Entre as mil e uma vozes do Grande Bazar, oferecendo cubinhos de doces de pistácio a quem passa, e os olhares das pessoas ou dos pombos chegados do céu, Istambul é um deslumbramento caótico de vida e de emoções.

Há em Istambul mundos simultâneos e, às vezes, sobrepostos. Não é preciso caminhar muito para se passar de um a outro. Ainda com o sabor de um mundo, passos depois já se está noutro, como quem atravessa um portal para outra realidade.

Ruas de gente sem pressa
À noite, a Praça Taksim é atravessada por grupos de gente que se demora. Esta é a praça onde as manifestações acontecem, centro simbólico de Istambul. Mas às onze da noite, é difícil imaginar essa multidão aguerrida. Entre carrinhos a vender pirâmides de castanhas assadas, deambulam rapazes e raparigas, homens de bengala e casais jovens a ensinar os filhos a andar de bicicleta.

Seguindo essa maré, ao fim de poucos metros, descobrimos a vibrante Avenida Istiklal. Com quase três quilómetros pedonais, a avenida enche-se todas as noites de famílias, a apreciar doces em colheradas lentas. Não é para menos: a Avenida Istiklal é por natureza um lugar de gula, onde imperam montras cheias de baklavas e torres de bolos, brilhantes de mel. O cenário das pequenas ruas em volta não é diferente: como labirintos perpendiculares, há esplanadas cheias de gente, música, vozes sobrepostas, a língua incompreensível e o caos da festa.

Entre o passado e o presente
A Basílica de Santa Sofia e a Mesquita Azul estão separadas por alguns metros e mil anos de história. Da imponência de uma à imponência da outra, passamos por onde caminharam tantos antes de nós: a consciência de que somos pequenos perante o espaço e o tempo.

Com a exceção de cinco décadas do século XIII, em que chegou a ser católica romana, a Basílica de Santa Sofia foi catedral de Constantinopla até ao século XV. Em 1453, o império otomano transformou-a em mesquita. Assim ficou até à sua secularização, em 1931, passando de seguida a museu.

A Basílica de Santa Sofia e a Mesquita Azul estão separadas por alguns metros e mil anos de história.

A Mesquita Azul, construída pelos otomanos no século XVII, sempre foi muçulmana. É obrigatório descalçarmo-nos. As mulheres têm de cobrir a cabeça. Impera-se a discrição com as máquinas fotográficas, há gente a orar. O azul dos mosaicos de Iznik preenchem-na com uma atmosfera muito própria, ambiente de paz.
No nome, o azul serve para facilitar a vida aos turistas, já que os turcos apenas lhe chamam Sultanahmet Camii, Mesquita do Sultão Ahmed, que foi quem a mandou construir, com o propósito de suplantar a beleza e a grandiosidade da Basílica de Santa Sofia.

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