Tesouros do Chile vistos pelo Embaixador em Portugal.
Por Leonídio Paulo Ferreira

Com um território que se estende por mais de quatro mil quilómetros ao longo do Pacífico (euma largura média de apenas 177 quilómetros), o mar não podia deixar de influenciar a cultura chilena, a começar pela gastronomia. Germán Guerrero, embaixador em Portugal, elogia os mariscos, com destaque para los locos, um molusco parecido com as lapas mas bem maior. «Recomendo ainda a santola austral, de carne muito saborosa», acrescenta o diplomata, que está em Lisboa desde outubro de 2014, sublinhando que «tudo vai melhor com um bom vinho chileno». Também se come peixe, como os meros pescados a grande profundidade nas águas frias do Sul, e carne de qualidade, se bem que a geografia tenha feito dos chilenos uns sul-americanos bem menos carnívoros do que os seus vizinhos argentinos.

Germán Guerrero é embaixador em Portugal desde 2014. É casado com María Luisa Concha e tem um filho e dois netos.

Germán Guerrero, que conheceu Lisboa quando veio supervisionar o pavilhão do Chile na Expo’98 e logo ficou «encantado com a cidade», é um diplomata experiente, de 62 anos, que foi embaixador em Cuba, na Costa Rica e no México. Também esteve colocado, nos primeiros tempos da carreira, na Colômbia, na Venezuela e na Argentina. Nascido em Santiago, formou-se em Direito pela Universidade do Chile, na capital, e a seguir em Relações Internacionais na Universidade Fundación Jorge Tadeo Lozano, em Bogotá, na Colômbia.

O diplomata recomenda a visita a Santiago, Valparaíso e Viña del Mar (todas na mesma região), à zona dos Lagos e à Patagónia, onde se encontra o estreito de Magalhães, batizado com o nome do navegador português do século XVI. Germán Guerrero não se esquece também de falar da ilha de Páscoa, onde esteve no âmbito de visitas oficiais, e de um outro local mítico chileno, o deserto de Atacama.

«É uma zona desértica maravilhosa. É o deserto mais árido do mundo, mas tem os céus mais limpos do mundo. Em Atacama são 350 dias por ano de claridade», descreve o embaixador, falando de um crescente «turismo astronómico » e também da cooperação científica internacional que permite ao Chile ter no seu território os mais potentes telescópios.

«Recomendo, além dos locos, ainda a santola austral, de carne muito saborosa.»

Diplomata desde 1974, um ano depois do golpe em que Augusto Pinochet derrubou Salvador Allende, Germán Guerrero foi testemunha de «como mudou para muito melhor a perceção do Chile quando acabou a ditadura e foi reposta a democracia» com a presidência de Patrício Aylwin a partir de 1990. «Foi um orgulho a transição chilena. Um momento histórico difícil, gerido com muita sabedoria por todo o mundo político chileno», sublinha o embaixador.

Hoje, o Chile é uma sólida democracia e surge na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU em 42.º, um lugar à frente de Portugal. Em 2018, celebra os 200 anos da independência conquistada à Espanha. «Nós, chilenos, construímos uma nação », salienta o embaixador.