Santa Marta e Parque Tayrona

Rodrigo de Bastidas desembarcou na baía de Santa Marta, em 1525, com cinquenta colonos e outras tantas cabeças de gado. Decidiu afundar o navio e não ir a mais nenhum lado. Ao contrário de outros conquistadores ibéricos sedentos de terras e de escravos, Bastidas deixou-se hipnotizar pelos encantos das praias adornadas por picos nevados. O seu único desejo foi que o deixassem ali ficar para o resto da vida.

É compreensível. Quase quinhentos anos mais tarde, deixamo-nos contagiar por uma espécie de febre caribenha cujos sintomas mais comuns são a vontade de celebrar a vida e uma atração magnética pela natureza. Como o entendemos, señor Bastidas! Há quatro diferentes classes de lugares nesta terra: os indiferentes, os que perduram na memória, os que nos impelem a uma segunda visita e os que ficam reservados como potenciais locais de refúgio se a vida nos tratar mal. Santa Marta faz parte do último lote. Se um dia desaparecermos, é em Santa Marta que nos podem encontrar.

Só esperamos não ter o mesmo destino de Bastidas. O explorador sevilhano acabou assassinado por conspiradores invejosos da fortuna existente na cidade por ele fundada. Santa Marta foi saqueada e destruída 29 vezes durante o primeiro centenário, mas não lhe conseguiram roubar o encanto. Falta-lhe o esplendor da arquitetura colonial de Cartagena das Índias, a mais famosa cidade do Caribe colombiano, mas a lacuna é compensada pelo passeio marítimo à sombra de palmeiras e com vista para o mar sereno, pelo melhor clima do país e pela música incessante que pauta o menear de ancas na caminhada descontraída dos seus moradores.

Santa Marta é a cidade mais antiga da Colômbia e a segunda da América do Sul. Por aqui, entre a montanha e o mar, vivem cerca de 500 mil pessoas.

«Quando alguém aqui chega, não se quer ir embora», diz Alvaro Guerrero, 28 anos, que há quatro chegou de Bogotá. Fundou a Sky Studios, empresa que está prestes a lançar o santamarta.com, uma plataforma que vai permitir saber tudo sobre a cidade, desde a agenda cultural à marcação de tours e de quartos. «Levanto-me e deito-me às horas que quero, posso beber um copo na praia quando saio do trabalho e, nos fins de semana, tenho a montanha, cascatas, mar, tudo o que desejo, nas redondezas.» Enquanto os subúrbios de quase todas as cidades do mundo são aberrações de tonalidades pardas, aqui o arrabalde é um apêndice do paraíso – o sítio para onde Adão devia ter fugido quando a serpente chamou Eva.

O mapa de Santa Marta assemelha-se a um tabuleiro de batalha naval, com interseções numeradas entre carreras (ruas paralelas ao mar) e calles (perpendiculares). No bairro piscatório de Pescadito (Peixinho), dependendo da sorte, pode dar um tiro no porta-aviões ou meter água, ou, de uma forma simplificada, passar um tempo fenomenal ou estragar as férias. É que o Pescadito é o bairro a que os colombianos costumam chamar olla (panela), ou seja, uma zona povoada por traficantes. Nem nós nem os taxistas de Santa Marta o vão aconselhar a passar por lá, principalmente se levar consigo objetos apelativos para os «amigos do alheio». No entanto, é ali que se situam as tabernas mais tradicionais da cidade, pontos de paragem diária para os melhores músicos de salsa e vallenato – o estilo musical autóctone, recentemente reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, interpretado por acordeonistas. Foi também ali que cresceu Carlos El Pibe Valderrama, o melhor futebolista colombiano de sempre, que tem uma estátua na cidade. Radamel Falcão, ex-jogador do FC Porto, também é filho do bairro.

Numa tasca pintada de azul e amarelo, as cores da Aguila, a cerveja nacional da Colômbia, encontramos Jaricho Valderrama, pai do craque e também ele antigo capitão da seleção nacional de futebol. Está de tronco nu, exibindo uma grossa cicatriz no peito, a orientar um jogo de futebol entre as crianças da rua. «O meu filho e a minha mulher foram para apartamentos de luxo, convidaram-me, mas eu prefiro viver aqui», diz-nos. «Aqui ando à vontade, ensino futebol aos miúdos e estou com as pessoas simples, de quem gosto.» Saímos de Pescadito impressionados com a humildade de Jaricho, mas mais tarde dizem-nos que ele vive ali porque está metido em negócios obscuros.

