Há uma casa onde o romance não acaba, apenas conquista o seu espaço na história. Há uma casa de portadas verdes em que amar é honrar as artes. Há uma casa em Paris, onde mais?

Existem dois quadros do pintor Delacroix – um exposto no Museu do Louvre, outro exposto no Museu Ordrupgaard em Copenhaga – que na verdade retratam apenas uma cena. Um casal de enamorados, ele ao piano e ela a emocionar-se com a música. Mas porquê separar este casal? A resposta curta é que a pessoa que tomou posse do quadro, após a morte do artista, simplesmente considerou que os dois retratos seriam mais rentáveis em separado, do que se partilhassem a mesma tela. Mas há muito mais nesta história que tem Paris como cenário principal, e dois nomes que moldaram as artes do nosso mundo.

Vamos começar pela casa, no número 16 da Rua Chaptal, no nono arrondissement parisiense. Fica aos pés da encosta de Montmartre e é uma casa de dois pisos, com uma pequena estufa, um pequeno jardim e um pequeno quintal empedrado. Por estes dias, é conhecido como o Museu da Vida Romântica e isso deve-se, em grande parte, ao facto de Chopin ali se ter apaixonado por George Sand, um escritor famoso do século XIX, que fumava cachimbo e tinha uns braços delicados e sensuais. E se esta frase pareceu confusa prepare-se, porque George Sand era a imagem feminina do quadro de falámos no início deste artigo.

O Museu da Vida Romântica é principalmente um elogio a esta mulher, Amantine Lucile Dupin, que escolheu usar um nome masculino, assim como roupas de cavalheiro, para retratar o mundo em romances aclamados e pequenos contos que emprestavam uma perspetiva única. Mas não foram só os feitos literários que colocaram George Sand na história e nas bocas da sociedade parisiense. George Sand amou, e muito. As suas paixões incluíram vários escritores, artistas, notáveis viajantes e o talentoso pianista que – embora não tenha sido o último da lista – terá sido o mais importante.

Neste pequeno, mas encantador museu de Paris, é possível ver várias recordações da vida preenchida de George Sand e de várias outras personalidades que frequentavam este autêntico caldeirão cultural que era a casa do nº 16, Rue Chaptal. Vidas que ficavam interligadas, pais que deixaram a casa para filhas, filhas que conheceram os seus maridos num dos encontros literários, amantes que pintavam as suas paixões e as paixões que se tornavam musas que ainda hoje se estão vivas a cada bater de um martelo nas cordas de um piano de cauda.

O Museu da Vida Romântica é principalmente um elogio a esta mulher, Amantine Lucile Dupin, que escolheu usar um nome masculino, assim como roupas de cavalheiro, para retratar o mundo em romances aclamados e pequenos contos que emprestavam uma perspetiva única.

Entre um chá e uma madeleine, que se podem tomar no pequeno jardim das traseiras do museu, rodeados de roseiras, podemos perceber que não há cidade mais adequada para receber um museu dedicado quase exclusivamente ao impacto que o amor entre dois seres humanos tem para o resto da humanidade. Paris é para os amantes, mesmo os que não ficam juntos até à morte. O amor não se acaba com a vida, é algo que Sand e Chopin nos ensinam, o amor fica nas páginas de “Um inverno em Maiorca” ou num prelúdio em Mi menor. O amor, ou pelo menos o romance, tem uma morada. É uma casa sem pretensões, de portadas verdes, numa rua de Paris.

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