É uma relação especial, a que Dublin mantém com as suas estátuas. Não só pela quantidade de personagens que a capital irlandesa tem imortalizado, mas também pelas alcunhas que os habitantes tendem a colocar-lhes, garantindo um vislumbre da identidade da cidade através das suas estátuas.

Artistas, políticos, cidadãos comuns: todos eles fazem parte da história que Dublin narra nas suas estátuas. Embora a relação seja séria e venha de longe, em 2017 ganhou novo fôlego com o projeto “Talking Statues” que, através de um sistema baseado em QR codes, permite aos visitantes escutarem, através do telemóvel, 10 estátuas da cidade, incluindo os escritores James Joyce, Oscar Wilde ou George Bernard Shaw, figuras políticas como Daniel O’Connell e James Larkin e até cidadãos (quase) anónimos, como as duas figuras femininas que compõem a icónica “Meeting Point”.

Muito antes destas estátuas ganharem voz, porém, já os cidadãos de Dublin as tinham adotado, dando a muitas delas um curioso conjunto de alcunhas. É o caso do monumento de 120 metros instalado no centro de O’Connell Street com o objetivo de revitalizar esta parte da cidade. Com o nome oficial de “The Spire”, a estátua rapidamente passou a “The Stiletto in the Ghetto” – uma versão mais moderada que o seu segundo nome, “The Erection at the Intersection”. O sentido de humor é, aliás, bem visível na maioria das alcunhas atribuídas aos monumentos pelos habitantes da cidade. Bom exemplo disso mesmo é a estátua de Anna Livia, uma das personagens do último romance de James Joyce, que personifica o rio Liffey e que, entre os locais, é conhecida como “The Floozie in the Jacuzzi”.

Muito antes destas estátuas ganharem voz, porém, já os cidadãos de Dublin as tinham adotado, dando a muitas delas um curioso conjunto de alcunhas.

Também a estátua do escritor, representado com uma bengala, tem direito a alcunha, “The prick with the stick”, e nem as duas mulheres com sacos de compras da “Meeting Place” escapam à língua afiada dos irlandeses, que as cunharam de “The Hags with the bags”. Mas talvez nenhuma outra estátua seja tão querida entre os habitantes da cidade como a de Molly Malone, a bonita vendedora de peixe que protagoniza a música popular que serve de hino oficioso da cidade e tem até um dia em sua honra (13 de Junho). “The tart with the cart” é uma das suas alcunhas, justificada pela crença de que Molly seria uma vendedora de dia e prostituta de noite, mas a lista continua, com nomes como “The Dolly with the Trolley” ou “The Trollop with the Scallops”. Se o fantasma de Molly ainda vagueia pelas ruas da cidade, como canta a música, é outra questão – mas a essa nem mesmo estas estátuas saberão responder.
Para conhecer todas as estátuas do projeto Talking Statues, basta visitar: https://www.visitdublin.com/see-do/talking-statues

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