O que nos faz regressar a um lugar onde já fomos felizes? Reviver a experiência? Contrariar a regra básica e universal de não o fazer? Perceber o que mudou? Todas estas opções e mais uma: celebrar. Em novembro de 1994, Jamaica foi a capa da primeira edição da Volta ao Mundo. Um quarto de século depois voltámos à ilha das Caraíbas onde a aventura desta revista de viagens começou.

Texto de Ricardo Santos
Fotografias de Gustavo Bom/Global Imagens

Passaram 25 anos e a Jamaica está diferente. E o mundo também. No ano em que a Volta ao Mundo chegou às bancas tinha começado o genocídio no Ruanda, Ayrton Senna morrera numa curva do circuito de Imola e A Lista de Schindler ganhara a noite dos Óscares com sete estatuetas. Foi o ano em que Nelson Mandela chegou a presidente da África do Sul, que os primeiros passageiros cruzaram o túnel da Mancha e que chegava ao fim o concurso A Roda da Sorte na RTP. E foi nessa conjuntura de mudança que nasceu a revista que agora tem nas mãos.

Há um quarto de século a aposta para a capa foi na Jamaica. Quando o jornalista e fotógrafo Ian Robinson escreveu essa reportagem, em novembro de 1994, falou de uma Jamaica onde era «fácil ser enganado». Ou que Kingston, a capital, era «uma mistura fervilhante de Mercedes Benz e mendigos sem abrigo». Avisava ainda que a zona de Trenchtown era uma das «áreas onde os turistas não devem entrar». Para sermos justos, Robinson também dizia que a ilha era «uma esmeralda», escreveu-nos sobre as «magníficas recompensas» que lá encontrou, as «instalações de golfe de primeira classe» ou «grande variedade de recursos hoteleiros», concluindo que «a magia da Jamaica é algo que não é facilmente esquecido». Não foi esquecida a magia. Por isso voltámos.

E ao voltar, lá vem o característico bafo de calor e de humidade quando se sai das chegadas para a zona de táxis do aeroporto internacional de Montego Bay. Daqui seguimos rapidamente para Negril, o ponto de partida da nossa redescoberta da Jamaica. São 20h00, é noite escura e hora e pouco depois estamos a chegar ao Catch a Falling Star Hotel, um clássico na região de Negril. O canadiano proprietário do local diz-se quase inspirado pela Boca do Inferno, em Cascais, que visitou há cerca de quarenta anos. Semelhança há pelo menos uma: o mar agitado que choca com as rochas, formando piscinas naturais para onde não apetece – nem é permitido – saltar. As várias casas dispersas pela costa, com varandas de pedra e tetos de folha de palmeira, são um bom poiso para passar a noite. E o pequeno-almoço, às primeiras horas da manhã, confirma que este não é um país apenas de resorts de tudo incluído. Muito pelo contrário. Os grandes empreendimentos que tornaram ainda mais popular a Jamaica na década de 1990 existem, claro. E continua a haver público para eles, mas hoje a oferta é cada vez mais personalizada e dirigida ao viajante que quer ter uma experiência particular e não fazer parte de um grande grupo de turistas orientado por um guia de bandeirinha no ar.

Terra de sol, rum, reggae e erva, a Jamaica tem uma longa história de turismo. Há quase cem anos que existem registos de viajantes a chegar em lazer a esta ilha das Caraíbas.

Se um dos produtos de sempre da Jamaica é a praia, começamos a volta à ilha justamente por uma das mais impressionantes, uma das cinquenta praias públicas do país: a 7 Mile Beach, em Negril. Em linha reta não tem os 12 quilómetros que apregoa, são cerca de duas metades a perfazer o total, mas vale por duas: areia branca, água turquesa e todos os outros chavões ligados a esta ilha das Caraíbas – palmeiras, reggae a tocar e vendedores de erva no areal. Há pequenos hotéis, lojas e bares virados para o mar e uma bela oferta de massagens, fruta fresca, cocktails e insufláveis na água para gente de todas as idades.

