O país ao sul da Índia, em forma de lágrima, é uma mancha verde, salpicada por lagos, montanhas, história, gastronomia e praias. Este é o relato de uma mulher que viajou sozinha para o norte do Sri Lanka, a última fronteira de um país assolado por 25 anos de guerra civil e pelo tsunami de 2004.

Texto de Sofia Pinto
Fotografias de Getty Images

A grande maioria dos visitantes aterra em Colombo, a capital do Sri Lanka, e mantém-se no sul da ilha – faz o circuito das cidades antigas (Anuradhapura, Polonnaruwa, Kandy), sobe a Sigiriya, atreve-se de comboio pelas montanhas, visita um dos parques nacionais naturais e termina nas praias a sul. Todo este circuito está bem rodado e existe uma oferta variada, para todos os tipos de bolsas, desde a viagem organizada – ou não – em autocarros (estatais ou privados) e comboios, combinada com a estada em hotéis e guesthouses, ou, para quem quiser ainda mais comodidade e luxo, um carro com motorista-guia privado durante os dias que se quiser.

No entanto, o norte ainda muito pouco explorado é uma boa surpresa para os poucos que se atrevem a lá ir. A ilha é habitada por dois povos muito diferentes que vivem praticamente de costas um para o outro: a norte, os tâmiles, maioritariamente hindus; a sul e no centro os cingaleses, maioritariamente budistas. O fosso e a desconfiança estão muito vivos e profundos e a guerra civil que opôs o norte ao sul (entre 1983 e 2009) contribuiu para os exacerbar.

Quando se fala da província de Jaffna a um cingalês, ele ou faz por ignorar ou não percebe a razão de um turista querer visitar o norte. No caso das agências de viagem ou operadores turísticos, chegam a dizer que não tem interesse ir até lá e tentam convencer o cliente a manter-se nos destinos usuais, mesmo que o cliente diga que o percurso tem de incluir Jaffna.

Quando se fala a um tâmil de algo relacionado com o sul, a tendência é para referir a guerra e a destruição que deixou para trás; as zonas, casas e estradas controladas pelos militares; as minas espalhadas pelos campos de cultivo; de como os tâmiles são marginalizados, em termos de qualidade da educação que lhes é proporcionada, mantendo as gerações tâmiles pós-guerra civil menos preparadas (durante a guerra civil não havia escolas a funcionar); dos atropelos às leis que exigem o domínio das duas línguas para aceder a lugares na administração local (sendo colocados cingaleses sem qualquer preparação em tâmil), da inação do Estado na reconstrução das infraestruturas da província, que está a ser feita por países amigos estrangeiros – o hospital de Jaffna, por exemplo, foi oferecido pelo Japão, a Índia está a construir casas na ponta norte da província esperando-se que a população aos poucos volte para cultivar os ricos terrenos dessa zona. Este fosso é transversal a todas as gerações.

O Sri Lanka, antigo Ceilão, está na moda. Revistas, blogues ou viajantes apontam-no como o destino do ano.

A melhor forma de chegar ao norte do Sri Lanka é voar para Colombo e, a partir da estação central (Colombo Fort), apanhar um dos quatro comboios diários. O primeiro parte às 05h45. O ritmo é lento e durante a grande maioria do caminho segue paralelo à estrada rodeado por vegetação que impressiona. As pequenas povoações sucedem-se, tendo a agricultura como base de subsistência. Por mais pequena que seja a aldeia há quase sempre templos das principais religiões: budista, hindu, muçulmana e católica. Esta é, além dos nomes Silva e Pereira que nos mostram orgulhosos nos documentos de identificação, de algumas palavras que perduram no vocabulário e de partes dos fortes que os holandeses aumentaram, uma das heranças que os portugueses deixaram pelas terras da Taprobana de 1505 a 1658.

À medida que o comboio se aproxima da província do Norte, a paisagem vai gradualmente deixando a floresta tropical cerrada. A vegetação começa a baixar, as palmeiras a ficar espaçadas acabando por ser residuais, aparecem pântanos entremeados por zonas secas. A península do norte é muito mais seca do que o resto da ilha. Percebe-se que é uma zona de rias, vislumbram-se moinhos eólicos ao longe, e toda a multitude de pássaros das zonas lacustres (garças, águias), borboletas, búfalos e vacas (que aqui são sagradas) a caminho dos pastos. O ponto de entrada na península de Jaffna é Elephant Pass, que hoje não é mais do que uma ponte tanto para carros como para comboios. Durante a guerra foi uma base militar onde ocorreram confrontos ferozes. Antes da guerra as maiores salinas do antigo Ceilão eram aqui, mas ao longo do caminho até Jaffna percebe-se que agora estão desativadas, não se vislumbrando mais do que os seus muros de separação em degradação.

