De costa a costa

Num salta, passamos do Pacífico para o Caribe, ainda que aqui tudo leve tempo a alcançar. A culpa é das estradas de terra esburacadas, mas também da filosofia pura vida. Que é como quem diz: «Na Costa Rica, tudo vai bem. Demoremos o tempo que demorarmos, havemos de lá chegar.» Aqui cabem cinco por cento da biodiversidade mundial e 4,9 milhões de sorrisos. Um por cada tico que o habita.

Texto e Fotografias de Miguel Ribeiro Fernandes

Mapa do percurso pela Costa Rica.

É o início de mais uma manhã dourada e quente. A selva ainda mal acordou. Só a música cantarolada por Luís – o guia nicaraguense, costa-riquense adotado que proclama o seu amor às ticas e ao país que o acolheu há mais de 30 anos – corta o suave remurmurar das águas dos canais pantanosos do Parque Nacional Tortuguero.

A mini-Amazónia da Costa Rica, assim se chama à região de selva húmida plantada no norte da costa caribenha deste país da América Central, é casa de jaguares, manatins, crocodilos e caimões, macacos-aranha, iguanas, tucanos, rãs-de-olhos-vermelhos e, claro, das centenas de tartarugas-marinhas que, todos os anos, escolhem as areias negras e quentes das praias de Tortuguero (de onde mais haveria de vir o nome?) para desovar, entre os meses de julho e outubro. Neste sítio único é possível avistar quatrodas sete espécies de tartarugas-marinhas que existem. E é também o fim da nossa viagem.

Se começamos a história por Tortuguero – e já cá voltamos – é porque não conseguimos esquecer a melodia, melosa e desafinada, entoada pelo guia Luís. É mais uma das muitas, imensas, memórias sonoras que ficam da Costa Rica. Porque se este pequeno país é um manjar para a vista, também o é para a audição, tal a quantidade de sons extravagantes que nos entram pelos ouvidos. Porque a Costa Rica são as paisagens dos seus 26 parques naturais e outras dezenas de reservas protegidas, que ocupam um quarto do território nacional e fazem dele um raro e intocável santuário de fauna e flora, mas também a algazarra do despertar da selva, impreterivelmente por volta das seis da manhã, quando os macacos-uivadores (Alouatta palliata) decidem fazer jus ao nome e emitem sons guturais que se arrastam por vários quilómetros, assustando os turistas mais incautos.

Acordamos, numa das primeiras manhãs na Costa Rica, a norte de São José, nosso primeiro ponto de paragem, capital considerada a menos interessante da América Latina – prova de que este país, mais do que ter sido esculpido por mãos humanas, é uma obra de natureza que os homens têm sabido preservar. O uivo é perturbador, chega em ondas e traz com ele a ameaça de uma besta gigante, qual King Kong, pronta a atacar. Abrimos rapidamente a cortina da janela do lodge onde chegáramos no breu da noite anterior. O cenário é avassalador: à nossa frente ergue-se o gigante Arenal, 1670 metros de altitude impressos contra um céu azul. É o cartão-postal de um país que conta com sete vulcões considerados ativos e mais de uma centena inativos. Respiramos de alívio. Nenhum mamífero gigante nos ameaça. É só um pequeno uivador. Serão companheiros constantes da nossa viagem de costa a costa.

Pela terra dos vulcões

Contando mais de sete mil anos de vida, o Arenal, que fica a meio caminho entre o oceano Pacífico e o mar do Caribe, ainda é um vulcão jovem. Em 1968, uma grande erupção despertou-o de um longo sono, e não só deixou marcas de destruição e dizimou as aldeias mais próximas como também produziu, nas décadas seguintes, espetáculos diários de fumarolas e explosões incandescentes ao cair da noite. Até que sem aviso, em 2010, voltou a adormecer. Agora, pelo bosque que conseguiu sobreviver à sua fúria, é possível desbravar o terreno até cerca de oitocentos metros de altura seguindo os caminhos de lava solidificada.

