Os turistas estrangeiros em Barcelona tiveram hoje alguma dificuldade em visitar a cidade inundada por milhares de manifestantes pacíficos, estudantes na sua maioria, que expressavam a sua indignação contra a violência utilizada pela polícia espanhola no referendo de domingo.

«Não há táxis, nem sequer o metro está aberto, para nos podermos deslocar e visitar a cidade», queixou-se à agência Lusa a brasileira Nady Almeida acompanhada pela mãe, que tinham acabado de chegar de Lisboa, «onde tudo estava pacífico».

Dezenas de milhares de pessoas, estudantes na sua maioria, encheram hoje o centro da capital da Catalunha numa manifestação pacífica para criticar a violência da polícia utilizada no referendo de domingo e pedir a independência da Catalunha.

As esplanadas da famosa Rambla de Barcelona estavam a meio do dia cheias de turistas a olhar incrédulos para os estudantes pacíficos que se deslocavam em grupos para os locais de concentração previstos.

Na Praça da Catalunha, o barulho feito pelos estudantes era de tal ordem que uma guia de turistas com um altifalante não se conseguia fazer entender.

«Estou muito bem aqui e acho que sair da União Europeia é uma muito má ideia», confidenciou Felipe Rousset, um francês reformado a viver em Barcelona há alguns meses: «Quando vejo o que se passa, apetece-me ir para Portugal, como alguns amigos fizeram», acrescentou.

Os estudantes apoiavam a «paralisação geral» convocada pelos sindicatos e outras associações cívicas catalãs como resposta à «violência desproporcionada da atuação da Polícia Nacional e da Guardia Civil» em várias assembleias de voto no referendo de domingo, considerado ilegal pelo Estado espanhol.

«Acho que os estudantes não estão bem informados. O separatismo nunca é a resposta e a União Europeia precisa de mais união e não de separação», considerou o norte-americano Brad Simon a olhar para os manifestantes que enchiam a avenida.

Este turista vindo do outro lado do Atlântico não parecia ter dúvidas de que uma eventual independência iria ser «muito negativa para a economia espanhola e catalã»: «São uns idealistas», concluiu.

Governo apoia a indendência da região

O Governo catalão sustentado por uma maioria parlamentar que apoia a independência da região organizou no domingo um referendo ilegal muito polémico em que apenas 42% dos eleitores foram votar para decidir, por esmagadora maioria, que desejam ser independentes de Espanha.

A consulta foi boicotada pelos movimentos e partidos que não apoiam a separação da Catalunha de Espanha, apesar de muitos deles também defenderem a realização de uma consulta popular na região, mas feita de acordo com as regras aceites por todos e não apenas de uma das partes.

A votação de domingo foi marcada pela intervenção da polícia espanhola, que tentou encerrar alguns centros eleitorais, uma ação que teve momentos de grande violência que passaram nas televisões de todo o mundo.

Os resultados finais do referendo são impossíveis de certificar com as garantias normais para consultas deste tipo e não têm a homologação internacional.

O chefe do Governo catalão, Carles Puigdemont, vai nos próximos dias levar os resultados da consulta ao parlamento regional para decidir se declara a independência da região que neste momento é uma das 17 comunidades autónomas espanholas.

No início da tarde, com a maior parte dos transportes em greve, era possível ver dezenas de turistas a arrastarem as suas malas para tentarem chegar, sem saber muito bem como, a uma rua aberta ao trânsito onde pudessem apanhar um táxi que não tivesse aderido à paragem de trabalho e que os levasse ao aeroporto ou à estação de comboios.

Lusa


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