O comboio chega à estação. Nas sete carruagens que vieram até ao norte podem contar-se com os dedos das mãos os turistas ocidentais, nos quais me incluo, que se atrevem até aqui. Aliás, nos dias seguintes, quando nos cruzamos cumprimentamo-nos. Somos uma espécie rara por aqui e isso é claro desde o momento em que se sai do cais e se tenta encontrar transporte. Em contraste com o que se passa no resto da ilha, a grande maioria dos condutores de tuk-tuks não tenta abordar turistas, focando-se nos locais. Aqui, como no resto do Sri Lanka, é preciso regatear os preços, mas ao longo dos dias percebo, pelas conversas, que os preços para turistas são altamente inflacionados, chegando a ser mais caros do que alugar um carro no hotel. Uma das razões pode ser o facto de a maioria dos condutores de tuk-tuks não falar inglês. Durante os trinta anos de guerra civil a prioridade não foi a educação. Logo, os poucos que falam algum inglês cobram-se bem. Por isso vale a pena perguntar nos locais onde se está hospedado qual o preço adequado para as viagens que se pretende fazer.

Como mulher a viajar sozinha, a minha prioridade máxima na escolha do hotel é uma boa localização. No centro, se possível numa zona segura, e que me permita andar preferencialmente a pé para a maioria dos locais de interesse. O hotel que escolhi foi o Jetwing Jaffna que fica na Clock Tower Road, uma perpendicular da rua principal (Hospital Road), praticamente em frente ao hospital. Há um centro comercial com um supermercado no edifício adjacente, a zona comercial de Jaffna e de mercado começam ao virar da esquina e a estação dos autocarros encontra-se a uns cem metros. O pessoal é atencioso e uma excelente fonte de informação para todas as dúvidas e dicas.

A cidade de Jaffna localiza-se na costa, e nas primeiras horas da tarde o sol é forte e o calor abrasador. Os edifícios são baixos, a maioria tem um ou dois andares, e as ruas são muitas vezes ladeadas de árvores dos jardins das casas que providenciam sombra. Além dos minaretes das mesquitas e do pórtico de entrada do Nallur Kovil, o edifício mais alto é o hotel que escolhi. No topo deste há um bar, excelente para um copo ao fim do dia e para poder perceber um pouco da geografia da cidade e arredores.

Seguindo a indicação recebida no hotel, vou a pé sob o sol abrasador das 15h00 até ao forte. Pelo caminho notam-se marcas de guerra e abandono nos edifícios e a vegetação descontrolada, mesmo esta sendo uma das zonas mais icónicas da cidade – onde fica a reconstruída biblioteca pública, o relógio e o campo de críquete. Das ruínas de um forte português os holandeses fizeram uma fortificação em estrela, uma das maiores deste tipo na Ásia. Mas mais bonita do que as ruínas holandesas recuperadas é mesmo a vila piscatória fotogénica a leste do forte.

Uma das primeiras coisas que se nota é que esta cidade foi extremamente elegante. A maioria das casas é de arquitetura colonial, muitas em art déco, e apesar de estarem marcadas pelas cicatrizes da guerra falam-nos de outros tempos elegantes e prósperos. Dentro da cidade, há muitas casas que se percebe estarem vazias. Uma grande parte da comunidade tâmil fugiu para o estrangeiro durante a guerra civil. No entanto, percebe-se que há um lento esforço de recuperação. A norte da cidade a destruição foi ainda maior (só recentemente os militares libertaram algumas áreas e ainda há zonas ocupadas) e aí vê-se mais abandono do que tentativa de recuperação. Nessa zona, o solo é fértil e a mudança que se nota é a dos campos de cultivo. As pessoas vão trabalhar a terra de manhã e voltam ao fim do dia à segurança da cidade ou das pequenas povoações pelo caminho. Ainda há minas por desativar, pelo que a indicação é que deve evitar-se sair dos caminhos ou praias utilizados pelos locais.

Em relação à comunicação, as gerações mais velhas, algumas delas ainda do tempo do domínio britânico ou dos primeiros anos pós-independência, falam inglês na perfeição. Há também uma nata intelectual de jornalistas e professores, pessoas que viveram fora do país e pessoas que trabalharam para organizações não governamentais (ONG) durante o pós-guerra, que também o dominam. Os jovens e as pessoas mais simples, não diretamente envolvidas na indústria do turismo, têm mais dificuldade ou não o falam. Um aspeto importante é que os tâmiles são muitíssimo orgulhosos da sua cultura. Com efeito, a guerra civil foi iniciada com o incêndio da Biblioteca de Jaffna em que foi destruído património incalculável da cultura tâmil, em particular na língua tâmil, que é das mais antigas em termos de escrita, com uma muito antiga tradição poética.

