Tesouros da Holanda vistos pelo embaixador em Portugal Govert Jan Cornelis Bijl de Vroe

Por Leonídio Paulo Ferreira

Artigo publicado originalmente na edição de janeiro de 2018 da revista Volta ao Mundo, número 279.

«Pedalar é parte da nossa forma de viver. Está enraizado na nossa cultura quotidiana», afirma o embaixador da Holanda em Lisboa, logo acrescentando que «desde muito pequenos é para os holandeses uma forma de desenvolver a sua personalidade, no sentido de que podem decidir onde ir e como ir. É uma expressão de liberdade».

Colocado em Portugal há três anos, Govert Jan Cornelis Bijl de Vroe tem 55 anos e integra o Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 1989. Prestou serviço ao longo dos anos em países como Coreia do Sul, Áustria (representação junto da OSCE), Suécia e Alemanha. Antes de vir para Lisboa foi diretor de Protocolo (2011‑2014), o que não o impedia de andar de bicicleta por vezes, como explica: «Na Holanda, é comum ir de fato e gravata numa bicicleta. Era o que eu fazia lá muitas vezes quando ia trabalhar para o Ministério dos Negócios Estrangeiros.»

Colocado em Portugal há três anos, Govert Jan Cornelis Bijl de Vroe tem 55 anos e integra o Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 1989.

Segundo o embaixador, «pedalar é algo partilhado por toda a gente. Pode ver‑se fotografias de ministros a chegarem a reuniões de bicicleta». E isto aplica‑se à família real. «A avó do rei Guilherme Alexandre era famosa por pedalar em público e há muitas fotos dela de bicicleta. Também há muitas fotos tiradas pelo próprio rei das suas filhas a pedalar», sublinha Bijl de Vroe.

Num dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo (17.ª maior economia e sétimo lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU), há mais bicicletas do que pessoas. Quase 23 milhões de bicicletas para 17 milhões de habitantes na Holanda. E como diz o diplomata, «há quem pedale bicicletas baratas, quem prefira as caras, quem tenha duas, quem tenha uma bicicleta desportiva e uma para andar na cidade, há de tudo»

Há quase 23 milhões de bicicletas para 17 milhões de habitantes na Holanda.

Formado em História pela Universidade de Leiden, Bijl de Vroe nasceu em Den Helder e fez a escola secundária em Harlem. Andar de bicicleta sempre fez parte da sua vida, o que transmitiu aos três filhos, hoje todos na casa dos 20 anos. «Acho que tive a minha primeira bicicleta quando tinha 5 anos. Mas antes já ia para o infantário numa trotineta. A escola era ao fim da rua, por isso fácil de chegar. E foi assim que comecei. As crianças geralmente começam com uma bicicleta com rodinhas e quando se sentem confiantes estas são tiradas», conta o embaixador.

Quase todo o país é plano, exceto a província no Sul com algumas colinas, e por isso a bicicleta é usada um pouco por toda a Holanda, mesmo que em algumas partes mais para desporto. E se, como nota Bijl de Vroe, pedalar terá começado como passatempo para a elite no século XIX, rapidamente se popularizou.

Hoje a novidade, nota o diplomata, são as bicicletas com baterias elétricas que «estão a ajudar que os holandeses pedalem até idades cada vez mais avançadas, dependendo, claro, da condição física.»

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