Mesmo nas costas da marginal, fica o centro histórico. Aqui situam-se alguns dos edifícios mais emblemáticos de Santa Marta, como a Casa de la Aduana (Casa da Alfândega), uma majestosa construção de traço colonial datada de 1531 e tida como a primeira obra espanhola na América Latina. Desde 2014, alberga o Museu do Ouro e a sua coleção de mais de 600 peças fabricadas pelos Tairona, indígenas que habitavam a serra Nevada de Santa Marta. Numa airosa praça junto da Carrera 5 e da Calle 16, a Catedral de Santa Marta insinua-se aos visitantes. É um templo recheado de história; aqui repousam os restos mortais de Rodrigo de Bastidas e esteve também o corpo de Simón Bolívar, o maior responsável pela independência da América Latina, até ser transladado (continua na página 40) para o Panteão Nacional de Caracas, na Venezuela. Há quem diga que o coração do Libertador ficou escondido num recanto secreto da igreja.

A história de Bolívar está eternamente ligada a outro local de Santa Marta, perto da Universidade do Magdalena: a Quinta de San Pedro Alejandrino. Foi aqui que o herói independentista faleceu, às 13h00 do dia 17 de dezembro de 1830, com 47 anos. O local, criado no início do século xvii para produzir rum, mel e cana-de-açúcar, é hoje o principal monumento da localidade. A casa senhorial conserva o mobiliário e a decoração dos últimos dias de Bolívar (inclusive a cama em que morreu, forrada por um lençol com as cores nacionais da Colômbia) e conta ainda com o Altar da Pátria, um jardim botânico e o Museu Bolivariano de Arte Contemporânea.

Quando o Sol cora antes de desaparecer no horizonte e se solta uma brisa fresca na baía mais formosa da América, as ruas do centro enchem-se de vida. Os jovens povoam o Parque dos Namorados, enquanto nos cafés e nos restaurantes adjacentes os turistas deliciam-se com peixe frito com patacón (plátano frito), lagostins e marisco com molho de coco. A cerveja e a aguardente escorrem pelas gargantas secas. Optamos por uma loja de sumos naturais e não ficamos defraudados. A escolha de frutas é tão variada que transforma os pacotinhos de Bongo numa bebida aborrecida: lulo, graviola, amora, melão, banana, goiaba, manga, maracujá, papaia, ananás, tomate-de-árvore, zapote, granadilla. Feche os olhos e deixe cair o indicador sobre as opções.

Quando cai a noite, solta-se a cumbia, a salsa e o vallenato, os verdadeiros motores da vida no Caribe, e logo as primeiras silhuetas se agitam em bailes sensuais. Se tiver complexos de inferioridade, não se atreva a dançar com os locais. Tentámos e passámos o resto da noite à procura de pesos na sola dos sapatos. O remédio é aceitar as limitações genéticas.

Há quem veja na imagem de satélite de Santa Marta os cinco dedos de Deus decalcados nas encostas da Serra Nevada, a mais alta montanha costeira do mundo, com 5775 metros. Isto deu origem a uma piada: «Quando Deus acabou de fazer Santa Marta, recebeu uma visita de São Pedro, muito indignado. “Meu Deus, como é que deste a esta terra as praias mais bonitas, a montanha mais imponente e as águas mais quentes? Não é justo”, criticou o santo. “Calma, Pedro, porque agora vou lá pôr a pior gente”, respondeu-lhe o Senhor.»

A animosidade dos colombianos em relação aos samarios (habitantes de Santa Marta) não se justifica senão por inveja. São pessoas alegres, festivas e hospitaleiras, exceto os que estão já fartos de turistas. Esse fluxo maciço de visitantes desagua nas duas regiões balneares mais concorridas: Rodadero e Taganga.

