Mahé

O céu parece paralelo ao meu corpo deitado. O céu é uma superfície plana e o meu corpo, à sua frente, com a mesma perfeição regular, também é uma superfície plana. Apresentam-se um ao outro, querem conhecer-se. Ao boiar na piscina do hotel, respiro lentamente. Agora é um momento separado de toda a história, aqui é fora do mundo. Não consigo sequer nomear o que existe longe daqui, as palavras desfazem-se no meu espírito.

No céu, há nuvens a desfazerem-se da mesma maneira, restam apenas alguns fios que vagueiam numa direção certa, à mesma velocidade. Sem aviso, o céu é atravessado por pássaros brancos, de caudas longas. A sua pressa não interfere com a passagem deste tempo, são pássaros quase transparentes. A meu lado, levanta-se um monte, os diferentes tons de verde aumentam ainda mais a vida dessa cor, são folhas de muitas plantas misturadas, como labaredas de verde, como um monte enorme coberto por um incêndio verde. Do outro lado, a piscina entorna-se, formando um espelho de água lisa. Logo depois, o oceano Índico é uma paisagem sobreposta: a piscina, o oceano e o céu, como uma gradação subtil de silêncio e beleza.

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Texto de José Luís Peixoto - Fotografias de Rafael Reigota e Paulo Barata
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