Um grupo de amigos, um sítio distante de casa, do trabalho, das preocupações. Dias de férias para aproveitar, sítios para conhecer, noites para explorar. Imaginar uns dias de férias com amigos é suficiente para nos deixar a todos a levitar por uns segundos, mas a verdade é que nem sempre a concretização é tão idílica como se imaginava em teoria.

Para início de conversa, passar 24 horas por dia com pessoas com quem habitualmente estamos por períodos de tempo bem mais reduzidos – um jantar, um copo ou dois, uma tarde na esplanada – pode revelar características (para não dizer feitios) que desconhecíamos nos nossos amigos. O que está sempre atrasado – e que faz com que em vez de se ver dois monumentos na mesma manhã se consiga ver um (e a correr); o que não pára de falar dele próprio e monopoliza todas as conversas; os que se furtam a dividir o combustível do carro alugado adiando sempre para o dia seguinte a divisão das despesas… Enfim, uma série de coisas pouco ‘amigáveis’ que ameaçam tornar a experiência tormentosa e (quase) ansiar pelo regresso ao trabalho.

Para que isso não lhe estrague as férias tem duas opções, que podem ficar definidas à partida:

1. Quem acordar primeiro vai andando, os outros chegam quando puderem (ou quiserem). Assim ninguém se chateia e ninguém cria expectativas irreais.

2. Sinceridade com quem monopoliza as conversas. ‘Olha, nós adoramos ouvir-te mas ‘bora dar espaço para todos falarmos um bocadinho?’. São amigos não são?

A questão do dinheiro é sempre a mais complicada de gerir, por isso o ideal é que a esse nível fique tudo bem claro antes da partida, que é coisa que raramente acontece porque o entusiasmo domina o grupo e as conversas difíceis ficam ‘para depois’. E o depois é quando já se está a quilómetros de casa e quando todos já estão à porta daquele restaurante mesmo típico sobre o qual leram na net, um retrai-se e diz que só tem dinheiro para comer numa cadeia de fastfood… todos os dias. Na maioria dos casos o grupo – que não quer perder a oportunidade de experimentar a gastronomia local – acaba a dizer ‘deixa lá isso, nós pagamos a tua parte’… Por isso não se esqueça: o guião (quer dos sítios a visitar quer do ‘budget’ para gastar em comida e bebida) deve estar definido antes do avião levantar voo, esse é o principal segredo para umas férias com amigos.

Também pode aperceber-se que nem todos os seus amigos têm os mesmos hábitos de higiene. Que o desodorizante ficou em casa e mesmo depois de correrem a cidade toda à hora do calor não há aguinha que banhe aqueles corpos. Como dizer que o cheiro está ligeiramente incomodativo? Pode sempre oferecer-se para emprestar gel de banho mas corre o risco de ser mal interpretado e a viagem terminar logo ali…

Aliás, muitas viagens de grupo acabam por tornar-se experiências solitárias precisamente por causa das divergências que vão surgindo.

Alexandra Martins - Fotografia Shutterstock
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