A expedição Volkswagen Amarok 2018 levou-nos a Omã. Aventura, todo-o-terreno, história comum com Portugal e o retrato de um país surpreendente. (veja aqui o primeiro episódio).

Texto de Ricardo Santos
Fotografia de Gerardo Santos/Global Imagens e Uli Sonntag/Volkswagen

É primavera no sultanato de Omã e a temperatura já vai em trinta graus, apesar de ainda não serem dez da manhã. O pior é de julho a setembro, quando é fácil o termómetro chegar aos 50, tornando quase impossíveis as normais atividades do dia. Esse é o tempo em que o ar condicionado se torna rei. É assim o Médio Oriente, mas se está à espera de uma floresta de arranha-céus no deserto, como no Dubai, veio ao sítio errado. Omã não nasceu por geração espontânea dos petrodólares. É um território conhecido como entreposto desde o século I e existem vestígios da presença humana por estas terras há mais de sete mil anos. Persas, otomanos e portugueses andaram por aqui e de cá partiram para espalhar a palavra do senhor. Do senhor dinheiro, do senhor comércio e dos senhores que neles mandavam: reis, sheiks ou califas. (…)

«Isto já foi como a Amazónia», diz Khalid. Fica difícil acreditar. À volta não há mais do que rochas e mais rochas, montanhas e rios secos – os famosos wadis – repletos de cascalho, pedregulhos e pouca ou nenhuma vegetação. Ele sente a incredulidade e sorri. Vestido com a dishdasha tradicional branca, com o turbante colocado na cabeça, de óculos escuros postos e apresentando uma respeitável barba grisalha, este geólogo de Omã tem óbvias semelhanças físicas com um dos homens mais procurados do mundo no início do século XXI.

A expedição Amarok 2018 partiu da capital, Muscat, em direção ao deserto, num comboio de doze viaturas.

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Para lá da fachada, há um apaixonado pelo seu país que vai buscar a teoria da deriva continental para explicar como o clima terá sido em Omã há milhões e milhões de anos. «Aqui existiam florestas, corriam rios, havia plantas e animais», continua. Pica uma das encostas com um pequeno martelo e saem lascas de pedra esverdeada. «Vês? Tem alumínio, serve de corante natural para a cerâmica, por exemplo» E regressa à narrativa: «Depois, os continentes mudaram de sítio e tudo se modificou.» E de que maneira. Khalid é um dos parceiros da expedição Volkswagen Amarok 2018. Começámos o dia a sair de Muscat ao volante da pick up, num comboio de 12 viaturas. Hora e meia em autoestrada com velocidade controlada a cada quilómetro por câmaras de seguranças. Saímos para uma reserva natural onde se podem ver gazelas em liberdade. O almoço foi na praia junto à localidade de Fins, numa tenda alcatifada. A temperatura da água é irritantemente quente. Irrita porque não há tempo para um mergulho como deve ser.

De apetite saciado, apreciamos alguns dos 3165 quilómetros de costa de Omã, a terra de Sinbad, o marinheiro, antes de seguirmos o GPS para o interior. Paragem seguinte: Hawiyat Najm Park, o parque da Estrela Cadente. Diz a lenda urbana que, a 600 metros da costa, um meteorito terá caído e formado esta poço com mais de 25 metros de profundidade. É uma piscina natural visitável, com uma escadaria de acesso, uma depressão geológica num país que é um paraíso para quem é conhecedor desta ciência.

Mais alguns quilómetros à frente, depois de um percurso atribulado a fazer puxar por todos os atributos da Amarok, novo poço que parece sem fundo – tem espaço para 50 Boeings lá dentro, ou 10 mil viaturas como as que conduzimos. Felix Baumgarten, o austríaco que saltou de paraquedas desde o espaço, esteve aqui em 2007 para um salto BASE a mais de 160 metros de altura.

A Majlis al Jinn (caverna dos espíritos, numa tradução livre) é uma das maiores cavernas do mundo. À volta do buraco, a 160 quilómetros da capital Muscat, meia dúzia de miúdos vendem sacos de oregãos por dois euros. Cabras e burros andam também por ali e ficam perdidos na nuvem de pó quando a caravana segue caminho. Há que apressar o passo para chegar ao topo da montanha, ultrapassando subidas desafiantes e apurando a perícia da condução. O poiso para o acampamento, à beira de antigas tumbas mais velhas do que as pirâmides do Egito, não poderia ser melhor escolhido. Até onde a vista alcança, são montanhas e rochas, pedregulhos e aridez.

As comparações de Khalid sobre a Amazónia chegariam no dia seguinte, logo pela manhã, entre outras explicações sobre formações rochosas com 15, 20, 90 e 100 milhões de anos. Ou, nas palavras do próprio, «como a deriva continental tramou um país». Conversamos agora na Mukal Cave, à hora de almoço. É um oásis com piscinas naturais no meio da montanha, a mais de 200 quilómetros da capital. Locais e estrangeiros aproveitam o bom tempo para mergulhos. A refeição está servida mas é difícil resistir à paixão de Khalid pela geologia.

Durante a tarde, a expedição baixa dos mais de dois mil metros de altitude. O terreno torna-se cada vez menos acidentado. Das rochas constantes passamos para longas extensões planas. Há asfalto pelo caminho e, ao fim de dois dias e 450 quilómetros, recebemos o aviso pelo rádio do carro: «Daqui a dez minutos vamos parar na oficina e tirar ar dos pneus». (…)

Calados os potentes – e renovados – motores da Amarok, finalizados os exercícios de condução na areia e descidas a pique de dunas com mais de 20 metros, ouve-se à volta e não há nada para escutar. Só a respiração ofegante provocada pelos quase 40 graus e pela adrenalina de mais uma viagem que está quase a chegar ao fim, ali no deserto de Wahiba. (…)

Leia mais sobre esta aventura em Omã na edição de maio da revista Volta ao Mundo, já nas bancas. Ou fique a conhecer ainda mais pormenores desta expedição todos os fins de semana de maio na RTP 3 com o programa de televisão da Volta ao Mundo.


Volkswagen Amarok

A Volta ao Mundo viajou a convite da Volkswagen para participar na expedição Amarok 2018. Ao volante desta pick up da marca alemã percorremos algumas das estradas e trilhos de Omã ao longo de perto de 750 quilómetros. De Muscat ao deserto, passando por praias e montanha, dormindo em altitude e nas dunas.

Conforto absoluto em qualquer situação e capacidades excecionais em todo o terreno. É esse o lema da nova versão deste Amarok V6 3.0 com 224 cv (258 cv a partir do próximo verão). Além da firmeza demonstrada em todo-o-terreno, a pick up mostrou-se potente no asfalto, numa combinação que surpreende.

Nas dunas de Omã, por exemplo, veio ao de cima o ângulo de ataque (29,5) e o de saída (18,0º atrás). A profundidade de submersão é de 500 mm, sendo que os valores variam de acordo com o equipamento e o motor. Aventura e segurança andaram sempre a par nesta expedição pelo sultanato.

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