A costa leste da Austrália é uma mistura de sentimentos. É segura, tem regras a mais, paisagens inesquecíveis, estradas por onde apetece conduzir, cidades cosmopolitas e a Grande Barreira de Coral. Traçamos-lhe um roteiro para lá ir, para fazer uma viagem de carro de 3500 quilómetros e partilhamos dicas que podem vir a ser úteis.

Texto (e polaroides) de Ricardo Santos

Ir até ao outro lado do mundo não é fácil. Seja o orçamento elevado, médio ou baixo, a maior dificuldade é a distância. Afinal, estamos a falar da Austrália – a mais de 18 mil quilómetros de Portugal e sem voos diretos a ligar-nos. Outra questão que deve ser apreciada antes de se aventurar a comprar o bilhete é o tempo disponível. Uma semana não é nada, duas semanas é pouco, três é simpático e tudo o que seja mais do que isso já compensa.

Definidas essas duas vertentes, há que escolher o que se quer ver por lá. E aí está outro problema bicudo. É que a Austrália é o sexto maior país do mundo, com 7,69 milhões de quilómetros quadrados de área. Entre Brisbane, na costa leste e Perth, na costa oeste, há 4300 quilómetros de distância e, no meio, está o outback, a terra de ninguém. E assim se chega à primeira escolha: voar para onde?

Quanto mais direta for a ligação para chegar à Austrália, maior será o custo financeiro a pagar. Isto se, entretanto, nenhuma companhia conseguir comercializar uma tarifa recorde que dê cabo da concorrência. Vamos partir do princípio que isso não acontece e partimos a viagem em duas – ou três escalas. De Portugal para uma cidade europeia (Amesterdão ou Frankfurt, por exemplo) e desta, no mesmo dia, para a Ásia. Hong Kong, Banguecoque ou Singapura são três boas opções, já que permitem duas noites de descanso, de descobertas e de adaptação ao fuso horário.

Optámos pela capital tailandesa, onde há sempre o que fazer a qualquer uma das 24 horas do dia. E daí apontámos a Sydney, a cidade da Ópera, do porto e da ponte, com paragem de algumas horas em Singapura. No total, da saída de Lisboa à chegada à anfitriã dos Jogos Olímpicos de 2000, passaram quatro dias, duas das noites passadas em hotel e outras duas entre esperas em aeroportos e voos de três companhias distintas (KLM, Air Asia e Tiger Air). Há opções mais rápidas, claro, mas também mais dispendiosas do que os cerca de 850 euros investidos.

De Sydney até Port Douglas foram mais de 3500 quilómetros de estrada. E nem uma multa, o que é um feito num país com tantas regras.

Chegar a SYDNEY é sinónimo de alguma espera. O visto já tinha sido pedido (online), mas a fila da Imigração leva tempo a ficar curta. O pequeno interrogatório, após a apresentação da folha de papel (recomendável) onde está impressa a referência do visto, é cordial mas incisivo: de onde vem, o que vem cá fazer, se vem trabalhar, se tem passagem de regresso marcada são algumas das questões. Carimbada a passagem, é tempo de ir para o centro de Sydney, onde o preço dos hotéis é tudo menos meigo.

Depois das diversas etapas de viagem e tendo em conta o cansaço e o jet lag (são 11 horas de diferença horária), as primeiras duas noites de adaptação merecem ter hotel marcado com antecedência. Por menos de 150 euros é complicado encontrar um quarto duplo com casa-de-banho numa zona central de Sydney e num hotel de média qualidade. Optamos por um hostel referenciado pela maioria dos guias da especialidade. Como o Lonely Planet, por exemplo, ferramenta útil para uma viagem desta dimensão – ou qualquer outra que implique deslocação intercontinental.

A ponte da Baía de Sydney tem 139 metros de altura máxima e 500 metros de comprimento. Foi inaugurada em 1932 e pode ser percorrida a pé, pelo topo da estrutura.

