Desde o século XVIII até meados do século XX, a Malásia esteve sob o poder do Império Britânico. A passagem daquele povo deixou marcas: edifícios de singular beleza e arquitetura assinalam a extraordinária fusão entre cultura ocidental e oriental que se produziu naquele país.
Em George Town, capital do estado de Penang, encontramos o caso mais expressivo deste fenómeno. A “Mansão Azul”, como é conhecida a casa do mítico Cheong Fatt Tze, famoso magnata chinês do século XIX, foi concebida entre a exuberância imperialista britânica e a graciosidade e espiritualidade tipicamente asiáticas.
À chegada, entre pormenores orientais e carateres chineses nas portas, descobrimos um edifício de estrutura ocidental, com um anexo, constituído por dois andares de linhas retas e geométricas. Em vez do típico branco das casas orientais, esta mansão foi pintada em tons de indigo, uma distinta variante de azul que, naquela época, era a cor fetiche dos britânicos, que a importavam da China.
É só depois de passar as portas da “Mansão Azul” que nos lembramos que, afinal, estamos em território asiático. Por dentro, a decoração da casa foi cuidadosamente pensada de acordo com os desígnios asiáticos do feng shui. E há outra influência a pairar por entre as suas paredes e divisões: trazida de outra nação sob o jugo britânico naquela época, encontramos pátios e jardins internos de inspiração indiana.
A “Mansão Azul” tem 38 quartos, 5 pátios pavimentados em granito, 7 escadas (uma delas importada da Escócia) e 220 janelas de madeira. Foi a residência oficial de Cheong Fatt Tze até à sua morte, em 1916. O mega empresário terá deixado fundos suficientes aos seus herdeiros para manter a mansão na família por várias gerações, mas o dinheiro terá sido mal gerido e rapidamente as despesas com a manutenção da casa superaram a fortuna da família.
É só depois de passar as portas da “Mansão Azul” que nos lembramos que, afinal, estamos em território asiático.
Após a morte do filho mais novo de Cheong Fatt Tze, em 1989, a mansão em ruínas foi comprada por um grupo de empresários, que investiram no seu restauro e recuperaram a glória da “Mansão Azul”. A casa renasceu como Património Mundial da UNESCO, como casa-museu e também hotel. Hoje, a “Mansão Azul” tem 16 quartos disponíveis para alojamento e oferece visitas guiadas ao local, abrindo finalmente as portas ao público do que foi, durante décadas, a casa mais admirada do povo de George Town.
De visita a George Town, vale a pena também reservar algum tempo para descobrir outro lado da cultura asiática: a religião budista. No templo de Wat Chaiya Mangkalaram, encontramos um buda gigante, que acompanha toda a largura da sala. Totalmente em ouro, o buda sorri, expressando a essência desta religião: a importância da tranquilidade e de praticar o bem. Deixamos Penang com o rosto do buda na memória, percebendo que a Ásia tem sempre algo para nos ensinar, desde os valores da sua pacífica religião às valiosas técnicas de feng shui…
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