Há tempo para uns mergulhos e para comprar protetor solar, que o sol aqui quando queima é para todos, afetando principalmente caucasianos de pele branca ansiosos por calor. O creme acaba por ser muito útil quando subimos a bordo do pequeno barco de madeira, com parte do fundo transparente, de Vincent, empresário local. Trabalha com turismo há coisa de 25 anos, lembra-se bem dos anos 1990: «Hoje as pessoas têm poder para comprar mais coisas, têm acesso a mais produtos do que há 25 anos. São mais felizes? Não.» Neste fim de manhã não nos vai poder acompanhar num passeio de snorkelling, mas deixa-nos em boas mãos, com o filho e um outro funcionário. Paramos em três diferentes locais ao largo de 7 Mile Beach, observamos corais, peixes e um fundo do mar que proporciona duas horas de boas experiências. No regresso, ainda há tempo para dar boleia a duas turistas norte-americanas, de Houston, que aguardam num alojamento local junto às escarpas. Em idade de pré-reforma, levam o seu tempo a entrar para a embarcação e, quando se sentam, não perdem tempo. Uma delas acende o primeiro charro, deita o fumo cá para fora e com ele vem um desabafo: «Oh my God, I love Jamaica.»

Os calções de banho secam depressa e a próxima paragem é o Mercado de Artesanato de Negril, onde artistas locais mostram e vendem os seus produtos. Tony, da loja 50, é artesão e bom conversador. «Eu é que faço isto tudo», diz-nos. «Isto» são estatuetas de madeira com os mais variados motivos. Há várias representações de elefantes dispostas pelo chão do ponto de venda, mesmo que não haja registos de qualquer paquiderme ter habitado a Jamaica. «Faço aquilo que os clientes me pedem para fazer», ressalva Tony enquanto encolhe os ombros.

Do mercado local seguimos para uma das maiores atrações de Negril: as escarpas rochosas do Rick’s Café, anunciado como o melhor local para assistir ao pôr do Sol na Jamaica. A meio da tarde já há muita gente neste bar e restaurante. Enquanto a maioria opta por cerveja e cocktails nas mesas viradas para o mar, há sempre quem cumpra a tradição de mergulhar a partir das rochas. Dos dois aos doze metros, há degraus, saliências e plataformas disponíveis de acordo com o nível de coragem de cada viajante. Saltamos essa aventura, regressamos ao hotel para um duche e mudar de roupa, porque nesta noite vai haver um jantar especial.

O Zimbali Retreats é uma quinta onde se janta e se fica a conhecer um tipo de turismo diferente do que tem vindo a ser praticado normalmente na ilha. Longe das multidões, numa propriedade com mais de trinta mil metros quadrados, começamos por visitar os espaços de cultivo de ananás, coco, banana ou marijuana medicinal. As explicações são breves. O sol ainda não se pôs e faz calor. No regresso à casa-mãe, há duas Red Stripes, a mais famosa cerveja local, à nossa espera. Segue-se um jantar de seis pratos, responsabilidade da chef Alecia. O projeto de show cooking No Farm, No Food é uma forma de divulgar os produtos da terra e a importância dos produtores locais para a economia nacional. Num grupo de oito pessoas, além de dois portugueses, há norte-americanos (EUA e Canadá) e ingleses preparados para descobrir a salada de papaia com coco e sumo de fruta, creme de abóbora com leite de coco, patties (uns maravilhosos pastéis que deixarão boas recordações ao longo da semana) com cenoura e especiarias, camarão bem condimentado com bolo de banana, vinho e cerveja. No final, também haverá rum velho, música, a cargo dos funcionários da quinta, e a certeza de um primeiro dia tão preenchido quanto proveitoso.

Todos os anos, mais de dois milhões de pessoas escolhem a Jamaica para passar férias. Chegam por ar e por mar e querem cada vez menos os lugares-comuns.