O Maze Backpackers está vocacionado para um público entre os 18 e os 30 anos, mas é facilmente escolhido por viajantes até aos 50. Tem uma boa localização no Central Business District de Sydney, a menos de 15-20 minutos a pé dos principais pontos de interesse da cidade. Dada a elevada procura, o melhor que conseguimos foram 95 euros por noite com casa-de-banho partilhada, claramente um exagero para a qualidade oferecida, mas há ofertas online desde 50 euros por noite, desde que a reserva seja feita com antecedência e não calhe a um fim de semana. Independentemente disso, a higiene do local e a segurança não são postas em causa.

Descobrir Sydney é fácil. Um bom mapa – em papel para a velha guarda e/ou em jeito de aplicação para os mais adaptados à tecnologia – permite uma deslocação fácil e identificação das principais áreas. A Ópera de Sydney tem que ser a primeira escolha do programa. Além de ser o espaço mais visitado, fica na zona mais procurada e mais interessante de Sydney, o porto. A Ópera é um fenómeno na arquitetura. Projetada em 1959 pelo arquiteto Jorn Utzon foi considerada uma das maravilhas do mundo e a área circundante é visitada diariamente por milhares de pessoas. Tem café, restaurante e esplanada e a sua programação é de grande qualidade. Saiba tudo sobre a programação para 2019 em sydneyoperahouse.com.

No Porto de Sydney, além de aproveitar as esplanadas, poderá apanhar um dos diversos ferries que fazem ligação às ilhas em redor – viagens a partir de 7 euros. São mais de 100 praias alcançáveis desde o porto. Algumas das melhores encontram-se nessas ilhas, com destaque para Manly, Tamarama, Bronte ou a mediática Bondi. Ainda no porto, mas no lado oposto à Ópera, está o Museu de Arte Contemporânea e a Harbour Bridge, a ponte que também já se tornou imagem de marca e que foi inaugurada em 1932. Uma das experiências mais interessantes nesta cidade australiana é subir à ponte, com preços a rondar os 110 euros por pessoa. E sob a ponte, o bairro de The Rocks, onde diversas casas antigas dão algum encanto de antiguidade, já que foi aqui que nasceu a cidade.

A primeira noite na carrinha é passada a ouvir o mar. Será esta o meio de transporte, hotel e restaurante nas próximas duas semanas.

O primeiro impacto com Sydney poderá não ser o mais agradável – apesar do entorno natural em que está instalada. É que esta é essencialmente uma cidade de negócios, por vezes impessoal. Tão impessoal como boa parte das pessoas que a habitam e que a tornaram numa região urbana vocacionada para quem tenha rendimentos acima da média. Muito acima da média, se compararmos com a realidade portuguesa. Tudo muda, claro, se tiver alguém conhecido na cidade, que lhe mostre os cantos à casa.

Dois dias depois, é tempo de sair do centro. A primeira aventura é encontrar a sede da empresa Spaceships. Está em Botany Road, a seis quilómetros do coração da cidade. Há autocarros e táxis até ao local. Foi aí que levantámos a viatura que acabaria por nos servir de transporte, hotel e restaurante nas três semanas que se seguiram. Começamos por alugar a carrinha durante seis dias por cerca de 210 euros, mas acabaríamos por prolongar o aluguer por mais oito, num total de 14, por mais 305 euros. No total: 515 euros, o que dá cerca de 38 euros por dia. O valor não inclui a garantia. E aqui, todo o cuidado é pouco, porque é necessário apresentar um cartão bancário com aproximadamente 1900 euros de plafond disponível. Serve de garantia ou caução para o caso de alguma coisa correr menos bem. Tenha isto em consideração: ou tem o dinheiro disponível na conta ou não há carro-casa para ninguém.

Além do espaço de habitáculo para condutor e passageiro, a carrinha inclui área de cama de casal nos bancos traseiros e bagageira. Por baixo da cama encontram-se duas zonas de arrumação. Numa estão guardados dois fogões a gás (com garrafas descartáveis e totalmente seguras), tachos, pratos, copos e talheres, detergente para a loiça, panos e esfregão. Na outra está o frigorífico que carrega graças às duas baterias do automóvel. E não há motivo de dúvida – uma delas funciona para o motor, a outra apenas para o bendito frigorífico que mantém as bebidas frescas e os alimentos em boas condições para consumo. E é ao volante desta nova casa que nos pomos a caminho do norte, sempre pela costa leste australiana. Próxima paragem: NEWCASTLE.

