Tem fama de ser uma cidade cinzenta, mas é impossível aborrecermo-nos em Bruxelas. Revelamos-lhe os melhores lugares da capital da cerveja e do surrealismo.
Como é que se pode considerar aborrecida/chata uma cidade cujos pratos estrela são as batatas fritas e waffles? A cerveja e o chocolate complementam uma dieta que tem tanto de atraente quanto calórica, mesmo que seja mais típica de um apartamento de estudantes do que da cidade sede das instituições europeias. Bruxelas é assim mesmo, contraditória e surreal. E, sim, divertida. Falta apenas derrubar preconceitos, começando pela gastronomia.
Algo tão simples como um cone de batatas fritas ascende à categoria de delicatessen em lugares como a Maison Antoine, na praça Jourdan, e o chocolate é tratado como um verdadeiro artigo de luxo. As lojas de Pierre Marcolini são conhecidas como “joalharias de chocolate” e a Neuhaus é comparada à Rolls Royce. Ambas disputam o protagonismo nas Galerias Saint-Hubert, uma elegante rua comercial que se liga à Grand Place e onde a sua doce presença eclipsa o resto das montras.
A Bruxelas mais autêntica está nas cervejarias, onde os membros do Parlamento vão após as sessões plenárias. Existem algumas históricas, como a À la Mort Subite, ou icónicas, como o Delirium Café, que possui o recorde mundial por oferecer o maior número de cervejas diferentes, mais de 3000. Pode-se provar dos mais variados tipos, até mesmo de chocolate ou speculoos (bolachas tradicionais belgas com especiarias). Mais uma vez: abaixo os preconceitos!
As cervejas de chocolate não são a única extravagância do Delirium. Muito perto da sua entrada encontra-se a Jeanneke Pis, a versão feminina do emblemático Manneken Pis. O seu animal de estimação, Zinneke Pis, encontra-se na esquina da Rue du Vieux Marché aux Grains e da Rue des Chartreux. As estátuas mais famosas da cidade contradizem a sua reputação de séria.
Os ‘trajes’ do Manneken Pis
É o símbolo de Bruxelas e provavelmente uma das estátuas com mais guarda-roupa do mundo. Os mais de 900 trajes que já vestiram os seus 61 centímetros de altura encontram-se expostos no museu Garde Rob
O surrealismo teve uma presença muito forte em Bruxelas. Em agosto, celebraram-se os 50 anos da morte de um dos precursores do movimento, René Magritte, cujo museu é um dos mais reconhecidos da cidade. O artista belga questionava a relação entre a realidade e a representação e convidava a observar a realidade como as crianças, com surpresa e inocência. Sem ideias preconcebidas. Como o nosso percurso.
O Museu Magritte reúne mais de 200 obras do artista de “Ceci n’est pas une pipe”, mas isso não o torna o museu mais ‘surrealista’ da cidade. Ao divertido Centro Belga de Banda Desenhada aliam-se outros tão específicos como o Museum of Original Figurines (MOOF), o Museu dos Candeeiros Públicos (Musée du Réverbère) ou o da Esgrima. O mais colorido é o novo museu de design do Atomium, o ADAM (Art and Design Atomium Museum), cuja coleção permanente de Plasticarium reúne mais de 2000 obras (de plástico) de cores atraentes. E depois há as suas ruas: Tintin, Astérix e outros dos conhecidos heróis das vinhetas ocupam enormes muralhas nas fachadas de alguns edifícios do centro. É a Rota da Banda Desenhada, um verdadeiro museu ao ar livre para percorrer de cone de frites na mão. É outra das formas a que Bruxelas nos desafia: fazer da diversão uma arte, renegando a sua imagem séria, surpreendendo-nos como Magritte.
Artigo original da autoria de Passenger6A
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