Não é de hoje – nem de há 25 anos –o turismo na Jamaica. Em meados da década de 1920, a ilha recebia cerca de onze mil pessoas por ano. No fim dos anos 1930, em vésperas da Segunda Guerra Mundial, os visitantes anuais já ultrapassavam os 65 mil e no final da década de 1960 – graças à chegada de mais de 170 navios de cruzeiro – eram 226 mil pessoas. E nunca mais parou de aumentar: meio milhão nos anos 1970, um milhão na década de 1980, milhão e meio de visitantes no fim do século XX. Depois vieram os ataques de 11 de setembro de 2001 e tudo mudou no turismo internacional. Só em 2012 a ilha viria a ultrapassar dois milhões de visitantes/ano, mas muita água correu desde 1994. Nestes anos, a ilha de quase onze mil quilómetros quadrados e os seus 2,9 milhões de habitantes tiveram de enfrentar cerca de vinte graves episódios meteorológicos, como seis furacões, diversas cheias e períodos de seca. Além de cinco eleições para o governo central e a saída de centenas de milhares de cidadãos para EUA ou Inglaterra, os dois grandes centros da emigração jamaicana.

«Estou desiludido. A Jamaica poderia ser muito melhor. Eu pensava, há 25 anos, que estaríamos noutra situação. Os políticos não fazem o suficiente. Com os recursos que temos, a Jamaica poderia ser um dos melhores países do mundo.» O lamento é de Jimmie, comandante da jangada de bambu no rio Martha Brae, uma das grandes atrações disponíveis para quem está na região de Montego Bay e a curta distância de Falmouth. O percurso de bamboo rafting é tranquilo, no meio da natureza e apto para todas as idades e condições físicas. A rainha Isabel de Inglaterra e o ator Chuck Norris já o fizeram… Jimmie não perde muito tempo com lamúrias, optando por desfiar – ao longo das quase duas horas de viagem – alguns dos maiores êxitos de Bob Marley. Se há um quarto de século o rei do reggae era a figura jamaicana incontornável a nível internacional, hoje Marley já não está sozinho na lista de notáveis. «Andei na escola com a mãe de Usain Bolt», diz-nos Jimmie, ou JK Poling, de nome artístico, do alto da sabedoria dos seus 58 anos. O recordista mundial de 100 e 200 metros é orgulho de uma nação de velocistas onde o críquete continua a ter milhares de adeptos. «Era um bom miúdo e continua a ser.» Bolt é o herói nacional. Marley continua a ter um lugar privado no coração da nação jamaicana, mas os tempos, de facto, mudaram.


Em novembro de 1994, a primeira edição da revista Volta ao Mundo foi para as bancas. Esta foi a capa dessa edição. Um quarto de século depois, voltamos à Jamaica para ver o que mudou. Andámos nas mesmas jangadas de bambu, vistámos a capital Kingston, subimos às Blue Mountains, mergulhámos nas águas de Negril Montego Bay e Ocho Rios, fazendo grande parte do percurso de há 25 anos. Naquela primeira edição os restantes destinos em destaque foram o Lake District, a Inglaterra romântica e o arquipélago das Seychelles, tituladas como as sete irmãs de Vasco da Gama. Mas havia muito mais para descobrir: Santiago de Compostela, roteiros culturais de Paris, Madrid e Nova Iorque ou uma viagem pelo estado norte-americano do Colorado. Estivemos também no Rajastão indiano e nas portuguesas Sortelha, Constância, Óbidos e São Martinho. O mundo mudou – e nós com ele –, mas o desejo de partilhar e contar histórias, apresentar destinos, conhecer gente de todos os continentes e voltar a casa continua bem vivo na redação, na fotografia, na arte, na produção, na revisão de textos, em todos os setores que há 25 anos fazem desta a sua revista de viagens.

[Imagem: Direitos Reservados]

Encostamos à margem, Jimmie reivindica a sua gorjeta. O modo norte-americano de vida, com a quase obrigatoriedade de compensação monetária por um serviço prestado que, entretanto, já tinha sido pago, será uma constante durante a estada na Jamaica. Conte com isso quando estiver a preparar o orçamento para esta viagem. O custo de vida no dia-a-dia é suportável pelas carteiras portuguesas, mas não se esqueça de juntar às contas algumas dezenas de dólares para gorjetas.