Rodadero distingue-se por uma amálgama de torres e hotéis à beira-mar. Em época alta (dezembro e janeiro), consideramonos sortudos por encontrar uma clareira de areia no meio da selva de toalhas, barraquinhas, vendedores de bebidas e banhistas espojados. Há muitas colombianas a tirar selfies como só as colombianas o sabem fazer: ficam séculos diante do telemóvel, cabeça para a esquerda, cabeça para a direita, com a mão na anca, sem a mão na anca, até a chapa perfeita estar pronta para ser lançada no Facebook. É também de Rodadero que partem as lanchas para o Aquário, onde pode nadar com golfinhos, e para a famosa praia Branca. Subindo o morro da ilha, avistam-se maravilhosas praias desertas, mas sem acesso por terra. Dizem-nos que para lá chegar é preciso mais um punhado de pesos numa lancha privada.

Na ponta contrária de Santa Marta, encontramos a pitoresca aldeia piscatória de Taganga, que na etimologia indígena significa «serra das serpentes». É uma baía cercada por montanhas, onde as águas são mais azuis do que safiras e os cerros mais verdes do que esmeraldas. Os mochileiros, que nunca são parvos na escolha dos seus destinos, conquistaram Taganga: a pequena aldeia está hoje cheia de hostels, escolas de mergulho, agências turísticas e restaurantes italianos. A língua oficial é o inglês e as bancas de sumos têm letreiros traduzidos em hebraico, direcionados aos turistas israelitas acabados de sair do serviço militar obrigatório. «É, quanto a mim, um mau exemplo de exploração turística», diz o inglês Nick Bayly, investigador na organização ecológica Selva. «Há uma descaracterização total, com impacto ambiental e problemas relacionados com o consumo de drogas.» Este diagnóstico não se aplica a todos; Taganga pode ser a base ideal para a entrada no Parque Tairona, oferece alojamento funcional a preços económicos, é uma excelente escolha para turistas solitários fazerem amigos e é conhecida pelas suas épicas festas na praia. Mas é no fundo do mar que se esconde o seu maior tesouro.

Dos picos nevados, a quase seis mil metros de altitude, às águas quentes, a viagem é curta. A região de Santa Marta é um destino de constrastes.

A montanha submerge no oceano, proporcionando a formação de um ecossistema marinho onde todos os peixinhos do Caribe se vêm alimentar nos recifes de coral. «Já fiz snorkeling em muitas ilhas do Caribe e nenhuma delas tem tantas espécies de peixes como Taganga», diz Diana Restrepo, instrutora de mergulho. Durante uma hora vimos peixes e cores cuja existência desconhecíamos e rejubilámos quando alguns deles vieram debicar as algas que tínhamos nas mãos.

É o colosso geológico batizado como serra Nevada, omnipresente em toda a paisagem de Santa Marta, que confere as caraterísticas naturais únicas a estas paragens. Além de ser a única com cumes nevados junto à costa, tem um ecossistema de páramos fundamental para a formação de nascentes de água. É o berço de 33 rios e uma das grandes responsáveis por a Colômbia ser o segundo país mais biodiverso do mundo. Os kogui e os arhuacos, descendentes indígenas dos extintos tayrona, dizem que se a Amazónia é o pulmão dos mundo, a serra Nevada é o coração.

Para sentir o ritmo cardíaco da montanha, nada melhor do que uma visita a Minca, uma pequena aldeia a 650 metros de altitude e a cinquenta minutos de Santa Marta. As camionetas e os jipes que asseguram a ligação estão estacionados perto do mercado da cidade. Minca é paz, sossego e ar puro. Há cerca de uma dezena de hotéis acolhedores e ecohabs camuflados na paisagem natural. Cada vereda que sai da povoação vai dar a um lugar de sonho, portanto não se incomode muito com a escolha da direção, mas prepare-se para caminhar. Percorremos uns cinco quilómetros por um trilho largo no bosque húmido, culminados com uma subida íngreme que nos deixou ofegantes. A recompensa estava à nossa espera: as cascatas de Marinka. São duas paredes a jorrar água fresca que, depois da longa peregrinação, são elixir de vida. Mesmo em dezembro, há muito menos gente na montanha do que nas praias, pelo que é possível usufruir das dádivas da natureza com silêncio e exclusividade. «Há zonas perto de Minca que beneficiaram com a chegada do turismo porque antes todos os hectares de terra eram cultivados e usados para pasto», diz Nick Bayly. «Hoje várias pessoas passaram a dedicar-se ao turismo, pelo que as terras foram poupadas, houve uma regeneração do ecossistema e alguns animais voltaram.»