Já no regresso, vemos Saúl Lanza, o encarregado daqueles trilhos, levando uma pequena preguiça para o meio do bosque. Avistou-a quando tentava atravessar uma estrada. Tal como a pequena preguiça, posa para a fotografia, orgulhoso do seu resgate e, no final, diz: «Foi a melhor coisa que me aconteceu hoje.» Na Costa Rica é assim. O amor à natureza é uma forma de vida, e por mais que os animais irrompam por todos os lados (porque irrompem) a todo o momento (também o fazem), ninguém lhes fica indiferente. Noutra ocasião, haveremos de parar na estrada porque um bando de coatis (pequenos mamíferos de nariz pontiagudo que habitam a América Latina) decidiu cortar a circulação para procurar comida e, connosco, estacionam também outras famílias costa-riquenhas, encantadas com o à-vontade daquelas criaturas aparentadas dos guaxinins.

A presença de guaxinins é uma constante. [Imagem: Miguel Ribeiro Fernandes]
Por agora, a única prova de vida do vulcão Arenal são as águas quentes, muitas vezes escaldantes, que descem pelas encostas. São várias as estâncias onde é possível nelas mergulhar e descansar das caminhadas. O Tabacón Thermal Resort & Spa é uma delas, com uma profusão de piscinas naturais, cascatas e cachoeiras, disputadas por gente de todo o mundo, unida por um traço comum: os dedos dos pés e das mãos engelhados à força dos banhos ininterruptos.

La Fortuna e El Castillo são as povoações mais próximas, no sopé do vulcão. Mas é a cidade Nuevo Arenal, na margem daquele que é o maior lago do país (com 88 mil quilómetros quadrados e criado artificialmente na década de 1970), que impressiona, tal a quantidade de estrangeiros que nela se encontram e que chegam com a promessa do melhor windsurf do mundo. Uma espécie de faroeste, mas pintado nas cores garridas tão próprias desta geografia, com o azul e o vermelho da bandeira da Costa Rica em destaque.

Na estrada que circunda o lago Arenal sucedem-se placas que anunciam a padaria alemã mais próxima ou o café israelita da localidade seguinte, e é possível avistar pequenos hotéis construídos à semelhança dos chalets suíços – e que servem de lembrança de que este é, afinal, um dos destinos turísticos mais procurados do mundo. Com praticamente cinco milhões de habitantes, a Costa Rica recebe cerca de três milhões de turistas por ano. É também um país à venda, onde abundam os anúncios de agências imobiliárias que propõem lotes com «vistas inesquecíveis» e uma vida de paz.

Nicoya, terra quente

Haveremos de ter saudades desta estrada, repleta de curvas mas, ainda assim, alcatroada e facilmente navegável. É hora de rumar às praias e mal sabemos o quanto a paisagem vai mudar. Só falta decidir para que lado. Com quase metade do tamanho de Portugal, a Costa Rica tem 51 mil quilómetros quadrados e, entrincheirada entre a Nicarágua e o Panamá, é um dos pequenos países que desenham aquela língua de terra que liga o México à América do Sul.

De um lado, uma linha do Pacífico com exatos 1016 quilómetros. Do outro, 212 quilómetros de Caraíbas. Entre um e outro, em linha reta, distam menos de duas centenas de quilómetros. Podiam ser meras coordenadas geográficas, mas não: conseguem dividir ao meio um país, tamanhas são as diferenças entre as duas costas. De um lado, os ticos de traços indígenas. Do outro, o crioulo e os rostos africanos, que aqui chegaram vindos da Jamaica, dos caribenhos.

A escolha recai na península de Nicoya, extensão de terra seca que entra pelo Pacífico, no norte do país. E aqui aprendemos que este é um país que demora tempo a ser percorrido (e nunca de noite, dadas as más condições do pavimento e a ausência de iluminação). Num dia, o pequeno 4×4 alugado levará mais de duas horas e meia para percorrer quarenta quilómetros, atravessando buracos que são crateras e cruzando rios. O melhor é planear a viagem, mas deixar espaço para a agenda derrapar.

Jaguares, manatins, crocodilos, caimões, macacos-aranha, iguanas, tartarugas-marinhas….a lista de animais não tem fim.

