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As comemorações do bicentenário do Museu do Prado, em Madrid, abriram hoje oficialmente com a inauguração de uma exposição sobre a sua história, pelo rei de Espanha, que definiu a instituição como «um projeto de memória e de futuro».

A exposição “Museu do Prado 1819-2019 — Um lugar de memoria”, comissariada por Javier Portús, foi inaugurada esta manhã, e propõe uma viagem cronológica pela história do museu, no dia em que completa 199 anos, com 168 obras, acompanhadas por reproduções fotográficas, cartazes, livros, gráficos, mapas e instalações audiovisuais.

No seu discurso, o rei de Espanha, Felipe VI, definiu o Prado como «um projeto de memória e de futuro», que valoriza «a herança cultural dos espanhóis», mantendo, também, uma dimensão universal.

«É, sem dúvida, o grande símbolo monumental da criatividade, da excelência e da sensibilidade artística do nosso país, ao longo da história, e é património de toda a humanidade», proclamou o rei, para exaltar o que o museu representa.

Filipe VI sublinhou que a pinacoteca madrilena deve ser considerada «uma história de êxito», na qual a Coroa espanhola, as várias administrações e a sociedade civil uniram forças.

Fruto deste «empenho coletivo», o chefe de Estado espanhol saudou o facto de o museu albergar «um fabuloso legado para orgulho dos espanhóis», por ser «uma das imagens mais prestigiantes do país».

O rei quis realçar também que as galerias da pinacoteca fundem «o melhor de hoje e de ontem», ao reunir obras que testemunham a história de Espanha e as grandes transformações que ocorreram nos últimos dois séculos.

«O Prado é muito mais que o privilegiado espaço físico de uma inumerável quantidade de obras-primas. Com o tempo, tornou-se também um lugar de memória, da nossa memória», disse.

O diretor do Prado, Miguel Falomir, o presidente do Patronato da pinacoteca, José Pedro Pérez-Llorca, e o ministro da Cultura e do Desporto de Espanha, José Guirao, também participaram no ato institucional.

A exposição é constituída por 168 obras, das quais 134 são fundos próprios, que refletem a evolução histórica de Espanha e a forma como o museu desenvolveu a sua própria personalidade.

Junto aos clássicos, a exibição inclui peças de artistas mais recentes como Auguste Renoir, Claude Manet, Pablo Picasso ou Jackson Pollock, que encontraram inspiração na galeria de Madrid.

O comissário da mostra, Javier Portús, explicou aos reis as oito etapas em que se divide a jornada pelos 200 anos da instituição fundada por Fernando VII como museu real – inspirado por sua mulher, a portuguesa Isabel de Bragança -, com pouco mais de 300 pinturas.

Filipe e Letícia posaram diante da obra La resurrección de Cristo, de El Greco, e, no final da visita, diante de La maja desnuda, de Goya, e sua réplica de Picasso, Desnudo recostado.

Depois de apontar a exposição como «possivelmente a mais importante» daquelas que foram celebradas em toda a história da instituição, Falomir, incentivou o Prado a permanecer uma referência no futuro.

«É o museu de todos, porque forma parte do nosso imaginário coletivo, no qual convergiram os esforços e desejos do melhor da nossa sociedade. Que o continue a ser por mais 200 anos é responsabilidade de todos», afirmou o diretor do museu.

O ministro espanhol da Cultura e do Desporto, José Guirao, concordou que a comemoração do bicentenário, que inclui uma centena de atividades em 30 cidades espanholas, deve servir para «rever o passado, analisar o presente e projetar o futuro» do Prado, com medidas como a sua ampliação no Salão de Reinos, no antigo Museu do Exército.

O ministro felicitou o facto de o museu ter «boa saúde internacional» e espera fechar o ano com três milhões de visitantes.

As intervenções foram abertas por Pérez-Llorca, que insistiu que o Prado «necessita do apoio de toda a sociedade espanhola» para continuar a ser «muito mais do que um grande museu». «É continuidade histórica no esforço, lugar de memória e de harmonia ao mesmo tempo. Acima de tudo, é um inequívoco símbolo de Espanha», disse o presidente do Patronato.

O Museu do Prado convidou, ainda, os visitantes a colaborar na sua primeira campanha de crowdfunding, para a aquisição do quadro Retrato de una niña, de Simon Vouet, com contribuições a partir dos cinco euros, e para a qual já estão arrecadados 120 mil dos 200 mil euros necessários.

Outro dos momentos que marca o dia é a descoberta do «traje» fabricado para esconder os andaimes das fachadas do Palácio Villanueva, devido às obras de restauração do museu, que contém pinturas de alguns dos seus grandes mestres, como Velázquez, Rubens ou El Greco.

Desenhado pelo diretor artístico da pinacoteca, Mikel Garay, o «traje» que vestirá o Prado foi feito com fragmentos de nove quadros que resultaram em 15 telas com 11 mil metros quadrados de tecidos.

O edifício do Museu do Prado foi desenhado por Juan de Villanueva em 1785, por ordem de Carlos III, para acolher o Gabinete de Ciências Naturais, mas foi o seu neto Fernando VII, «impulsionado pela mulher, a rainha portuguesa Maria Isabel de Bragança, que tomou a decisão de destinar o edifício à criação de um Real Museu de Pintura e Escultura», como recorda a página da instituição.

Já enquanto Museu Nacional do Prado, aquele espaço abriu ao público a 19 de novembro de 1819, com 311 pinturas da Coleção Real, todas de autores espanhóis, embora tivesse já em sua posse 1.510 obras.

O Prado é o museu mais visitado em Espanha, e um dos mais visitados do mundo, com cerca de 2,7 milhões de entradas vendidas, por ano.

Hoje, na passagem dos 199 anos do museu, é dia aberto na pinacoteca, que também terá entrada gratuita nos próximos dias 23, 24 e 25. O ano do bicentenário do Museu do Prado prolonga-se até 19 de novembro de 2019, quando se completam 200 anos sobre a inauguração.

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