Roteiro de Munique: saiba o que visitar na capital da cerveja

Não há dia em que os surfistas não entrem nas águas frias do rio Eisbach. Tornaram-se uma atração: afinal, ninguém espera ver gente de prancha debaixo do braço em plena cidade. Indiferentes às muitas fotos tiradas desde a ponte da Prinzregentenstrasse, perto da galeria de arte contemporânea Haus der Kunst 1, limitam-se a apanhar ondas sem chocar com os muros. Apenas uma das muitas surpresas de Munique, terceira maior cidade alemã e capital da Baviera, mais famosa pela trilogia futebol, automóveis e cerveja.

Os fãs da bola têm como atrativo o FC Bayern Erlebniswelt, museu instalado na Allianz Arena 2, obra assinada pelos reconhecidos arquitetos Jacques Herzog e Pierre de Meuron; os apreciadores das quatro rodas têm à disposição o museu e o centro de vendas da BMW. Está repleto de modelos que fizeram a história da marca e da própria indústria automóvel. Fica perto do Parque Olímpico 3 que recebeu a competição em 1972. Hoje tem um oceanário e serve de palco para concertos. Já a cerveja bebe-se por todo o lado, mas sabe ainda melhor nos Biergärten (ou jardins de cerveja). Seja no Viktualienmarkt 4, o mercado da cidade, onde tanto se pode comprar as inevitáveis salsichas como frutas exóticas, ou num qualquer parque verdejante. Importante é conhecer o código: mesas com toalha obrigam a consumo além da bebida, se não têm toalha significa que o cliente pode trazer a sua própria comida.

E cerveja é o que mais há na afamada Oktoberfest 5. Em 2015 foi visitada por cerca de seis milhões de pessoas – daí o título de maior festa do mundo – e foram consumidos 7,7 milhões de litros. Com origem na festa de casamento do príncipe Luís da Baviera com a princesa Teresa da Saxónia, em 1810, este ano começa a 17 de setembro e prolonga-se até 3 de outubro. Não faltarão bandas, comida e desfiles de trajes tradicionais. Aliás, a população faz questão de aderir orgulhosamente ao dress code, investindo em vestidos, chapéus ou em calças de couro. É uma grandiosa celebração popular e quem pretender esperar até lá para visitar a cidade deve fazer reserva de hotel com significativa antecedência – ou seja, agora.

Roteiro de Munique: saiba o que visitar na capital da cerveja

A cerveja reina mas há um bar que oferece 25 tipos de chocolate quente. Também existem muitas alternativas à comida tradicional. Munique vale a visita, sobretudo agora que conta com novos voos low cost à partida do Porto, Lisboa e Faro.

Nas alturas

Na Marienplatz, coração da cidade, a Neue Rathaus 6 (ou Câmara Municipal) é um imponente edifício do fim do século xix com uma torre de 85 metros que vale a pena subir – há elevador – para espreitaro centro e, com bom tempo, os Alpes, a cerca de 80 quilómetros. Às 11h00, 12h00 e 17h00 é tempo de a contemplar do exterior: quase no topo, figuras encenam um «bailado» que conta estórias da História local ao som dos sinos. Outro bom miradouro é a torre da Igreja de São Pedro 7, o mais concorrido apesar de ser necessário subir 300 degraus.

Artes e História

Kunstareal, ou área das artes, reúne vários museus, entre eles a Alte Pinakothek 8, com pintura europeia do século XIV ao XVIII (acolhe obras de Rembrandt ou Leonardo da Vinci); a Neue Pinakothek 9, com arte do final do século XVIII ao início do XX; e a Pinakothek der Moderne 10, maior museu de arte moderna alemão que, além de trabalhos de Kandinsky, Picasso e Warhol, entre outros, possui áreas dedicadas à arquitetura e ao design. Neste quarteirão situa-se também o Centro de Documentação para a História do Nacional-socialismo 11 inaugurado em 2015 no local onde em tempos funcionou a sede do partido liderado por Hitler.

Surf no jardim

Munique possui um dos maiores parques urbanos do mundo, o Englische Garten 12, criado à semelhança dos jardins ingleses em finais do século XVIII. Hoje conta com vários Biergärten e é local de eleição de famílias em passeio domingueiro, ciclistas e outros desportistas: no Eisbach 13, afluente do Isar, há sempre surfistas a exibir os seus dotes graças a um desnível criado no leito do rio que origina ondas desafiantes.

