Brígida Scaffo nasceu em 1949 em Montevideu. É embaixadora do Uruguai em Lisboa desde 2015. Fala português.

Embaixadora do Uruguai em Lisboa desde novembro de 2015, Brígida Scaffo gosta de relembrar que a história do seu país está ligada à de Portugal, sobretudo porque uma das cidades foi fundada em 1680 por portugueses e ainda preserva uma arquitetura que a distingue de outras marcadas pela traça espanhola.

«Colónia de Sacramento é um local aonde gosto muito de voltar. É aconchegante. A cidade tem sido restaurada e desde que a UNESCO a classificou como património desenvolveu-se muito o turismo», destaca a diplomata, nascida em 1949 em Montevideu. «Na escola ensinam-nos que Colónia foi um sítio que Portugal e Espanha estavam sempre a disputar.

Os portugueses ganhavam-na através de negociações, mas a seguir os espanhóis reconquistavam-na», acrescenta Brígida Scaffo. Situada no rio da Prata, a cidadezinha sempre teve grande valor estratégico. Portugal, implantado no Brasil, queria uma praça-forte mais a sul, que lhe desse acesso à via marítima que permite chegar perto dos Andes, na época famosos pelas minas de prata. Mais tarde, quando por causa das invasões napoleónicas a corte se mudou para o Rio de Janeiro, D. João VI conquistou todo o atual Uruguai, que foi perdido em 1825 pelo Brasil já independente, depois de uma guerra com a Argentina. Em 1828, as potências reconheceram o pequeno país, que ficou assim entre dois gigantes.

«Nós uruguaios somos os maiores comedores de carne do mundo.»

Hoje com 3,5 milhões de habitantes, o Uruguai faz boa figura entre os países latino-americanos. A economia beneficia muito da agropecuária, com a carne bovina a ser de grande qualidade e muito exportada, apesar de os uruguaios serem «os maiores comedores de carne do mundo». A China é o principal parceiro comercial, importando sobretudo arroz. O país está entre os primeiros da região em desenvolvimento humano. É também menos corrupto e menos afetado pela criminalidade.

O anterior presidente, José Mugica, deu protagonismo mundial ao Uruguai por viver modestamente. Era até chamado de presidente mais pobre do mundo. Segundo a embaixadora, não se tratava de marketing. «Mugica sempre viveu como pensa.»

Formada em Economia e Relações Internacionais, Brígida Scaffo iniciou a carreira diplomática em 1979. Teve vários postos na Argentina e no Brasil e antes de vir para Portugal era cônsul em São Paulo. Viúva, está em Lisboa com uma filha estudante. O filho, arquiteto, vive em Nova Iorque.

Conheceu Lisboa em 1976. «O que mais me impressionou foram os Jerónimos», relembra. Hoje gosta muito da zona de Belém, até porque se confessa uma apaixonada pela história e, sublinha, «Portugal foi pioneiro nas Descobertas. Foi uma visão incrível. Eram muito aventureiros».

Do Uruguai destaca a música, do tango ao cadombe, do samba à milonga. E para visitar, além de Colónia de Sacramento, recomenda Punta del Este, «o mais charmoso balneário da América do Sul. É um local de belas praias e casas com grande requinte».

 

Por Leonídio Paulo Ferreira
Fotografias de Gerardo Santos/GI