Quem já viajou a bordo de um navio de cruzeiro, de certeza que lhe passou pela cabeça pensar no que será a infelicidade de cair ao mar. A verdade é que esse perigo acontece. Segundo dados divulgados pelo site Cruise Junkie, desde 2000 já caíram 270 passageiros e membros da tripulação que navegavam num navio de cruzeiro ou num ferry. O registo mais alto foi em 2015, com um total de 27 pessoas. Esta semana a notícia da turista britânica recolhida ao largo da ilha da Madeira, que tentava nadar até ao seu navio, trouxe de volta o tema.

A probabilidade de conseguir sobreviver depende de muitos fatores, principalmente da temperatura da água do mar e do estado de agitação em que está. O especialista Simon Boxall, oceanógrafo na Universidade de Southampton, em Inglaterra, diz que «os primeiros segundos são os mais críticos». «Se alguém cair de uma altitude elevada, não só corre o risco de partir um membro do corpo assim que colide com a água, como vai expulsar o ar todo e muito rapidamente perde a flutuação», acrescenta.

Outro perigo é o choque térmico e que leva a pessoa a ficar aflita, engolindo água e tornando-se ainda mais suscetível ao afogamento. De acordo com o professor Mike Tipton da Universidade de Portsmouth, especialista em sobrevivência e que escreveu o guia “Essentials of Sea Survival”, 60% das mortes em mares gelados ocorre nos primeiros minutos em que se cai. E mesmo que esteja sob observação atenta, o tempo da manobra do navio poderá já ser tarde demais.

Não é, por isso, surpreendente que há mais hipóteses de ser resgatado vivo nas Caraíbas do que nas águas frias do Mar do Norte. Estima-se que em águas a rondar os 5ºC, as vítimas tenham cerca de 60 minutos antes de atingirem um estado de hipotermia. Para os 10ºC aumenta para duas horas e para os 15ºC a esperança ronda as seis horas.


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No entanto, as águas quentes também têm o seu lado negativo. Segundo o professor Tipton, «quando as temperaturas ultrapassam os 25ºC há o perigo do ataque de tubarões, ainda que seja uma situação extremamente rara». Acrescenta, também, que «um dos maiores problemas é a pessoa ter a consciência que o pior lhe poderá vir a acontecer.»

A dica que deixa para evitar a paranoia é tentar manter a calma e dessa forma deixar-se flutuar. Procurar uma posição suportável, usando apenas as pernas e mantendo os braços junto ao corpo. É aconselhável para tentar manter o máximo de calor, mesmo em águas abaixo dos 25ºC, já que a pessoa, ao tentar exercitar-se para aquecer, obtém o resultado oposto. Se conseguir flutuar em mares calmos aumenta a probabilidade de ser descoberto pelas equipas de resgate. Sempre a tentar não pensar que «para as embarcações de salvamento, encontrar alguém que caiu ao mar é como procurar uma agulha num palheiro», disse Boxall.

Por isso, conseguidos ultrapassar os terríveis primeiros minutos, «o segredo é manter a calma e ter sempre na cabeça o pensamento positivo», aconselha o professor Tipton. «Até porque em mares que rondem os 15ºC, a pessoa poderá conseguir aguentar seis horas, o que é uma longa expetativa de sobrevivência, lembrando-se sempre de que nunca poderá perder a força mesmo quando está a ser resgatado».


O Diário de Notícias adianta que cada vez aparecem mais contradições na história de Susan Brown, de 65 anos, a turista inglesa que espantou meio mundo por se ter atirado ao mar, no sábado, no Funchal, para ir atrás do paquete “Marco Polo” onde julgava ir o marido – quando este tinha, afinal, tomado o voo da Easy Jet para Bristol, onde vivem. Afinal, a versão que Susan contou à capitania do Funchal , de que às 20.30 de sábado, quando estava no aeroporto, viu o navio turístico passar, é desmentida pelo relato de uma testemunha local que a essa hora viu a turista inglesa na igreja de São Pedro, no Funchal, a participar na missa pascal. Esse relato foi reproduzido no “Diário de Notícias da Madeira”.

Afinal, a idosa não pode ter estado quatro horas a nadar e a boiar ao largo do Funchal atrás do paquete Marco Polo, tendo sido resgatada pouco depois da meia-noite de domingo por pescadores. É que a missa em que participou durou das 20.00 às 21.30 e pelas 22.00 foi vista a caminhar num passeio marítimo em frente à igreja de São Pedro.


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Por NMG - Fotografias Direitos Reservados
Fonte: The Telegraph
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