A guerra terminou em 2009, mas esta ainda habita a forma de ser das pessoas. Do que se pode ler e falar (sem entrar em detalhes profundos) ainda há muitos problemas políticos inclusive com organizações não governamentais. Quando veem um ocidental, e como a maioria dos que conheciam no passado eram de ONG (que entretanto foram expulsas) ou jornalistas, a terceira pergunta depois de onde és e onde está a tua família (na Ásia ainda é estranho uma mulher viajar sozinha, por isso a minha ou está no hotel ou chega daqui a uns dias), tende a ser se sou jornalista. São extremamente curiosos quando percebem que sou turista, mulher, e de Portugal.

É verdade que há mais agressividade no ar. O facto de viajar sozinha aqui dá ainda mais nas vistas e por isso tenho mais cuidado. Como também já tenho um certo calo e experiência acumulada, escolho os hotéis em zonas onde as lojas estejam abertas até tarde e tenham alguma iluminação, tento não andar sozinha à noite por ruas desertas e antes de sair do hotel à noite pergunto quais as zonas seguras para andar a pé. É bom sair e ver as lojas abertas até tarde, os jovens a ir à geladaria do centro comercial, os grupos de amigos a olhar as montras e a apreciar os últimos modelos dos telemóveis, os jovens casais nas tascas improvisadas no meio da rua ou as famílias que saem do hospital depois dos tratamentos. E os cheiros a especiarias, fruta, pó e lixo.

A província do Norte tem muitos pontos de interesse, locais ainda virgens de turistas: uma profusão de templos, praias paradisíacas, mercados cheios de vida, passeios, restos arqueológicos, boa comida, sorrisos e gente muito, muito curiosa. À medida que os dias passavam, a sensação é que este é mesmo o sítio quando se procura autenticidade. Confesso que parti de Jaffna sem vontade de o fazer, porque o hotel estava todo reservado e ainda havia muito do Sri Lanka para visitar.

Fora de Jaffna, está o norte do norte. Uma das vantagens de se viajar fora dos pacotes turísticos são as pessoas que vamos tendo a oportunidade de conhecer pelo caminho. Balasundaram, Bala para os amigos, conduziu-me e guiou-me pelo norte da península de Jaffna. Durante a guerra ele estava na Arábia Saudita a trabalhar. Quando se reformou voltou, trabalhou para as Nações Unidas e depois para a Cruz Vermelha até estas terem sido empurradas para fora da área pelo governo. Faz 70 anos em 2019, é hindu, casou a filha, economista, seguindo o protocolo de castas (o dote inclui casa, dinheiro e joias). Conduz turistas para conhecerem a terra dele. Das 08h00 às 16h00 ele foi o meu professor de «Jaffna II».

O itinerário para este dia foi a costa norte da península. E foi longo, incluindo Nilavarai Well, os campos de cultivo, as povoações de Valvettiturai e de Point Pedro, o ponto mais norte do Sri Lanka (o farol de Point Pedro), praias, mercados, as ruínas de Kantarodai, os kovil (templos) de Keerimalai Naguleswaram, Thurkai Amman, Marutharmadam Anjaneyar e Vallipuram – cada um mais exuberante do que o outro. E a nascente sagrada de Keerimalai.

O caminho para Point Pedro, o ponto mais a norte da ilha, passa por campos extremamente férteis, primorosamente trabalhados, onde todos os tipos de vegetais e frutos são cultivados. Como não há canais de irrigação, a água é extraída de poços e transportada para os campos (antigamente usavam picotas – vi uma ainda a funcionar).

Vamos fazendo várias paragens. Nilavarai Well, o poço sem fundo, as povoações de Valvettiturai e Point Pedro. Em todas elas Bala fala com as pessoas e vai às compras (bolos, peixe, fruta, doces ou gelados). Andamos pelo mercado reconstruído, onde ele fica a falar com o cunhado, guarda num dos templos hindus mais importantes, ou com o responsável pelo albergue de peregrinos no Kovil Keerimalai Naguleswaram.

Chegamos à costa e ao ponto mais norte da ilha, onde há uma comunidade de pescadores. Paramos para vê-los tirar o peixe e o marisco das redes. Bala aproveita para comprar peixe que foi seco ao sol. As pessoas olham curiosas. No meio da conversa percebo que estão a falar de mim quando ele diz Portugal. A água do mar é quente (ronda os 27 graus), o azul lindo e, embora estivessem ondas, as várias praias que visitei são bordejadas de palmeiras e estão completamente vazias. O farol de Point Pedro tem a marca do tsunami de 2004.

Além de muitos kovis, cada um mais elaborado do que o outro, passamos por muitas casas destruídas. São casas coloniais, do século XIX, estilo art déco, onde a vegetação tomou conta dos acontecimentos e onde agora existem só lembranças vagas. Durante mais de vinte anos o exército expulsou toda a gente, tomou conta da terra e ninguém podia entrar. Bala teve a sua primeira casa, que ele próprio construiu, nesta zona, perto do mar onde ele costumava ir dar uns mergulhos e nadar. Quando lhe devolveram a casa destruída, preferiu vender o terreno. Na maioria dos casos, os antigos proprietários vivem no estrangeiro e nunca mais voltaram. Aos poucos, as novas gerações estão a voltar.

