Tesouros do Cazaquistão pelo embaixador em Portugal, Jean Galiev.

Texto de Leonídio Paulo Ferreira

Artigo publicado originalmente na edição de fevereiro de 2019 da revista Volta ao Mundo, número 292.

Associar o Cazaquistão à estepe e à arte equestre é natural, porque «foi no nosso território que o cavalo foi pela primeira vez domesticado», diz Jean Galiev, embaixador acreditado em Portugal daquele que é o nono maior país do mundo, situado entre a Ásia e a Europa.

«Os montes Urales separam os dois continentes e eles atravessam no sentido norte-sul o Cazaquistão. E mesmo que tenha de admitir que somos um país mais asiático do que europeu, sublinho que os dez por cento do território cazaque que é europeu é tão grande como a Polónia», acrescenta o diplomata, que tem residência em Paris e pede para ser entrevistado em francês.

Ora, é na questão linguística que o Cazaquistão também se destaca, pois desde a independência em 1991, na sequência da desagregação da União Soviética, o cazaque passou a ser a língua nacional, mas o russo é também oficial e serve de elemento de unidade entre as mais de cem etnias (por causa das políticas de deportação de Estaline e dos prisioneiros da Segunda Guerra Mundial, há chechenos, alemães e coreanos e muitas outras comunidades).

Jean Galiev nasceu em 1972 em Almaty. Estudou Relações Internacionais. É casado e tem dois filhos. [Fotografia: PEDRO ROCHA/GI]

Parte do Império Russo a partir do século XVIII, o Cazaquistão mostrou-se sempre rebelde, ou não fosse o significado de cazaque «homem livre». A própria palavra russa cossaco tem aí a sua origem, referindo-se a um povo de cavaleiros eslavos que serviu a extensão do império dos czares. Hoje, os russos são cerca de vinte por cento dos cidadãos do Cazaquistão, enquanto a etnia cazaque representa 66 por cento dos 18 milhões de habitantes de um dos países menos densamente povoados do mundo, embora famoso, por exemplo, pelo cosmódromo de Baikonur, de onde foi lançado o Sputnik e de onde partiu também Yuri Gagarin para o espaço na era soviética.

«Essa baixa densidade, assim como a tradição de respeito pela natureza, explica porque temos tantas reservas e parques naturais a serem descobertos pelos estrangeiros», nota Jean Galiev.

O petróleo é hoje a grande riqueza do país, mas o objetivo é diversificar a economia. Uma nova capital, Astana, substituiu a clássica Almaty com essa intenção de ser moderna e atrair investimentos estrangeiros. O turismo é uma das ideias para futuro e para os convencer o Cazaquistão tem muitos argumentos. O embaixador enumera vários, que fazem parte do discurso do presidente Nursultan Nazarbayev intitulado «Sete facetas da grande estepe». Assim, além de berço das civilizações túrquicas, o Cazaquistão é também o local onde a arte equestre se inicia, onde pela primeira vez se cultiva a maçã e a tulipa. A metalúrgica dá ali também importantes passos, dada a abundância de minerais. E o achado do Homem de Ouro, há meio século, reforça tanto a ideia de riqueza mineral como de arte e de civilização. A isto acresce o papel-chave do país na Rota da Seda, hoje de novo na moda.

Imagem de destaque: Almaty, a maior cidade do país. ©Shutterstock


Veja também:
Emirados Árabes Unidos: um país cosmopolita com uma forte ligação ao deserto
«A minha paixão principal é a fotografia da natureza»

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.