Embaixador do Japão Jun Niimi fala da grande riqueza natural da prefeitura de Shiga, também famosa pelo património cultural.

Texto de Leonídio Paulo Ferreira

As paisagens da prefeitura de Shiga já eram familiares para Jun Niimi por causa das viagens que fazia de Shinkansen, o comboio-bala, para Quioto, mas foi só quando aí viveu, de 1986 a 1988, que descobriu de perto a grande riqueza natural e cultural da região que alberga o maior lago do Japão, o Biwa (Biwako em japonês, com o sufixo ko a ser a palavra para lago).

«Sinto saudades desta prefeitura de Shiga porque vivi ali dois anos, na cidade de Otsu. O governo japonês tem um sistema de intercâmbio de quadros para promover a mútua compreensão entre os diferentes ministérios. No meu caso fui colocado na Agência Nacional de Polícia, que me destacou para a delegação na prefeitura de Shiga. Eu estava já no Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 1979 e isto foi entre 1986 e 1988. Foi absolutamente a primeira vez que visitei a prefeitura. Já tinha passado por lá, no Shinkansen», conta, entre risos, o embaixador japonês.

Jun Niimi, embaixador em Portugal desde 2017, recorda os anos que viveu em Shiga e destaca o lago Biwa, rodeado por montanhas. [Imagem: Filipe Amorim/Global Imagens]
Localizada em Honshu, a maior das quatro ilhas principais do arquipélago nipónico, a região de Shiga tem dois grandes atrativos, segundo Jun Niimi: «Um é a natureza, e em especial o lago Biwa. O outro é a história e a cultura. O lago é como o centro da prefeitura, rodeado por montanhas. E também há campos de arroz. Shiga fica perto de Quioto e Nara, duas antigas capitais do Japão, e por isso é rica em património.» Essa proximidade fazia do lago um refúgio natural da família dos imperadores ao longo dos séculos, sobretudo no verão, quando o calor é muito nas antigas capitais. «O fresco do lago é muito agradável», sublinha o diplomata, confessando as saudades da zona, muito procurada pelos turistas, japoneses, estrangeiros e cada vez mais portugueses.

«Shiga é a quinta região do país com mais património cultural, atrás de Tóquio, Quioto, Nara e Osaka», acrescenta o embaixador, em Portugal desde 2017. Mas é sem dúvida o lago Biwa que sobressai na região, sendo grande (670 km2) a ponto de ser bastante diferente nas partes sul e norte. «No norte, é tudo mais natural, sentindo-se a proximidade do mar do Japão. No sul, há mais hotéis e parques temáticos, em busca dos turistas.»

«É o maior lago do Japão, mais de cem metros de profundidade. Rico em peixe, é também o maior reservatório de água do país», acrescenta o embaixador cuja ligação pessoal a Portugal começou com um jogo de futebol que viu em criança e no qual estava Eusébio a brilhar na equipa portuguesa.


Artigo publicado originalmente na edição de julho de 2019 da revista Volta ao Mundo, número 297.

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