O The Worlds 50 Best Restaurants acabou de divulgar a lista anual dos 50 melhores restaurantes do mundo. Pelo quarto ano consecutivo o Gaggan, casa do chef indiano Gaggan Anand, foi eleito o melhor restaurante da Ásia e alcançou a quinta posição na lista dos melhores do mundo.

Em 2017, estivemos por lá e contamos‑lhe tudo. O Gaggan fica em Banguecoque, na Tailândia, e tem dois meses de lista de espera.

Texto de Rita Machado

Fotografias cedidas por restaurante Gaggan

A The Worlds 50 Best Restaurants elegeu pelo quarto ano consecutivo a casa do chef indiano Gaggan Anand como o melhor restaurante da Ásia – quinto do mundo na última cerimónia, que decorreu em junho.

O ano passado, quando lá estivemos, as marcações tinham dois meses de espera e o telefone do restaurante não parava de tocar, apesar de ninguém o atender. Eram quatro da tarde quando batemos à porta.

É o próprio Gaggan que nos recebe. Este imponente indiano de mais de 1,80 metros é reconhecido como um dos chefs mais emblemáticos de Banguecoque – veja o episódio do Chef’s Table para ficar a conhecer um pouco mais a sua história, no Netflix ou no YouTube, por exemplo. Às 21h30 entramos, atravessamos as salas mais clássicas onde funciona o Gaggan original e subimos ao LAB, onde me sento numa mesa em U, na qual, no meio, está Gaggan e toda a equipa de chefs que nos vão preparar o menu. Esta não vai ser uma refeição tradicional. «Nestas próximas duas horas quero que esqueçam tudo sobre comida. Vamos divertir-nos», começa Gaggan.

Gaggan Anand é uma personagem em si mesmo, valeria a pena estar a aqui só a observá-lo a interagir com os clientes mesmo que não fôssemos comer nada. Oriundo de Calcutá, tem aquele quê de divertido e brincalhão no olhar e na forma de falar que encontramos em muitos indianos. E claro, o seu indienglish é só por si uma delícia. Começou, como muitos chefs, por acaso do destino a trabalhar no ramo da restauração, como muitos faliu e reergueu-se, e tem o sonho de regressar à Índia para lá fazer o melhor restaurante do país.

Aliás, esse sonho está para breve, pois ele planeia fazê-lo nos próximos anos. Pelo que o Gaggan, a continuar a existir, talvez seja diferente. Mas para já é nesta capital da Tailândia, uma cidade que mistura como poucas urbanismo e antiguidade, que continua a fascinar com a sua presença e os seus pratos, estes também uma amálgama de tradição e inovação.

«Pensamos em comida indiana e vêm nos à cabeça: caril e chapatis (pão fininho tipo panqueca servido com a maioria dos pratos). Comida conforto. Mas eu vejo a como fine dinning cuisine, e aqui gosto de quebrar os limites», diz. Estamos no LAB, um laboratório onde o chef dá vazão às suas ideias mais arrojadas. Todas as noites acontece este jantar especial que começa às 21h30 e dura cerca de duas horas e meia.

Entregam-nos uma folha de papel vegetal, com 25 emojis. Nem uma única letra. Não sabemos o que vamos comer. «Bem-vindos, vamos ter 25 pratos, quase todos para serem comidos à mão – como é a boa tradição indiana.» Gaggan arruma o balcão central e diz a primeira de 25 vezes: «Service!», indicando aos seus cozinheiros para começarem o serviço.

Coloridos, excêntricos, misteriosos, cheios de sensações e sabores intensos e surpresas no palato. «O menu sou eu, sou eu que estou aqui presente, com a minha maneira de ser e o meu lado indiano e brincalhão e obscuro e criativo». Entregam nos a folha – agora opaca – que pondo por baixo da de papel vegetal que nos entregaram no início com os emojis vai fazer corresponder o nome dos pratos à respetiva imagem.

Gaggan assumiu várias vezes em entrevistas que nasceu e cresceu como um rapaz esfomeado. A acreditar no karma, o dele inverteu se de maneira exemplar e hoje não só não passa fome como não deixa ninguém indiferente com a comida. Após os 25 pratos, há uma sensação de quando estamos a ver um filme e acaba e ficamos com um certo vazio – apesar do estômago cheio.

Os restantes clientes começam a pagar o jantar. Pedimos para tirar uma fotografia com o chef, já ele está literalmente num outro comprimento de onda, em grande azáfama. «Muitos sábados cozinho aqui para a minha equipa, o que foi que fizemos na semana passada? Pasta, sim! Ficámos até altas horas da manhã, todos a comer, beber e dançar. Tu, jantas? Tu, ficas para comer desta vez…», vira se para eles. Gaggan não quer ninguém a sair daqui esfomeado.

PREÇO

Cerca de 110 euros por pessoa (acresce 10% de serviço, 7% IVA + bebidas).

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