E lá seguimos viagem, passando por Discovery Bay, onde Cristóvão Colombo terá desembarcado em 1494. Ou terá sido Rio Bueno, um porto natural a curta distância? A dúvida persiste e não será desfeita no Columbus Park, um deteriorado espaço museológico ao ar livre junto à costa. Só a fábrica de bauxite vizinha ganha em protagonismo, assemelhando-se a um gigantesco OVNI. A exportação para a Rússia deste recurso mineral que dá origem ao alumínio é uma atividade lucrativa para a Jamaica, só ultrapassada pelo turismo, pela agricultura e pela pesca. Eram estas, aliás, as principais atividades dos aruaques e dos taínos, os povos indígenas da ilha que Colombo e seus homens encontraram quando aqui chegaram no final do século XV. Xaymaca, «terra de madeira e de água», era o que lhe chamavam os indígenas que não escaparam com vida para contar a história. Mortos pelos invasores e pelas doenças trazidas da Europa, os elementos destas tribos são hoje apenas uma memória da história jamaicana, apesar de terem aqui habitado há cerca de 1200 anos.

Quem conseguiu escapar juntou-se aos revoltosos escravos trazidos de África e encontrou guarida nas montanhas, formando as comunidades Maroon. Essas, sim, chegaram ao século XXI.

As piscinas naturais Blue Hole, em Ocho Rios, merecem uma visita prolongada. Prepara-se para emoções fortes em plena natureza e com segurança.

É a um encontro dessas comunidades que temos a sorte de poder assistir, em Charles Town, a menos de setenta quilómetros de Ocho Rios, a próxima paragem deste regresso à Jamaica. Mais do que um encontro, é a 11ª Conferência Anual Internacional e Festival Maroon. O tema é a paz e, além dos inflamados discursos, esta é uma boa oportunidade para entender o apelo e a herança africanos que esta fatia dos jamaicanos continuam a sentir. Afinal, estamos num país com mais de noventa por cento da população a descender diretamente de africanos. Isso vê-se no dia-a-dia através da comida, da música, da dança, dos rituais, da roupa e tudo pode ser experienciado ao longo de quatro dias, todos os anos, aqui em Charles Town.

O lema «De muitos, um povo» faz parte da bandeira jamaicana. Além da influência africana, a costela europeia está presente no país. E a asiática também, como se confirma rapidamente ao falar com Elise Yap, jamaicana de gema com ascendência alemã e chinesa. É a dona do The Blue House, o alojamento local que nos vai servir de base nos próximos dias, em redor de Ocho Rios. É ali que vive com o irmão e a mãe. Leva-nos ao rio, bem perto de casa, onde duas mulheres e algumas crianças mergulham vestidas. Juntamo-nos. A água é bem mais fria do que no mar das Caraíbas, mas esse é o atrativo principal – em especial para os habitantes locais. A mesma satisfação pela baixa temperatura da água iremos encontrar em Frenchman Cove, considerada uma das praias mais bonitas do mundo. O rio corre até ao mar e a divisão de público é simples: habitantes locais muito mais tempo em água doce; visitantes estrangeiros quase na totalidade a apanhar as ondas do mar. A envolvente natural é de filme e o local é tão exclusivo que só para aceder à praia são dez dólares por pessoa. Ali bem perto está outro ponto imperdível na Jamaica: a Lagoa Azul. Exato, essa, a do filme de 1980 com Brooke Shields. Um passeio de barco é a melhor opção e assim poderá também descobrir outros cenários que ficaram na história, como aqueles que deram corpo a Cocktail (o filme com Tom Cruise) ou às expedições do oceanógrafo francês Jacques Cousteau. Este foi um daqueles dias com sal no corpo e dificilmente poderia ter sido melhor, mas a Jamaica consegue sempre surpreender-nos.

