“Quer tenha sido apelidado em vida de grande líder revolucionário ou ditador, Fidel Castro estará para sempre ligado à história do século XX e de Cuba. Mas, depois de uma década afastado do poder por motivos de saúde, a sua morte já não traz a incógnita de outrora. El Comandante morreu na madrugada de ontem, aos 90 anos, mas ao leme dos destinos da ilha está o irmão, Raúl Castro”. Lê-se no Diário de Notícias de hoje, no destacável de 12 páginas sobre o líder histórico cubano.

A Cuba de 1959, ano da revolução, e a de agora mudou muito. A esperança de vida aumentou, o desemprego diminuiu, a taxa de literacia está nos 99,9%, o número de turistas por ano passou de 750 mil para mais de 3 milhões.

A Volta ao Mundo testemunhou os últimos ventos de mudança na ilha caribenha. Com ou sem norte-americanos, com ou sem os irmãos Castro, Cuba será sempre muito mais do que um ensolarado resort socialista para estrangeiro ver.

O mundo está curioso com o que passa em Cuba. Havana está diferente. Tudo está a ficar diferente desde que Barack Obama retomou uma mudança de política de relações diplomáticas entre os dois países. Em março, Obama cumpriu a sua primeira visita oficial a Havana: o primeiro chefe de Estado americano a visitar a ilha em 88 anos. No dia 1 de setembro, ficou na história o primeiro voo comercial entre os EUA e Cuba – depois de mais de cinquenta anos sem ligação aérea. Ainda que a reaproximação entre os dois países vizinhos, separados por 150 quilómetros, se espera que continue, a política do sucessor da Casa Branca, Donald Trump, é pouco previsível.

“Para alguns, a morte de Fidel Castro é a oportunidade para o irmão, Raúl, prosseguir a aproximação aos EUA sem a sombra do homem que gostava de chamar à América o ‘inimigo imperialista'”, lê-se no DN. A questão que se levanta são as dúvidas sobre o rumo desta relação após a vitória de Trump. O republicano deu sinais contraditórios na campanha, admitindo que “pretende voltar a encerrar a embaixada americana em Havana e prometeu ‘renegociar’ o acordo para a normalização das relações com a ilha”. Também a mensagem de Donald Trump, logo após se ter confirmado a morte de Fidel, foi dura. Escreveu no Twitter: “Fidel Castro está morto!”. Obama está prestes a passar a pasta a Trump, a quem caberá tomar uma posição sobre o futuro do embargo…


“São figuras que, quando morrem, continuam a viver”, diz Johana Tablada de la Torre, Embaixadora de Cuba em Lisboa, em entrevista hoje ao DN. “Há um ideal, um pensamento. O impacto em Cuba fundamentalmente tem que ver com o compromisso renovado das novas gerações para continuar a fazer de Cuba um país melhor, como ele sempre quis.”


 

A não perder

Cuba é um dos países mais procurados por turistas de todo o mundo. Com algum receio do que possa vir a acontecer, vários operadores turísticos passaram a ter à venda pacotes especiais para «conhecer o país do regime castrista». Com o turismo em massa é inevitável que alguns dos locais mais procurados comecem a transformar-se para dar resposta à procura. E isso tem aspetos positivos e negativos, como a melhoria das infraestruturas ou a perda de identidade.

Leia a reportagem da Volta ao Mundo em Cuba.

 

 

Por N.M.G. - Fotografias Direitos Reservados
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