Em Nicoya, dividida pelas províncias de Guanacaste e Puntarenas, o verde da vegetação é camuflado pela cor de terracota que se agarra à vegetação e invade as casas à beira da estrada. É por estes caminhos de pó que atravessamos aquele que é o deserto da Costa Rica e conhecemos o modo de vida tico. «Pura vida!» é o lema deste país, serve a vez do natural «obrigado», também quer dizer «adeus» e é igualmente o cumprimento de todos os costa-riquenhos com quem nos cruzamos (além do nome da principal marca de cerveja do país). Vem sempre acompanhado de um sorriso.

As aldeias sucedem-se e, com ligeiras diferenças, parecem desenhadas a régua e esquadro. As casas, de madeira e com telhado de zinco, são baixas e, no meio do aglomerado, lá está a igreja, mais o campo de futebol que se enche ao final da tarde, depois de os mais novos saírem das aulas. As escolas também ocupam um espaço central na vida das povoações. A taxa de alfabetização ultrapassa os 96 por cento da população e a educação é uma das prioridades nacionais estabelecidas desde o final de década de 1940 – quando, depois de uma guerra civil que durou seis semanas e foi uma das raras irrupções bélicas na Costa Rica, se decidiu abolir o exército e desviar as despesas de guerra para aumentar os níveis de literacia, assim como preservar os ecossistemas naturais do país.

[Imagem: Miguel Ribeiro Fernandes]
A melhoria dos cuidados de saúde também foi uma das apostas, aumentando consideravelmente a esperança de média de vida dos ticos para cima dos 80 anos. Aliás, em Nicoya, uma das regiões mais despovoadas da Costa Rica, cinco por cento da população tem mais de um século de vida. Devem-no ao acesso à saúde, mas também a um modo de vida ancestral, fundado numa vida dedicada à agricultura manual, na alimentação baseada em cereais e fruta e na exposição moderada ao sol.

De praia em praia

E se é quente o sol de Nicoya. Facilmente, os termómetros atingem os quarenta graus Celsius. Aqui, não se estende a toalha ao sol para aproveitar o dia de praia, porque a areia, muitas vezes negra, é fogo. A segredo é procurar a sombra dos coqueiros e das palmeiras que, à boa imagem do Pacífico, pontuam o areal destas latitudes. Aí, descansamos ao som das ondas, gigantes e mais dadas ao surf do que aos banhos. Uma melodia de embalar desta viagem, assim como o ruído das verdes e largas folhas dos coqueiros a abraçarem-se umas às outras, consoante o ritmo do vento.

Seguindo o mapa da península, começamos a norte, pelas praias mais conhecidas, zona balnear escolhida por muitos norte-americanos. Não admira que uma das mais procuradas, Tamarindo, seja conhecida como Tamagringo. Fugimos, devagar, para sul. Playa Negra, Junquillal, Nosara ou Guiones tranquilizam com menos movimento, enquanto playa Carrillo, enseada de pescadores e gente local, oferece um dos mais belos pores do Sol do mundo – mesmo ao lado do Refúgio Nacional de Vida Silvestre Camaronal, onde desagua o rio Ora, trazendo por vezes os infames crocodilos. É também um local procurado por poucos, mas incautos, surfistas, que se lançam ao mar indiferentes aos avisos que dão conta das visitas esporádicas de tubarões. Continuamos: Bejuco, San Miguel, Coyote. Banhamo-nos ao princípio do dia, para aproveitar a frescura, as horas mais dolorosas do calor são para percorrer as estradas empoeiradas.

De um lado está o Pacífico, com 1016 quilómetros de costa. Do outro, 212 quilómetros de Caraíbas.

São quilómetros sem vivalma. Até chegarmos ao sul de Nicoya, terra prometida dos surfistas. A vida humana brota por todos os lados, nos caminhos empoeirados, por entre a gigantesca vegetação que nos serve de toldo. Gente a andar à beira da estrada. Gente a conduzir moto-quatro, motocicletas, jipes. Lojas de surf, prontos-a-vestir com a moda do mundo globalizado. Gente e mais gente. Jovens, filhos ao colo. Hippies, yuppies, hipsters, piratas urbanos, freaks, cosmopolitas. As praias de Manzanillo, Santa Teresa e Carmen são o centro do mundo na Costa Rica. Cool, descontraído, mas ainda assim cheio.

