Os tesouros do Brasil vistos pelo embaixador em Portugal Luiz Alberto Figueiredo Machado.

Por Leonídio Paulo Ferreira

Artigo publicado originalmente na edição de agosto de 2017 da revista Volta ao Mundo, número 274.

«Não é possível imaginar o Brasil sem a Amazónia. A Amazónia é uma parte fundamental constitutiva da alma brasileira», afirma Luís Alberto Figueiredo Machado, desde outubro de 2016 embaixador em Lisboa. O diplomata sublinha que se trata de «um território do tamanho da Europa Ocidental. Que possui a maior bacia hídrica do mundo. E uma riquíssima biodiversidade. São 2500 espécies de árvores e 30 mil espécies de plantas. Já para não falar da fauna».

Localizada para lá da Linha de Tordesilhas, a Amazónia foi incorporada na coroa portuguesa graças ao esforço de homens como Pedro Teixeira, que a explorou no século XVII, e Alexandre de Gusmão, o grande diplomata de D. João V nascido no Brasil e que negociou as fronteiras com Espanha. Nota o embaixador que ainda hoje «defender as fronteiras da Amazónia requer um grande esforço nacional da polícia federal e das forças armadas. E é um esforço também de integração daquela população que mora ao longo dessas fronteiras. Falo de trinta milhões de habitantes. Ao longo do rio Amazonas e seus afluentes há atividades constantes da marinha brasileira, que leva, por exemplo, navios-hospitais».

Para este carioca de 62 anos, formado em Direito, há que proteger também os índios: «Há aqueles indígenas que mantêm o modo de vida e são protegidos para que isso ocorra e há aqueles que se querem integrar numa sociedade moderna e que também terão apoio para isso.»

O embaixador do Brasil recebeu o Prémio Internacional Elizabeth Haub de Diplomacia Ambiental. [Imagem: Sara Matos/Global Imagens]
Com uma longa carreira que inclui postos como as Nações Unidas e Washington (era embaixador nos Estados Unidos antes de vir para Portugal), Luís Alberto Figueiredo Machado não tem dúvidas em classificar o Brasil como «um grande defensor da ação no combate à mudança do clima», explicando que «fazemos isso com uma matriz energética muito limpa e com o aproveitamento do potencial que a Amazónia tem no sentido de redução das emissões de CO2 ao combatermos o desmatamento».

Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros (2013-2014), o diplomata faz questão de acentuar o papel do Estado junto da população da Amazónia, apoiando essas gentes que «sabem viver em harmonia com o ambiente». É defensor do turismo ecológico.

Desafiado a destacar uma cidade que simbolize a Amazónia, o embaixador decide-se por Manaus, porque «conjuga uma natureza exuberante com atividades económicas importantes. Lá temos a zona franca, com empresas que são um exemplo de como se pode gerar renda sem destruir a natureza». Acrescenta ainda este vencedor do Prémio Internacional Elizabeth Haub de Diplomacia Ambiental (em 2013) que «Manaus tem um património arquitetónico de grande valor histórico que é fruto dos ciclos da borracha e que mostra que a floresta quando é respeitada é capaz de gerar emprego e renda».

Imagem de destaque © Leo Freitas/Getty Images

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