A proximidade muda o ângulo. Aquilo que se passa em Espanha ou França (proximidade geográfica) e em Angola ou no Brasil (ligação linguística) é mais importante do que um qualquer acontecimento no Butão. É normal que assim seja. Mas será aceitável?
No fundo, partilhamos todos a mesma casa – um planeta – dividida por fronteiras humanas e físicas. E por muros religiosos, políticos e financeiros.

Nesta edição da Volta ao Mundo, vamos a cinco destinos que, à primeira vista, nada têm em comum a não ser o acaso de fazerem parte do alinhamento de uma mesma revista – a sua. Mas não é bem assim.
Graças a uma indomável vontade de correr o mundo e partir, há um elo entre eles: nós, os portugueses. No Brasil desde 1500, em França com a vaga de emigração da segunda metade do século XX, nos EUA com os açorianos que optaram por percorrer a outra metade do Atlântico, em Taiwan com os navegadores que em 1544 lhe chamaram Formosa e em Madagáscar, também em 1500, quando Diogo Dias avistou a ilha a caminho da Índia.

O que teria sido de nós, enquanto povo e cultura, se não tivéssemos andado pelo mundo? E o que teria sido dos outros povos? Provavelmente não se beberia chá em Inglaterra e não se comeria tempura no Japão. Vinicius de Moraes teria escrito sambas em castelhano, o fado e as mornas não seriam tão semelhantes, Os Lusíadas contariam apenas uma odisseia de Elvas a Lisboa ou do Porto ao Minho.
Tudo teria sido diferente. Nem melhor nem pior, só diferente. É na diferença que procuramos marcar a nossa posição. Na diferença de ir mais longe, de mostrar aos nossos leitores como, afinal, o mundo é muito mais pequeno do que aquilo que parece. E como, no fundo, somos todos muitos mais parecidos do que poderíamos pensar.

Redação
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Manuel Trindade

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