No dia seguinte, ainda extasiados pela pureza da serra, decidimos visitar Paso del Mango, um local ainda mais embrenhado na imensidão da montanha. É o sítio ideal para turistas possessivos, daqueles que não querem partilhar as suas vivências com mais nenhum estrangeiro. Para lá chegar, precisa de apanhar uma buseta (o nome dos autocarros locais na Colômbia que costuma provocar gargalhadas aos turistas brasileiros) para Bunda (ainda mais risos brasileiros) e, daí, subir a uma mototáxi que o conduz durante quarenta minutos por um caminho de cabras até chegar a uma povoação com meia dúzia de casas rurais.

Ninguém entra em Tayrona sem escutar as regras do parque. Diante das bilheteiras, um biólogo explica os percursos e o que os visitantes podem ou não fazer: «É proibido entrar com sacos de plástico», «não se pode tomar banho na praia de Arrecifes», «as famílias indígenas não gostam de ser fotografadas ». Quase toda a gente vem prevenida com comida e água, pois os guias alertam para a escassez de espaços comerciais nos 15 mil hectares do parque, onde os telemóveis não têm rede. Qualquer coisa que se meta entre o visitante e o espetáculo natural de Tayrona deve ser banida.

O bilhete custa cerca de 12 euros e vale cada cêntimo. Primeiro, somos levados numa carrinha de dez lugares até ao ponto de partida e aí oferecem-nos a possibilidade, por dez euros, de fazer o percurso até Arrecifes a cavalo. Mesmo carregados com material para três dias no mato, recusamos. E logo somos premiados: nos primeiros metros, cruzamo-nos com um divertido símio que se detém a observar-nos. Segue-se uma hora de passeio até avistar o mar. Por entre os ramos da densa floresta, começa a irromper um azul profundo e a imaculada espuma da rebentação das ondas. Paramos, por momentos, a imaginar a estupefação dos índios tayrona que aqui viviam há 500 anos, quando viram as naus espanholas aproximarem-se da costa, no que seria o prelúdio do seu fim.

Sobre a praia de Cañaveral estão as ecohabs, o alojamento mais confortável da reserva. São sofisticados bungalows para quatro pessoas, feitos com madeira local e forrados com folhas de palmeira, à boa maneira das cabanas tayrona. As ecohabitações são dos raros negócios do parque e respeitam o enquadramento ambiental. Há pouco mais de dez anos, o ex-presidente Alvaro Uribe quis transformar Tayrona num gigantesco recinto de férias: maciços hotéis de cinco estrelas, torres, restaurantes e até teleféricos até ao cume da montanha. O dano ecológico seria terrível e a opinião pública colombiana opôs-se ao projeto. Uribe teve de esquecer a sua loucura.

Caminhada, mergulho, snorkeling e observação da fauna e da flora são atividades a não perder à beira do caribe colombiano.

Acampamos no Cabo de San Juan, seguindo a caminhada pela areia da praia. O calor apela a um banho de mar, mas várias placas alertam para os perigos das ondas de Arrecifes: «Proibido tomar banho. Aqui já morreram mais de cem pessoas.» Apesar de as ondas parecerem inofensivas quando comparadas com as da Nazaré ou as de Melides, respeitamos a sinalização. Entretemo-nos com a vista: há uma montanha cónica no horizonte, envolta numa névoa misteriosa, depois é o verde-escuro da floresta que se decompõe no verde mais vivo das palmeiras, guardiãs de uma lagoa habitada por caimões e garças. Deslumbrados, tropeçamos na enseada de La Piscina, o primeiro ponto em que os mergulhos são permitidos. Já mais frescos, pedimos uma limonada e uma arepa (pão de farinha de milho) de queijo e, estatelados na areia, damos graças pelo momento em que marcámos esta viagem.