Antes de dobrar a ponta da península, encontramos sossego em Mal País, pequena povoação de pescadores. Ao fim de semana, os locais entram no mar para pescar à linha. É avistar cabeças a flutuar, de vez em quando braços no ar a atirar a linha. Os flamingos sobrevoam o festim de peixes e atiram-se a pique para engolir um, depois outros, mais um. Mal País esconde um segredo. É preciso entrar praticamente à socapa na Reserva Natural Absoluta Cabo Blanco, um bosque que mistura vegetação húmida e seca, para chegar a uma pequena enseada rochosa, de piscinas naturais. Água morna, caldo sem ondas, palmeiras de um verde triunfante, promessa de horas memoráveis. Há quem lhe chame playa Segredo, porque ainda o é (mas cada vez menos), há quem a trate por playa Suecos, porque foi gente estrangeira e loura que por ela primeiro se apaixonou.

[Imagem: Miguel Ribeiro Fernandes]

O ruído da selva

É Ruben, uruguaio de quase 50 anos que aqui chegou há vinte, que nos conta o segredo. Ele que, por cá, se apaixonou precisamente por uma sueca e decidiu assentar arraiais. É dono da Casacolores, hostel de oito casas de cores berrantes que servem de descanso aos estrangeiros que se esticam nas redes penduradas nos decks de madeira empoeirados. Em Montezuma, mesmo na base da península de Nicoya, terra de águas marinhas azuis cristalinas e cascatas fluviais interiores, construiu a sua família. Só saiu daqui para ver nascer os dois filhos, em Estocolmo.

Não que o sistema de saúde costa-riquenho não fosse bom, mas porque Catrina, a mulher, queria ter a mãe por perto. «À noite, não conseguia adormecer. Era o silêncio. Faziam-me falta todos os ruídos daqui», conta, num final de tarde, refrescando-se com cerveja, enquanto uma família de uivadores escolhe uma das árvores próximas à sua casa para os malabarismos. «É melhor do que qualquer programa de televisão», atira o anfitrião.

Montezuma, uma localidade de piratas, de bares onde se ouve reggae. É casa de dezenas de voluntários que se dedicam a cuidar dos ovos de tartaruga. Às quatro da tarde, o espetáculo é garantido e as multidões adensam-se para ver: as ínfimas carapaças que acabam de sair dos ovos são postas no areal e incentivadas a entrar no mar. O momento é solene. Das mais de setenta que, naquele dia, desaparecem enroladas pelas ondas, muito poucas hão de sobreviver.

Mesmo quem viaja em regime de tudo incluído deve guardar espaço para uma viagem de carro. De jipe.

Basta andar poucos quilómetros para encontrar Cabuya, um povoado de pescadores com duas mil almas. Brian é pai de três – Brandon, Donovan e a pequena Miraella, a única com nome tico. Com as suas mãos construiu um restaurante local à beira da estrada, que mostra orgulhoso. Fala de tudo, simpático, olha com orgulho para o filho do meio, 7 anos feitos, que passa a tarde a aterrorizar os clientes com vídeos do YouTube com ataques de tubarões e de crocodilos. Só não gosta de dizer que vive com a família numa pequena casa de madeira, sem grandes condições de habitabilidade, enquanto ganha dinheiro para construir uma de tijolos e argamassa. «Uns dois anos mais e fica pronta», conta.

