A Holanda está prestes a deixar de ser o el dorado das drogas leves. Segundo o The Guardian, Haia é a primeira cidade holandesa a proibir o consumo de cannabis.

A Holanda ganhou, ao longo dos anos, a reputação de ser uma das nações mais drug-friendly do mundo. Isso porque o país tolera abertamente o uso, a posse e o comércio da cannabis.

Esta política é chamada de «gedoogbeleid», que significa «política de tolerância». A «Lei do Ópio», na Holanda, divide as drogas em duas classes – duras e leves. A drogas leves, como a marijuana, o haxixe e os sedativos, estão incluídas na greeogbeleid. As drogas duras não o estão – e os Países Baixos são bastante restritos no que toca ao seu comércio e consumo.

A política de tolerância em relação à cannabis levou à criação das famosas «coffee shops». Esses estabelecimentos operam numa espécie de zona cinzenta da lei: vendem cannabis e os clientes podem consumir a droga no local, no entanto, não é permitido aos estabelecimentos produzirem a droga que vendem.

Raramente frequentados por moradores locais, estes cafés e a «gedoogbeleid» são as principais atrações turísticas, seduzindo milhares de visitantes anualmente. A Holanda tem 573 dessas lojas, que se concentram em 103 dos municípios do país.

Mas esta semana parece que a política de tolerância começou a sofrer algumas mudanças. Haia tornou-se a primeira cidade holandesa a proibir o consumo de drogas leves em 13 espaços públicos, incluindo todo o centro da cidade, o terminal ferroviário da Estação Central, as principais áreas comerciais e a zona costeira de Scheveningen.

Nas próximas duas semanas, vão ser distribuídos panfletos – em holandês e inglês – nas coffee-shops, hotéis e casas que recebem sem-abrigos. O objetivo é começar a alertar para as multas que serão aplicadas a quem violar a proibição.

Um porta-voz de Pauline Krikke, a presidente da Câmara de Haia, afirmou ao The Guardian que as «muitas queixas» dos moradores e visitantes sobre o forte cheiro a marijuana e sobre o barulho provocado por quem a consumia, levaram à proibição.

O porta-voz acrescentou que Pauline Krikke e a polícia decidiram que existem evidências suficientes de que «o uso de drogas leves tem um impacto negativo no ambiente e na vida dos moradores e visitantes» das áreas onde a proibição será agora implementada.

As novas regras vão ser impostas pela polícia. Durante as próximas semanas, ainda não serão aplicadas multas, apenas advertências aos que estiverem a consumir nos 13 locais públicos designados.

As multas serão aplicadas após esse período e a polícia controlará rigorosamente as portas das coffee-shops.

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