Paris, além das referências incontornáveis, merece ser conhecida pelos seus bairros históricos. Sugerimos um a norte do rio Sena: Le Marais. O bairro está entre o terceiro e o quarto arrondissement – dois dos vinte municípios que dividem a cidade – e é conhecido pela forte presença da comunidade judaica. Viveu tempos de decadência, mas hoje transpira vida graças às centenas de lojas e cafés modernos que aí se encontram. Entre ruas estreitas e pátios escondidos, cruzamo-nos com esplanadas e montras que dão cor à cidade, mesmo quando cinzenta. Vale a pena perder o norte e descobrir o que há a cada virar de esquina, mas, ainda assim, sugerimos alguns pontos de interesse.

Para começar

Uma boa opção para o primeiro passo do roteiro é na praça em frente ao Hôtel de Ville, o equivalente à nossa câmara municipal. Fica no limite inferior esquerdo do bairro e está bem perto do Centro Pompidou (centrepompidou.fr; 14 euros: acesso a tudo e válido por um dia). Aqui, os vários pisos futuristas levam-nos ao Museu Nacional de Arte e Cultura. Há exposições permanentes e temporárias de grandes nomes da pintura à fotografia, sem esquecer a escultura ou a arquitetura. A juntar aos teatros, biblioteca e zona de cafés. Tudo isto num edifício que ainda hoje divide opiniões quanto ao gosto arquitetónico. Desde os anos 1970, quando abriu, que é assim. No entanto, continua a ser um dos espaços mais procurados de França, com cerca de 3,7 milhões de visitantes todos os anos.

O Centro Pompidou é uma das referências de Paris desde os anos 1970. E manteve-se até hoje como um dos pontos culturais de maior relevância da Europa.

Rue des Archives

Atrás do Centro Pompidou surge a Rua de Rambuteau (no nº 14 fica a pastelaria Pain de Sucre), que num instante nos guia até à extensa Archives. Ali, no cruzamento das duas está o Musée des Archives Nationales, com muito por conhecer sobre França. A sul está a estreita Saint Croix de la Bretonnerie, com muita oferta. Na zona norte do bairro, aparece a Rua de Bretagne, bem mais larga, com esplanadas ao sol e vizinha do jardim Square du Temple.

Macarons desenhados à mão pelo «Picasso da doçaria» francesa podem ser encontrados e comidos neste bairro.

Pierre Hermé

No nº 18 da Saint-Croix de la Bretonnerie há uma loja de um pasteleiro que a revista Vogue francesa considerou ser o «Picasso da pastelaria». Por isso, vale a pena conhecer (ou «trincar») o trabalho da marca do artista Pierre Hermé, bem à vista nas vitrinas. Provem-se os famosos macarons desenhados à mão (2,10 euros cada), os bolos, as compotas, os bombons de chocolate, os gelados e os sorvetes.
Rua Saint-Croix de la Bretonnerie, nº18
Todos os dias, das 10h00 às 20h00
pierreherme.com

Comme a Lisbonne – Tasca

E porque comer verdadeiros pastéis de nata não tem de ser só em Portugal, está no Marais a Tasca do açoriano Victor Silveira, natural da Terceira. A cada 15 minutos sai uma fornada de pastéis e por dia vendem-se cerca de mil. Os turistas adoram este ícone da pastelaria portuguesa. Ali, como quem vai à Catedral de Notre-Dame, tal qual «como em Lisboa», para quem não resistir às saudades de casa.
Rua du Roi de Sicile, 37
De terça a domingo, das 11h00 às 19h00
Preço 2 euros (cada pastel de nata)
commealisbonne.com

É possível comer pastéis de nata em Paris. E descansar na deslumbrante e real Place des Vosges também.

Place des Vosges

A praça real mais antiga de Paris é uma das mais bonitas da cidade. Na Place des Vosges, o relvado recebe todos os dias grupos de amigos e boas leituras. Descansa-se à sombra de árvores adultas, rodeados de um cenário parisiense: os edifícios de tijolo – do século XVII – e telhados de ardósia, fontes, quiosques e comércio local nas arcadas. À saída, há outro recanto totalmente diferente: a escondida Place du Marché Sainte-Catherine. Ou a Rue des Francs Bourgeois para fazer compras.

L’éclair de Génie

A próxima paragem é na loja de Christophe Adam. O pasteleiro, com uma longa carreira que passou pela gourmet Fauchon, dá a provar verdadeiros éclairs de génio. Desde os gelados de pistácio e morango, baunilha de Madagáscar e nozes de pecã aos de figo, chocolate, caipirinha e caramelo salgado (o mais vendido).
Rua Pavée, 14
De segunda a sexta, das 11h00 às 19h00; Sábado e domingo, das 10h00 às 19h30
Preço: entre 5 e 6,50 euros (por éclair)
leclairdegenie.com

Os éclairs são uma das atrações deste bairro. Há os mais clássicos e os mais criativos, como o de caipirinha.

Roupa e café?

De volta à parte norte de Le Marais e ao jardim Square du Temple, vale a pena conhecer a loja que se divide em boutique e café – The Broken Arm. Há roupas de criadores com bom gosto, como Raf Simons, Cédric Charlier, Kenzo ou Carven e, ao lado, a escolha ideal para tomar um café e ou pequenas refeições.

Onde ficar

Hotel Saint-Paul Le Marais

A poucos minutos a pé do rio Sena, visita-se na área os museus Picasso e Carnavalet, a Catedral de Notre-de Dame e, bem mais perto, a mítica Place des Vosgues. O hotel de charme está instalado num antigo convento do século xvii.
Rue de Sévigné 8, Paris
TEL.: +33 148049727
Preço Quarto duplo a partir de 150 euros por noite
hoteis-paris-marais.pt

Hotel Emile

Está a um passo da Rua de Rivolli, uma das principais de Marais, paralelas ao rio e do centro histórico. Os quartos são espaçosos, modernos e bem decorados.
Rue Malher 2, Paris
Tel.: (+33) 142727617
Preço Quarto duplo a partir de 133 euros por noite
hotelemile.com/pt

Texto de Nuno Mota Gomes - Fotografias de Fernando Marques
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