Como muitos ticos que habitam Nicoya, veio de outras paragens costa-riquenhas, atraído pelas promessas do turismo crescente nestas praias. Está a construir o seu sonho. Esta terra, Cabuya, também é sua. Como seus são os rituais ancestrais que, por aqui, se continua a cumprir, como os funerais que ainda são feitos numa pequena ilha a um quilómetro de distância. Com a maré vazia, o cortejo fúnebre atravessa as águas, seguindo ao som de guitarradas e músicas alegres, até à ilha do Cemitério. «Um dia também quero ser enterrado aqui», diz Brian. Perto, fica o Refúgio Nacional de Vida Silvestre Curú, um espaço onde se pode fazer safaris para ver veados, crocodilos e jaguares. Dali é possível apanhar barcos para as ilhas Tortuga, para fazer snorkeling num mar de águas calmas, límpidas e cheias de peixes multicolores – e que, à noite, oferece o mais belo espetáculo de bioluminescência.

Adeus Pacífico, olá Caraíbas

Apanhamos o ferry para deixar a península e dizemos adeus a Nicoya. Cruzamos o país, em direção à outra costa. No Caribe, o clima é húmido, o calor cola-se ao corpo, a selva torna-se mais verde. Há música por todo o lado, sorrisos que se abrem. Foi perto de Puerto Limón, a maior cidade daquela costa, que Cristóvão Colombo atracou na sua quarta e última viagem às Américas, em 1502. Enquanto esperava pela reparação do navio, embrenhou-se na paisagem verdejante e chegou a trocar ofertas com indígenas da região, hospitaleiros.

Quando regressou, garantiu ter visto mais ouro ali do que em vários anos de expedições. Diz a lenda que o país lhe deve o nome, por o ter achado uma costa rica. Mas Colombo não mais regressou. E as promessas de ouro nunca chegaram a cumprir-se. Só em 1560 se estabeleceu como colónia espanhola, conhecendo a violência colonizadora: dos quatrocentos mil habitantes pré-Colombo, um século depois, apenas aí viviam vinte mil. Atualmente, só um por cento da população da Costa Rica é indígena.

O país não é todo igual. A natureza é constante, mas na zona do Caribe há (ainda) mais cor. Mais reggae.

Em Puerto Viejo de Talamanca, contrastante com apacatez relaxada do Pacífico, há agitação musical, ruas animadas, ventoinhas ligadas, vozes altas, casas de todas as cores, miúdos a jogar futebol na rua – e, claro, locais e estrangeiros com rastas a ouvir reggae de Bob Marley.

Em Moíns, a meio da costa, apanhamos o barco para Tortuguero. São três horas de caminho, a desbravar labirintos de canais de água castanha e pântanos, a avistar macacos, aves sonoras de todas as cores, caimões e crocodilos. E as histórias de Manoel, o Bigode, como é conhecido. Ancião respeitado, conhece esta geografia como a palma da sua mão. «Ou melhor», há de dizer. Outro nicaraguense que não quer outra casa senão a Costa Rica. Ao som da música cantarolada por Bigode, subimos rios acima, adormecendo ao som das batidas do seu barco contra aquelas águas escuras, por onde os olhos de crocodilo espreitavam. Enquanto a floresta húmida – e não há outro ponto tão húmido neste país como aqui – se adensa.

Paraíso verde

N a época da colonização, estes canais, que deram origem a dezenas de pequenas ilhas, foram construídos para servirem de rota de transporte para escoar café, banana, açúcar e coco, as principais exportações do país – até ao cais de Puerto Limón. Na primeira metade do século XX, tornou-se o alvo preferido dos madeireiros, que vendiam para fora as madeiras daí extraídas.

Uma atividade que se estendeu até os anos 1970, quando a última empresa fechou portas, sem que conseguisse delapidar a floresta húmida exuberante. Atualmente, o Parque Nacional Tortuguero é um dos mais ricos em diversidade animal, além de um dos mais visitados. Na época húmica, em poucos minutos, a água pode inundar tudo.

São 26 parques naturais e dezenas de reservas. Apesar do turismo (ou devido a ele) é feito um grande trabalho de conservação.

Virada para o mar das Caraíbas, revolto e cheio de paus, a praia de Tortuguero, de areia castanha-escura a provar a sua origem vulcânica, da mesma cor que o seu mar, exibe as provas de que aqui, entre julho e outubro, se faz a casa escolhida pelas tartarugas-marinhas para desovar – os gigantes buracos, cavados debaixo das palmeiras verdes, são obra dessas criaturas que, sobrevivendo a tudo e a todos,
incluindo tubarões e ao plástico com que o homem continua a poluir os mares, decidem que a vida é para continuar.

