E se pudesse reformar-se aos 30 e poucos anos para viajar pelo mundo, tinha coragem?

Kristy Shen tinha 31 anos e um milhão de dólares (803 mil euros) no banco quando decidiu reformar-se. Agora, viaja pelo mundo com o marido, Bryce.

Em 2014, Kristy vivia uma vida atarefada e stressante em Toronto, Canadá. Tanto ela como o marido trabalhavam em IT (tecnologia da informação) e estavam a juntar dinheiro para comprar uma casa. Fartos da rotina que tinham, começaram a pesquisar na Internet e a ler livros de investimentos para saber se existia uma saída. Foi então que descobriram a «Independência Financeira / Reforma Antecipada (Financial Independence Retire Early – FIRE)», uma ideia que mostra como é possível conseguir uma poupança 25 vezes superior ao salário.

O casal decidiu, então, investir o dinheiro para o seu «fundo da casa», continuando a poupar. Desde que conseguiu juntar um milhão de dólares, Kristy criou o Millennial Revolution, para mostrar às pessoas como construir uma poupança como o deles.

Para a viajante, a reforma é «sinónimo de liberdade», contou ao Lonely Planet. Mas depois de passar o entusiasmo inicial, a reforma passou a ser uma questão de escolhas. A escolha de contribuir para um mundo melhor através de voluntariado, a escolha de passar mais tempo com a família, de viajar ou de ir em busca da grande sua paixão. A reforma não significa necessariamente sentar-se numa praia a beber um cocktail. Tem, sim, a ver com a sua escolha de como quer gastar o tempo em vez de trocar o seu tempo por dinheiro. «Isso, para mim, é a liberdade máxima», afirma.

De acordo com esta nómada (apesar de visitar a família no Canadá todos os anos, o casal não tem um lugar específico para viver), a chave para uma reforma bem-sucedida passa por não fugir de algo como um trabalho ou uma relação stressante, mas sim correr para algo melhor. É preciso decidir aquilo que se quer fazer durante todo o tempo livre que se passa a ter.

«Tendo crescido numa família pobre na China, nunca pensei que isto poderia acontecer efetivamente. Quando imigrei para o Canadá pela primeira vez e o meu pai me deu uma lata de Coca-Cola, achei que aquela era a coisa mais preciosa do mundo e recusei-me a deitá-la fora. Se me tivessem dito em criança que viria a ser uma viajante milionária, teria pensado que eram todos loucos», conta.

O casal explica que continua a gastar 40 mil dólares por ano e nunca mais do que isso. «Viajar é muito mais barato do que a maioria das pessoas pensa. Na verdade, descobrimos que viajar até nos faz economizar, já que temos menos gastos do que se vivêssemos numa casa no Canadá. Adoro esta vida e não desistiria por nada».

Imagem de destaque: Direitos Reservados

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