Tem nome de norte de Inglaterra e à primeira vista parece ser essa a única semelhança, mas não é bem assim. A viagem desde Sydney é curta, cerca de 160 quilómetros no primeiro dia até ao local de dormida. Enganos no caminho, constante fiscalização da velocidade e obras na via tornam este o primeiro dia de adaptação ao carro, ao lado contrário da estrada e às mudanças automáticas.

Dormir numa carrinha em Newcastle é que é mais complicado, já que os sinais de proibição não o permitem. A aplicação Wikicamps é uma boa ferramenta para quem quiser fazer esta viagem de carro e tiver dúvidas quanto aos locais para estacionar e passar a noite (a pagar ou de forma gratuita).

De sydney até Port Douglas foram mais de 3500 quilómetros de estrada. E nem uma multa, o que é um feito num país com tantas regras.

Chegamos a Newcastle perto das 18h com a noite a cair, depois de uma viagem pela Pacific Highway. Chove, mas nada de especial. Vamos diretos ao porto e estacionamos com vista de mar. Por companhia temos uma carrinha dos serviços de higiene e limpeza da autarquia local. Os funcionários jantam um hambúrguer sentados nos bancos da frente. Trancamos a nossa “casa” e partimos à procura dos poucos restaurantes ainda abertos. A cidade é de dimensão média (cerca de meio milhão de habitantes) e é conhecida por ser um ponto de exportação de carvão (160 milhões de toneladas em 2017). A primeira noite é passada a ouvir o mar e a chuva. E no dia seguinte, bem cedo, seguimos viagem pelo estado de Nova Gales do Sul, passando por fazendas de gado e de vinha, adegas e quintas biológicas onde se pode comprar fruta e produtos hortícolas em honesty shops – não há empregado e cada um paga o que está marcado, sem que alguém o confirme. Fomos honestos.

Pelo caminho até PORT MACQUARIE (mais 244 quilómetros), a paragem seguinte, desviamos para compras num supermercado local – uma boa forma de manter o orçamento em níveis aceitáveis num país com um custo de vida bastante superior ao português. Começamos a dar uso aos fogões a gás para o pequeno-almoço. Passamos por Seal Rocks, uma praia que nos faz ter a sensação de que estamos mesmo na Austrália – há surfistas na água.

Port Macquarie é uma estância de férias, com várias enseadas, onde o rio Hastings encontra o Pacífico. Parece-nos demasiado impessoal e resolvemos andar uns quilómetros para trás em busca de poiso para a noite. Dada a falta de oferta de um local agradável para estacionar a carrinha e tomar um duche quente, optamos pelo Aparthotel Seychelles, a 60 euros por noite com cozinha equipada. E assim escapamos a uma noite de chuva forte de outubro.

No dia seguinte, esticamos a corda mais 150 quilómetros até COFFS HARBOUR, cidade costeira com 26 mil habitantes que duplica a sua população nos meses de época alta. Almoçamos com vista de mar, dando uso às frigideiras e aos produtos comprados no supermercado. Já há sol no céu e é mais animados que voltamos à estrada (mais 270 quilómetros) para chegar a um dos destinos mais aguardados desta viagem – BYRON BAY.

A ideia é descobrir a cidade hippie chic de que todos falam – viajantes, guias, internet – por isso vamos quase diretos ao campo de rugby Red Devils, a dois quilómetros do centro. Acampamos por duas noites, pagando 19 euros por noite com acesso aos balneários, sem eletricidade que não a das baterias da carrinha. É uma cidade que combina o universo do surf com o dos grupos de jovens que querem estar na moda. De hipsters a beautiful people, há de tudo. E isso reflete-se nas ementas dos restaurantes e bares, com preços mais elevados do que o normal: cerveja a oito euros, refeição para dois a rondar os 40. Os dois dias são passados fazendo caminhadas, descobrindo praias, dando mergulhos e aproveitando o tempo para curtir a área.

