Todos sabemos que um passeio solitário pode ser bom para arrumar as ideias – mas este homem foi mais longe e decidiu percorrer cerca de 10 mil quilómetros a pé.

Chris Lemanski é americano e tem 26 anos. Há pouco mais de ano e meio decidiu fazer uma viagem épica que mudaria a sua vida. Em abril de 2016, Chris achou que estava na altura de ultrapassar a depressão por que passava. Foi então que deu início à aventura da sua vida: viajar a pé desde a Turquia até Portugal e contar toda a experiência no seu blogue.

«No início, o maior desafio foi aprender a caminhar pelas estradas e ignorar os meus pés quando estavam cansados»

A viagem de Istambul a Lisboa durou 18 meses, tendo terminado a 15 de outubro de 2017. Durante aquele tempo, Chris usou as suas poupanças e tocou ukelele nas ruas para angariar dinheiro, tendo recorrido também a doações através do seu blogue.

«No início, o maior desafio foi aprender a caminhar pelas estradas e ignorar os meus pés quando estavam cansados», contou Chris à Lonely Planet. «Quando me habituei a sentir-me desconfortável, os obstáculos pareceram-me menores, e por isso comecei a aproveitar todos os desafios físicos que surgiram a seguir. A partir daí, os meus maiores constrangimentos passaram a ser mentais, mas eles apenas poderiam ser resolvidos se não encarasse as situações com grande seriedade. Houve um pensamento que comecei a achar reconfortante – «o pior que pode acontecer-me agora é morrer num estranho acidente, mas, mesmo que isso acontecesse, não teria nada com que me preocupar porque já estaria morto. Por isso, para quê dar importância a este tipo de questões?», afirmou.

«Simplesmente mantive os olhos bem abertos para as oportunidades que surgiam, certificando-me sempre de que tinha abastecimentos suficientes para o caso de acontecer o pior dos cenários»

Quando se sentia negativo, era essencialmente devido à fome, exaustão ou ao desejo de fumar um cigarro. «Precisava de encontrar lugares para acampar e dormir, para além de comida, mas depois de vários meses a atravessar as montanhas no leste da Europa, deixei de me preocupar com os recursos necessários. Simplesmente mantive os olhos bem abertos para as oportunidades que surgiam, certificando-me sempre de que tinha abastecimentos suficientes para o caso de acontecer o pior dos cenários», disse.

Chris apaixonou-se por este estilo de vida e começou a esquecer-se de como era a sua rotina antes de partir para esta viagem. As caminhadas passaram a ser a chave para a felicidade: «Não deixe que o medo do desconhecido o impeça de dar o primeiro passo e fazer a viagem da sua vida», aconselha a todos as pessoas que estejam com dúvidas entre o ir e o ficar. «Tudo o que pode fazer é preparar-se para o pior e admitir para si mesmo que, em muitos lugares e momentos, vai arrepender-se e odiar a viagem. No entanto, esses sentimentos desaparecerão quando andar mais 10 quilómetros. Fazer uma viagem destas a pé é como ler um livro com atenção redobrada. Pode demorar mais tempo a terminar do que estava planeado, mas os detalhes e as lições que aprende ficarão para o resto da sua vida».

«Sokobanja, na Sérvia, foi um dos locais mais bonitos onde já estive. Muitas paisagens naturais com tesouros escondidos para explorar»

«A Cordilheira dos Balcãs, na Bulgária, são absolutamente deslumbrantes. Foram das montanhas mais difíceis de ultrapassar e, na maior parte do tempo, o clima era caótico, mas a beleza das «Singing Rocks» e dos outros picos ainda está lá, à espera do meu regresso», conta. Já a viagem por França foi uma das suas experiências mais serenas: «A paisagem parece saída de uma pintura e, a cada 50 quilómetros, deparamo-nos com um ambiente completamente diferente e que nos convida a olhá-lo mais de perto».

No seu blogue, Chris relata a sua viagem a pé desde a Turquia até Portugal, e fala dos lugares de que mais gostou. Por exemplo, «Sokobanja, na Sérvia, foi um dos locais mais bonitos onde já estive. Muitas paisagens naturais com tesouros escondidos para explorar».

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