Luís, o nosso guia músico, acompanha-nos em várias incursões na natureza. Por terra, ou por água, entre canais estreitos até grandes lagoas. No fim de cada caminhada, haveria de subir a coqueiros para nos saciar com um refresco, que bebíamos com o som daquela selva como pano de fundo. Tan linda es mi Costa Rica


Guia de viagem

 

Documentos: Passaporte
Moeda: A Moeda oficial é o colón (CRC), mas podia não ser, já que o dólar americano (USD) é aceite em todo o lado.
Fuso Horário: GMT -6 horas
Idioma: Espanhol

Ir

Várias companhias têm voos regulares e charters para San José a partir de Lisboa, mas indiretos. A partir de Madrid, a Iberia oferece um voo diário direto. Outras ligações áreas, ainda que indiretas, podem ser oferecidas por companhias como a americana United Airlines.

Quando ir

Apesar de ser um país pequeno, o clima na Costa Rica pode variar bastante, consoante a época do ano e a região onde nos encontramos. Pode-se considerar duas estações: a seca (entre dezembro e abril) e a de chuvas (de maio a novembro). Mas conte sempre com calor (com exceção das zonas mais altas). Os meses de dezembro a fevereiro são os mais procurados por turistas.

Ficar

Arenal Lodge
A dois minutos das águas termais de Tabacón fica este lodge de 800 hectares, com uma vista magnífica sobre o vulcão Arenal, piscina e quilómetros de trilhos para explorar a natureza (a pé ou a cavalo).
Fortuna de San Carlos, província de Alajuela (a 200 metros noroeste da barragem do lago Arenal)
A partir de 100 euros
arenallodge.com

Casacolores
Cercada por uma vegetação exuberante, está localizada a apenas um quilómetro da praia de Montezuma. Oito casas de madeira, com decks e camas de rede, além de piscina e um pequeno-almoço confecionado pelo uruguaio Ruben.
KM 1, Oeste Montezuma, 60101, Costa Rica
A partir de 68 euros
casacolores.com

Lodge Margouillat
Construída pelas mãos do francês Thomas, este lodge familiar, perto da praia de Tambor (Nicoya), faz lembrar um resort de cinco estrelas, devido à beleza, à comodidade e à segurança. Cabanas de madeira com vista para a montanha.
Panica de Puntarenas, 60105 Tambor
A partir de 75 euros
lodgemargouillat.com

Visitar

Termas de Tabacón
Um resort termal, de cinco estrelas, com águas quentes aquecidas pelo vulcão Arenal. Além de hotel é também uma estância, que pode ser visitada por todos aqueles que querem experimentar as piscinas naturais, com cachoeiras, cascatas e pequenas lagoas.

Playa Junquillal
A meio caminho da costa do Pacífico, é uma povoação de pescadores. A praia, numa pequena enseada, é de águas calmas e dadas a banhos – uma raridade nestas paragens. Proporciona o mais belo pôr do Sol do mundo.

Montezuma
Ainda em Nicoya, é uma praia de águas azuis cristalinas, com verdejantes coqueiros no areal. A meio da tarde, a associação de conservação da natureza proporciona um espetáculo inesquecível, soltando as pequenas tartarugas, acabadas de sair dos ovos, para entrarem no mar.

Parque Nacional Tortuguero
Fica na costa caribenha um dos parques naturais mais conhecidos do país, conhecido como a mini-Amazónia. Pequenos canais e centenas de ilhas de vegetação húmida formam o perfeito habitat natural para preguiças, caimões, crocodilos e centenas de outras espécies.

Comer

A gastronomia típica é feita de pratos simples (mas ricos) e baratos à base de arroz, feijão, milho e banana, acompanhado por carne (vaca, frango ou porco) ou peixe, a que se dão o nome de casado. O gallo pinto é o pequeno-almoço local e uma instituição nacional, feito à base das sobras de arroz e feijão, a que se junta ovos (mexidos ou estrelados) e banana frita.

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