Mudamos de estado para Queensland, afastando-nos 94 quilómetros de Byron Bay, sempre para norte, em direção a Brisbane. E chegamos a GOLD COAST, mais concretamente SURFERS PARADISE. É um dos locais míticos do surf e vale a visita, mesmo para dois viajantes que nunca se puseram de pé em cima de uma tábua. Os impressionantes arranha-céus junto ao mar, os postos dos nadadores-salvadores, as escolinhas de surf, tudo parece saído de um filme. Conseguimos lugar para a carrinha (estacionamento a um euro por hora) e vivemos o momento por algumas horas. Gold Coast prepara-se para receber mais uma competição automóvel e as principais ruas deste circuito urbano começam a ser fechadas e rodeadas de bancadas. Aproxima-se o fim de semana de corridas, por isso seguimos caminho para BRISBANE, mais 76 quilómetros.

A gold coast, no estado de Queensland, é um dos ex-libris da costa leste australiana. Atrai milhares de turistas que vêm pelas praias e pelo surf.

É a terceira maior cidade da Austrália e capital do estado de Queensland. Tem 2,3 milhões de habitantes e é uma das mais dinâmicas cidades do país. Estacionar a carrinha e dormir na via pública não é permitido, por isso optamos pelo City Backpackers HQ, com uma excelente vista sobre a cidade e a cerca de 20 minutos a pé do centro. Pagamos 50 euros por noite em quarto duplo com casa-de-banho partilhada e estacionamento. No bar do terraço, uma cerveja média fica por três euros. Há coisas piores na vida.

No centro de Brisbane, vistas as principais ruas e atrações, sentamo-nos num dos mais emblemáticos restaurantes – o Jo Jo’s. Casa cheia, pratada de mexilhões, mais umas cervejas e voltamos a pé para a casa emprestada. Fazemos o primeiro balanço de despesas: gastámos 130 euros em combustível, sendo que encher um tanque ronda os 35 euros. Nem vale a pena fazer a comparação com o preço da gasolina em Portugal, senão ficamos já desmoralizados.

Brisbane tinha sido a primeira opção para largar a carrinha e seguir viagem em transportes públicos, mas afeiçoámo-nos à casa sobre rodas e prolongamos o aluguer por mais oito dias. Tudo tratado via telefone com a empresa Starships.

E é assim que regressamos à estrada para mais uma tirada até HERVEY BAY – 286 quilómetros. Pelo caminho paramos em Noosa Heads, zona de dunas, praia e casas de mais de um milhão de euros. O ambiente é tão refinado que nem colocamos a hipótese de dormir estacionados na rua. E continuamos para Rainbow Beach. O desvio de cem quilómetros tem a explicação de atravessarmos a Toolara State Forest e o Parque Nacional Great Sandy. A estrada é longa, deserta e rodeada por pinheiros e mata. O risco de encontros com animais é comunicado pelos sinais de trânsito e há vestígios à beira da estrada. Os cangurus atropelados vão surgindo de forma mais consistente, daí o pedido das autoridades para se evitar conduzir à noite. Não é brincadeira atropelar um destes animais, alguns deles com porte semelhante ao de um ser humano.

Na zona de Rainbow Beach há uma boa razão para parar, além de ser o porto de saída para a Fraser Island – a Carlo Sand Blow, uma massa de areia de 15 hectares sobre o mar a que se acede após uma caminhada de 10 minutos. Vale pela paisagem.

A praia continua selvagem. Não muito diferente do que terão visto visto os europeus que aqui chegaram no século XVIII.

Chegamos a Hervey Bay quase de noite, o que é um problema para quem gere os parques de campismo e caravanismo na Austrália. As regras são claras: depois das 17h a receção está fechada, não há check in para ninguém e os campistas não têm acesso às casas-de-banho e aos duches. Só na manhã seguinte. E é assim que acabamos por ir cobertos de sal e areia à procura de um restaurante em Esplanade, a avenida marginal de Hervey Bay. Jantamos no hotel Torquay: um frango à Kiev, fish and chips, duas cervejas e dois copos de vinho por 32 euros. Na manhã seguinte, embarcamos para observação de baleias corcundas ao largo de Fraser Island (65 euros por pessoa com almoço, lanche, chá, cafés, água e viagem). A experiência é incrível, com os enormes mamíferos a surgirem sem ter que se esperar muito.

