Ver um surfista completamente equipado, prestes a apanhar uma onda, quando a praia mais próxima fica a 400 km, não é comum. Contudo, Munique não é uma cidade comum.

Por isso mesmo se explica que todos os dias se veja alguém com com um wetsuit e uma prancha de surf a entrar nas águas frias do rio Eisbach. O que não quer dizer que seja uma visão que passe despercebida, especialmente porque os flashes das máquinas fotográficas se sucedem, para captar o insólito destas paragens – para mais tarde recordar noutras.

Quem se torna fotógrafo desportivo de improviso aproveita a ponte da Prinzregentenstrasse como ponto estratégico, mas como a maioria destes fotógrafos são turistas de visita à cidade, é normal que a paragem seguinte seja a galeria de arte contemporânea Haus der Kunst, ali bem perto. É uma dicotomia que espelha bem a aura de Munique, a capital da Baviera, casa de futebol, automóveis e cerveja (e muito, muito mais).

Vamos começar pelos carros e por mais uma história insólita. Uma das marcas de automóveis mais conceituadas, com um daqueles logótipos que toda a gente reconhece, mesmo que não saiba distinguir um SUV de um roadster, nasceu em Munique com o nome Bayerische Motoren Werke AG. O seu símbolo simboliza os rotores de um avião, para os quais produziu motores até 1919, até lhe ser proibido continuar essa linha de produção. O passo seguinte mais lógico? Construir bicicletas, pois claro. Mas na verdade, passada apenas uma década, o tal símbolo das hélices azuis e brancas foi colocado no capot de um carro e podemos dizer que foi aí que nasceu, verdadeiramente, a BMW, que vê a sua história bem contada no museu que é vizinho do Olympiapark, o Estádio Olímpico de Munique, que por si só também merece uma visita. Para além da história deste mítico fabricante bávaro, o museu também acolhe um restaurante com duas estrelas Michelin, o EssZimmer.

Óperas de casa de banho
Munique é também conhecida pela sua cultura, nomeadamente a ópera. E por isso mesmo seria de esperar que o seu Teatro Nacional fosse um ícone que superou todos os testes do tempo, mas a verdade – aquela coisa dura e fria com que por vezes somos confrontados – é que desde a sua construção original, o Nationaltheater Münche já foi destruído. Duas vezes. Ainda assim a sua arquitetura é marcante, e conjuga-se na perfeição com a Residenz que fica mesmo ali ao lado, com o seu complexo museológico onde outrora habitou a realeza.

É uma dicotomia que espelha bem a aura de Munique, a capital da Baviera, casa de futebol, automóveis e cerveja (e muito, muito mais).

Infelizmente, não será provável que passe aqui as suas noites, mas temos uma sugestão agradável: a casa de um joalheiro. Ou melhor dizendo, o novo projeto de um joalheiro de 86 anos, que resolveu mudar de área de negócio e abriu o hotel Schiller 5 21, cujo nome remete para o nome da rua, Schillerstrasse, mas é também uma homenagem ao poeta Friedrich Schiller. Os quartos têm minicozinhas onde pode preparar refeições, mas a piéce de resistance é mesmo a porta dos WC nos quartos da ala mais recente. No fundo, é uma gigantesca coluna bluetooth, com a qual pode emparelhar o telemóvel, para ouvir as suas músicas favoritas (ópera, porque não?) enquanto toma um duche e se questiona se também seria capaz de surfar sem ter uma praia por perto.

Reserve já a sua viagem!

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