A hora de almoço foi passada no albergue de peregrinos do Kovil Keerimalai Naguleswaram. Antes estive à conversa com Bala e o sacerdote principal, um venerável ancião que viajou o mundo. Servem-me a comida dos peregrinos, sempre vegetariana. O prato não picante, como seria de esperar, é de fazer saltar os olhos das órbitas. Além desta verdade absoluta, ao longo do dia percebo mais duas coisas: não estão habituados a estrangeiros (uma rapariga que trabalha no museu arqueológico de Jaffna pediu para me tirar uma foto) e nunca viram um português na vida. Para todos os que conheci nestes dias fui a primeira pessoa de Portugal com quem estiveram.


Guia de viagem

Viajar
Documentos: Passaporte com validade mínima de seis meses e autorização de entrada (ETA – srilankaevisaonline.com).
Moeda: Rupia cingalesa LKR. 1 EURO – 198 LKR
Idioma: Cingalês e tâmil. A população mais jovem também fala inglês.
Fuso horário: GMT +5h30
Ir: Não existem voos diretos para a capital, Colombo, mas várias companhias aéreas têm ligações a partir das capitais europeias e com escala em aeroportos com muitas ligações como Banguecoque. Preços desde 800 euros.

Dormir
Jetwing Jaffna
Clock Tower Road, 37, Mahatma Gandhi Road
Tel.: +94 212 215 571
Quarto duplo a partir de 83 euros por noite
Moderno, com vista sobre a cidade e excelente localização. Nas proximidades tem centro comercial, supermercado e a zona comercial de Jaffna e o mercado começam ao virar da esquina. Estação dos autocarros a cerca de 100 m. O pessoal é atencioso e uma excelente fonte de informação.
jetwinghotels.com

Comer
Jaffna Mangos
Local bem popular entre habitantes locais e os viajantes que aqui chegam. Espaço interior e exterior, comida do sul da Índia e tâmil. Vale pela autenticidade. Junto a Temple Road.
Tel.: +94 21 222 8294
Aberto das 10h30 às 22h00.
Preço médio: 3 euros

Jaffna Heritage Hotel
Se procura um local mais requintado com um serviço ao estilo europeu, esta é uma boa escolha. Excelentes opções vegetarianas, pratos indianos e do Sri Lanka. Destaque para os vários caris. Bom pequeno-almoço ocidental. Não serve álcool.
195 Temple Road
Tel.: +94 21 222 2424
Aberto das 08h00 às 22h00.
Preço médio: 5 euros

Malayan Café
Um local à moda antiga, na zona do mercado. Barato, boa oferta vegetariana e quase tudo servido em folhas de bananeira. Ideal para comer à mão.
36 Power House Road
Tel.: +94 21 222 2373
Aberto das 07h00 às 21h00.
Preço médio: 1,50 euros

Deslocar
Há várias formas de viajar pelo Sri Lanka. Comboio e autocarros são as opções mais procuradas. Os tuk-tuks são boas escolhas para percursos curtos, até dez quilómetros de distância. Nos autocarros do norte do país, a experiência pode ser demorada. As paragens podem ser solicitadas onde se necessite. O cobrador faz o seu trabalho meticulosamente. Apesar do mau estado do asfalto e de haver tráfego nos dois sentidos, o condutor vai prego a fundo, pelo que todos vamos aos pulos quase ao ritmo da música e com as janelas abertas a fazer ventilação natural.

Visitar
Em Jaffna os locais de maior interesse são:

Forte
Datado do início do século XVII. Das ruínas portuguesas os holandeses fizeram uma fortificação em estrela que merece uma visita.

Kovil de Nallur
Os tâmiles são hindus que oram em templos a que chamam kovil. Têm uma predileção por Shiva, Guerra, Masculinidade, Força, Impulsividade. A arquitetura deste tipo de complexos é sempre delirante e o Kovil de Nallur é impressionante. Este data do ano 948 e só lá se entra descalço. Os homens, além de descalços, têm de entrar/estar de tronco nu. A música é hipnotizante – de percussão e sopro. Não é possível tirar fotos lá dentro.

Mercado
É um mercado típico asiático, embora mais básico do que os da Tailândia, por exemplo, na oferta de produtos.

Ruínas do Palácio
Manthri Manai e o arco de Cankilli Thoppu.

Museu Arqueológico
Tem uma rara coleção de antiguidades hindus e budistas.


Reportagem publicada na edição de maio de 2019 da revista Volta ao Mundo (número 295).

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.