José Monge Cruz não era o típico espanhol da Andaluzia. Louro, de pele muito branca, foi apelidado pelo tio José de “camarón” (camarão) e a alcunha pegou.

Nascido em San Fernando, Cádis, em 1950, cedo percebeu que o flamenco lhe corria nas veias. Aos oito anos, já cantava nas paragens dos transportes públicos e à porta de tabernas, para ganhar dinheiro. Considerado um menino prodígio, a família organizava festas de flamenco (que na Andaluzia são momentos de convívio tão naturais como almoços de domingo), para levar o pequeno Camarón aos palcos de Espanha.

Aos 14 anos, vence o “Festival del Cante Jondo” (festival do canto flamenco) em Mairena del Alcor, Sevilha. A competição é o balão de oxigénio que precisava: decide então partir para Madrid, onde conhece o mítico guitarrista de flamenco Paco de Lucía. É dele a voz em nove álbuns de Paco, entre 1969 e 1977.

Aos oito anos, já cantava nas paragens dos transportes públicos e à porta de tabernas, para ganhar dinheiro.

Subindo a palcos pelo mundo com dançarinos e guitarristas de rostos beijados pelo sol, José Monge Cruz, de estranha compleição “nórdica”, torna-se um incontornável ícone da música flamenca sob o pseudónimo de “Camarón de la Isla” – e um novo motivo de orgulho para o seu povo. Pelas ruas das cidades da Costa de la Luz, a voz de Camarón ecoa dando vida à alegria de ser andaluz.

Terra de emoções fortes e praias de perder de vista, o flamenco é a banda sonora da Andaluzia. Não é fácil de seguir (e muito menos de dançar) mas é um ritmo que vem de dentro, que fala de grandes amores (e desamores). Perseguidos pela Igreja Católica nos tempos da Inquisição, o povo cigano e árabe, dos quais se acredita que nasceram os sons quentes do flamenco, aprendeu a extravasar nas suas músicas e danças o sofrimento de todos os dias (e a torná-lo, como verdadeiros alquimistas, num momento feliz de convívio e animação). É por isso que esta é uma dança profundamente intimista, que esgota física e mentalmente os seus artistas – e emociona quem assiste.

É de paixões como a de José Monge Cruz que falamos quando o tema é a Costa de la Luz. Quem visita cidades como Tarifa, Huelva ou Cádis traz consigo momentos inesquecíveis, temperados com a voz de “Camarón”. Há poucos destinos tão terapêuticos como as praias de Punta Humbría, onde de dia o sol aquece o corpo que o flamenco anima à noite.

O corpo que se agita aos ritmos quentes do flamenco precisa de combustível para se restabelecer. Os andaluzes sabem disso – e por isso a Costa de la Luz é feita de fortes e intensos sabores que se descobrem em tapas e copos de refrescante Tinto Verano ou
granizados, perfeitos para recuperar de uma noite de dança e calor na inesquecível Andaluzia.

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