100 anos de BMW

Fãs de automóveis apreciarão a visita (gratuita) ao BMW Welt 14, centro de vendas da marca sediada em Munique. Os clientes vêm aqui levantar o carro novinho em folha, os visitantes podem apreciar vários modelos, de Mini dos anos 50 a Rolls Royce de mais de 400 mil euros que irão juntar-se às coleções de sultões e jogadores de futebol. Também acolhe um restaurante com duas estrelas Michelin, o EssZimmer. Em frente fica o museu BMW 15 que exibe mais de 120 automóveis, motocicletas e motores. Comemorando o centenário do grupo, o Estádio Olímpico será palco do Festival BMW de 9 a 11 de setembro.

Regresso ao passado

A dividir uma bonita praça com o Teatro Nacional e a Ópera, a Residenz 16 foi residência de duques e reis entre 1508 e 1918 e quase totalmente destruída na Segunda Guerra Mundial. Conta com 130 divisões repletas de tapeçarias, obras de arte, porcelanas, pratas, joias e peças muito especiais como a coroa da realeza bávara. Um pouco mais distante, fica o palácio barroco de Nymphenburg 17, residência de verão dos monarcas, outra agradável visita, sobretudo pelo jardim ornamentado com estátuas, fontes e lagos.

Delícias tradicionais

Fundada pelo duque Guilherme V em 1589, a fábrica de cerveja Hofbraeuhaus 18 tornou-se numa das mais concorridas cervejarias de Munique. Empregados de trajes tradicionais andam num rodopio para servir os milhares de clientes que aqui passam diariamente para beber uma caneca e provar as iguarias típicas – como joelho de porco ou Weisswurst, as salsichas brancas – ao som de música ao vivo. Mozart e Lenine passaram por aqui, tal como Hitler, que apresentou o seu manifesto no salão do segundo andar.

Mais tranquilo e elegante, frequentado pelos cantores da vizinha Ópera, ministros e outras personalidades, o Spatenhaus 19 é mais uma referência. A ementa integra tradicionais pratos de carne assim como peixes e uma simples mas memorável salada de batata. Com serviço atencioso, Franziskaner 20 é outro restaurante onde provar a conhecida cerveja homónima e a gastronomia local. No regresso, ainda pode experimentar mais petiscos tradicionais na Airbrau, cervejaria também com produção própria situada no aeroporto.

Quarto musical

O hotel Schiller 5 21 cujo nome remete para o nome da rua, Schillerstrasse, mas é também uma homenagem ao poeta Friedrich Schiller, fica perto da estação de comboio que o traz do aeroporto e a curta distância a pé do centro. Melhor ainda, os quartos (diárias desde €144) têm minicozinhas onde pode preparar refeições. O atendimento é especialmente caloroso: as boas-vindas são dadas pelo proprietário, joalheiro de 86 anos que decidiu aventurar-se no mundo da hotelaria aos 75. Aos hóspedes da ala mais recente está reservada uma grande surpresa: a porta do WC funciona como coluna à qual pode ligar o telemóvel, permitindo que oiça as suas músicas preferidas durante o duche! Sim, leu bem, a porta emana som e de ambos os lados.

O bairro cool

Em tempos associado à comunidade homossexual, Glockenbach é um bairro especialmente aprazível com lojas originais onde designers vendem as suas criações (no centro imperam as marcas globais) e artistas exibem a sua arte. Na Galerie Raffaele Celentano 22, é possível adquirir telas com imagens deste fotógrafo italiano radicado em Munique. Também há bares e cafés charmosos, como é o caso do Trachtenvogl 23 que serve refeições ligeiras e 25 tipos de chocolate quente. E cerveja, claro.

Mais informações
www.simply-munich.com

Agradecimentos

Roteiro de Munique: saiba o que visitar na capital da cerveja

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A Transavia oferece voos para Munique à partida do Porto (ida desde 39 euros), de Faro e, a partir de 30 de maio, de Lisboa (ida desde 49 euros em ambos os casos).
transavia.com

Texto de Teresa Frederico - Fotografias Direitos Reservados
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