A etapa que se segue é de 230 quilómetros até 1770 e AGNES WATER. O número é nome de cidade e data e local do segundo desembarque do Capitão James Cook na Austrália. Chegamos novamente de noite, quebrando a regra aconselhada pelas autoridades. Marcamos hotel por telefone (fica a sugestão de comprar um cartão à chegada à Austrália por cerca de 15 euros, suficiente para três semanas de viagem e com chamadas internacionais à mistura). O jantar é numa bomba de gasolina, porque os restaurantes deixam de servir por volta das 20h.

De manhã visitamos o local do suposto desembarque do primeiro europeu a chegar à costa oriental desta ilha que é um continente. A praia continua selvagem, dando a possibilidade de imaginarmos o que terão visto os navegadores que aqui chegaram no século XVIII. Aproveitamos, obviamente, o dia de praia antes de mais 270 quilómetros na casa-cama-restaurante até YEPPOON.

Passamos por Rockhampton, a capital australiana do bife (onde atacamos duas doses de canguru e duas cervejas por 60 euros) e no destino final do dia estacionamos a carrinha no lugar 11 do Beach Side Caravan Park. Junto à praia, com a música do mar por 30 euros/noite, entregamo-nos ao descanso pouco depois das 20h. É normal quando se acorda quase sempre antes das seis da manhã.

Está a chegar outro dos grandes momentos da viagem. Estacionamos em AIRLIE BEACH, depois de mais 500 quilómetros de condução, no X Base Camping. Lugar com eletricidade por 22 euros, bem perto da animação que é esta cidade que serve de ponto de partida e de chegada para os cruzeiros às inesquecíveis WHITSUNDAY ISLANDS. Na manhã seguinte embarcamos no catamaran para dois dias e duas noites a bordo, visitando praias de sonho e mergulhando no Mar de Coral. A Grande Barreira – em constante risco de destruição – é o chamariz. O cruzeiro fica por 340 euros por pessoa e vale cada cêntimo. Tudo marcado na véspera com a agência Happy Travels. Além do ambiente a bordo (30 pessoas de diferentes países), há a sensação de se estar num dos locais mais bonitos do planeta. E isso ninguém nos tira. O tempo passa a correr, tal como o cartão de memória da máquina fotográfica.

No regresso a Airlie Beach, é só tempo de pegar a campervan e seguir para TOWNSVILLE, mais 275 quilómetros até à cidade de onde se acede a Magnetic Island. O ferry custa 22 euros (ida e volta), mas a ilha não é assim tão impressionante. Vale pelos cangurus selvagens e por alguns locais para snorkelling. Ficamos meio dia por lá e voltamos à estrada para MISSION BEACH (mais 235 quilómetros). Optamos pelo Camping Coconut, onde os 25 euros da dormida dão direito a wifi gratuito.

Uma manhã de snorkelling na Grande Barreira de Coral custa 80 euros – que valem cada cêntimo, pela experiência única.

A viagem aproxima-se do fim. Os 20 dias de férias na Austrália levam-nos a passar Cairns, o local final da viagem e de entrega da carrinha, e seguir até PORT DOUGLAS. E que boa surpresa para terminar. Ficamos num parque de campismo por 22 euros, a dez minutos a pé do centro, dos restaurantes e do supermercado. Nas últimas compras, escolhemos peixe e camarão. Usamos a cozinha comunitária e provocamos a inveja dos restantes viajantes, concentrados nos seus petiscos sem grande aspeto ou sabor. O cheiro a peixe grelhado e massa com camarão fica no ar e nos nossos pensamentos até de manhã. É nessa altura que abrimos os cordões à bolsa para realizar mais um sonho: fazer snorkelling na Grande Barreira de Coral (uma manhã, cerca de 80 euros). Nadamos com tartarugas, vemos peixes grandes e pequenos, tubarões e corais. Ao voltar ao barco, uma surpresa: a aliança de casamento não vem no dedo. Haverá melhor local no mundo – e melhor desculpa – para a perder?


Reportagem publicada na edição de dezembro de 2018 da revista Volta ao Mundo (número 290).

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