. Paredes e cortinas separarão essa zona da parte de trás, como hoje acontece com a executiva. O preço? 45€ para um banco standard e 100€ num xl, para cada voo. E só está disponível para passageiros a partir dos 16 anos.

“Tentamos acomodar os viajantes que procuram mais tranquilidade durante o voo, mas também acreditamos que isso pode ter um efeito positivo para os pais que viajam com crianças pequenas, que podem aproveitar o voo sem se preocupar se os filhos fizerem algum barulho”, resume Atilay Uslu, fundador da Corendon, em comunicado publicado na página da companhia.

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