Depois de hora e meia de caminho, alcançamos Chayrama, ou El Pueblito, um dos principais assentamentos dos Tayrona: cerca de três mil pessoas chegaram a viver ali entre os anos 300 e 1600. Hoje, apenas duas famílias kogui resistem em Chayrama. Uma delas vende refrigerantes a turistas. «Os indígenas preferiam que o parque estivesse fechado porque estas são as suas terras», diz Jorge Sierra, de 18 anos, voluntário na assistência à população kogui. «Muitos até os ajudam, mas há outros que não têm respeito. Entram nos locais sagrados, fotografam-nos e deixam lixo no chão, o que para este povo que idolatra a natureza é a maior de todas as provocações.» Para poupar os indígenas e o ecossistema, o Parque Tayrona fecha as portas uma vez por ano. Em 2015, encerrou em novembro.

Já nos tínhamos divertido em Santa Marta, usufruído ao máximo da beleza de Tayrona, já nos tínhamos banhado em cascatas e no mar mais tépido do mundo, saboreado aromas tropicais e dançado os ritmos da região. Mas havia uma questão por responder: de onde vem a magia das Caraíbas? Para encontrarmos a resposta, entramos num autocarro rumo à esquecida cidade de Aracataca, 80 quilómetros a sul de Santa Marta. Os autocarros colombianos de médio e longo curso são um caso de estudo. As suas colunas disparam um reggaeton ensurdecedor e o ar condicionado liberta um frio paralisante. Assim, é frequente ver passageiros cobertos por mantas felpudas a acompanharem o ritmo musical só com o pescoço. Quando este iceberg sobre rodas nos deixa em Aracataca, os raios de sol rompem-nos a cabeça como lâminas afiadas. Estão 40 graus. Desorientados com o choque térmico, temos vontade de dar meia-volta e voltar para o fresquinho. Não o fazemos. Aqui nasceu e cresceu Gabriel García Márquez, Prémio Nobel da Literatura em 1982 e um dos melhores escritores que a espécie humana já conheceu. Partimos para a casa da sua infância, a que inspirou a saga da família Buendía em Cem Anos de Solidão, hoje casa-museu do precursor do realismo mágico.

Gabriel Garcia Márquez (1927-2014) venceu o Prémio Nobel da Literatura em 1982.

Ao passar pelos quartos e corredores em que García Marquéz, por aqui conhecido como Gabito, desenvolveu a sua aptidão como contador de histórias, reviva as paisagens, conversas e experiências que teve. Analise se foram reais ou resultado de qualquer capricho mágico. Espreite pelas janelas e tente ver velhos com asas de anjo, dilúvios tão fortes que arrastam com eles o mundo inteiro ou esbeltos náufragos a dar à costa. Isto era o que via Gabito. Não porque o seu imaginário girasse em torno de um mundo fantástico, mas porque essa magia transborda da realidade do Caribe, das gentes e das crenças, da enormidade das árvores e da força bruta dos rios. Quando estava ausente do país e bloqueado na escrita de um romance, Gabriel sentia-se obrigado a regressar a casa para se recordar do meio ambiente das suas histórias, da humidade da brisa, da lábia dos músicos. Estava uns dias no Caribe e só assim podia continuar a escrever. «Tudo o que Gabo escreveu é familiar aos caribenhos e nada teria escrito se não tivesse observado esta região com olho jornalístico», diz-nos Jaime García Márquez, irmão do romancista. «Aqui a realidade supera a ficção.»

Dicas

Moeda: Peso colombiano (1 euro = 3800 COP)
Fuso horário: GMT -5 horas
Idioma: A língua oficial é o castelhano, mas há 850 mil pessoas que falam línguas nativas.
Quando ir: o clima em Santa Marta é tropical no ano inteiro, mas os períodos mais secos são entre dezembro e março e os meses de julho e agosto.
Ir: A Volta ao Mundo viajou com a TAP (flytap.pt) com voo direto de Lisboa para Bogotá e regresso com uma escala na Cidade do Panamá. A passagem (ida e volta) custou 630 euros. De Bogotá para Santa Marta há voos internos da Avianca, da LAN e da Viva Colombia de 60 a 150 euros (ida e volta).

www.colombia.travel
www.santamarta.com

A Direção-Geral da Saúde recomenda que as grávidas não se desloquem, neste momento, para zonas afetadas com o vírus zika, como a Colômbia. Para os demais, há recomendações para evitar as picadas de mosquito. Procure aconselhamento numa Consulta do Viajante e siga as recomendações das autoridades colombianas.

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