Possivelmente nunca terá ouvido falar na pequena cidade de Seborga, e sendo esse o caso muito menos saberá que é um principado dentro de Itália.
Na região da Ligúria, Seborga fica perto da fronteira com a França, a 35 quilómetros do Mónaco, e o sonho dos seus habitantes é conseguir o estatuto de país independente.
Só em 1963 foi reconhecido o Principado de Seborga, que até então não passava de uma cidade italiana, igual a todas as outras em termos de legislação.
Os habitantes explicam que, na verdade, Seborga nunca deixou de ser um principado. Há um documento que prova a sua venda, a 20 de janeiro de 1729, para a dinastia de Sabóia, tornando-se um protetorado deles. Mas como nunca chegou a ser registado, não é legal.
A verdade é que Seborga não é mencionada no Ato de Unificação do Reino de Itália, em 1861. Assim sendo, tanto a Unificação da Itália, como depois a formação da República Italiana, em 1946, seriam atos ilegítimos e unilaterais porque supostamente violavam a legítima soberania do povo de Seborga. Além disso, o exílio da família Sabóia, em 1946, envolveu também o fim do ius patronatus.
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O argumento para ser um principado de Seborga e, consequentemente, poder tornar-se num estado independente baseia-se na alegação de que a venda de 1729 nunca foi registada pelos seus novos proprietários.
Depois desta descoberta, em 1963, o povo de Seborga começou a sua luta para se tornar independente. Começaram por eleger o seu príncipe, Giorgio I, que reinou a cidade até à sua morte, em 2000.
Príncipe Giorgio I criou uma estrutura burocrática própria, necessária para declarar a independência.
Como estado, possui cópias de todos os documentos que o comprovam. E tem uma constituição, registo, cartas de condução, cartões de cidadão e matrículas de carros próprios – tudo aquilo que representa o principado.
Além do mais, tem uma moeda única no mundo – o luigino (1 SPL = 4.927 euros) -, que apenas pode ser utilizada dentro do principado.
A delegação das Nações Unidas visitou a cidade de Seborga e apoiou a reclamação de independência. Segundo o que os seus habitantes contaram à BBC Travel, «as Nações Unidas afirmam que um estado-maior não pode conquistar um menor apenas por causa de seu tamanho».
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O Principado de Seborga também tem a sua própria ordem de cavalaria – a Ordi Sancti Sepulchri Cavalieri Bianchi Di Seborga –, herdeira de uma longa tradição histórica ligada aos Cavaleiros Templários, que escoltavam os peregrinos até Jerusalém.
Reza a lenda que a estátua da Virgem Maria que se encontra dentro da Igreja de São Martinho ficou preta devido à presença dos Templários.
Contudo, apesar de todas as reivindicações históricas, o caminho até à independência ainda é longo. O pequeno principado tem tentado de tudo para que a sua voz seja ouvida. O príncipe Marcello I, que sucedeu a Giorgio I em 2010, tem alargado a presença de Seborga no estrangeiro através de várias missões diplomáticas.
Oficialmente, nenhum país reconhece Seborga como um estado independente. Sem ser oficialmente, contam com o apoio de algumas nações onde têm representantes diplomáticos. Ao todo, são mais de 25 em todo o mundo, que têm tentado aumentar o turismo do Principado de Seborga além-fronteiras.
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