No dia seguinte acordamos bem cedo e partimos em direção a Kingston, a capital que quase sempre é desaconselhada aos turistas. A elevada taxa de crimes violentos entre as décadas de 1960 e de 2000 funcionou como travão para os mais afoitos, mas a partir de 2009 os números baixaram significativamente, quase um terço. Hoje, a capital da Jamaica pode e deve ser visitada porque não faltam razões de interesse. Comecemos pela mais turística: o Museu Bob Marley. Por 25 dólares americanos terá direito a entrar na casa para onde Marley se mudou depois de já ter alcançado a fama e o sucesso. A outra casa, onde viveu durante a infância, fica nas montanhas (Nine Mile) e funciona hoje como mausoléu. Esta é onde os fãs podem encontrar discos de ouro e platina, cartazes, roupa, mesas de mistura, recortes de jornal e até as marcas das balas que foram disparadas contra o cantor em 1976. É demasiado turístico? Sim. Bob Marley concordaria com todo este merchandising e culto da personalidade? Provavelmente não, mas quem gosta de Bob Marley vai sentir-se em casa. Com exceção daquela rapariga norte-americana que fez a visita connosco e levava vestida uma T-shirt de Justin Bieber. Mais do que não ter noção do ridículo, é insultar a memória de um génio.

A viagem pela vida de Marley continua no bairro de Trenchtown, onde alguns dos grandes sucessos do cantor jamaicano foram compostos. O pátio de Trenchtown, os três pequenos pássaros à porta, tudo aconteceu neste bairro de concrete jungle que, de território de entrada proibida, passou a estar presente no roteiro de Kingston. Sempre com um guia local preparado para nos ambientar a tudo o que é tradicional por aqui. Tudo. Não só é possível visitar estes pátios hoje virados para a atividade cultural, como também se pode lá dormir. Basta procurar nas plataformas de alojamento local. A curta distância deste lugar histórico está o National Heroes Park, onde estão sepultadas as grandes figuras do país. É um poiso interessante para quem gosta de história, mas também de comida. É que na estrada mesmo em frente as vendedoras ambulantes de caranguejo merecem uma visita.

A praia de 7 Mile, em Negril, continua a ser um cartão-de-visita da Jamaica. Percebe-se porquê…

E sempre em direção ao mar fica o sétimo maior porto natural do mundo – a Waterfront de Kingston. De um lado o mar, do outro as montanhas, mas não umas montanhas quaisquer. São as Blue Mountains, onde ficam o ponto mais alto da Jamaica e as plantações daquele que é considerado um dos melhores cafés do mundo, o Blue Mountain Coffee, na Craighton Estate, em Irish Town. Três quartos da produção anual de 2,3 milhões de quilos vai para o Japão. O clima é ideal para as quarenta mil plantas de café, como se comprova numa visita à propriedade.

Os dias estendem-se na Jamaica, há sempre mais alguma coisa para ver. E ainda não se falou dos rastafaris, uma das imagens de marca da ilha. Representam menos de cinco por cento da população, mas continuam a ter uma aura especial na sociedade jamaicana. O seu modo de vida pode ser mais bem compreendido em Porto Bello, perto de Montego Bay. É lá que encontramos Juan Love, guia da Aldeia Rastafari. O projeto começou há cerca de dez anos e por ali vivem umas vinte pessoas. «A ideia é construir uma comunidade que sirva de exemplo para outras comunidades», diz Juan. Sempre com um brilho nos olhos, guia-nos pela história comum com a Etiópia, fala do imperador Haile Selassie, apresenta-nos aos restantes habitantes, dá-nos a provar os produtos que vendem por ali, como chocolate ou coco. Do momento em que se atravessa um pequeno rio para chegar à aldeia, até ao segundo em que nos despedimos, Juan mantém a serenidade que conseguimos encontrar ao longo dos dias que aqui passámos. Passaram 25 anos, o modo de viajar e de fazer turismo na Jamaica mudou. A internet, a busca pela oferta personalizada ou a não massificação da viagem tornaram a experiência diferente, mas a Jamaica será sempre a Jamaica. E cá voltaremos, sem dúvida.


Guia de viagem

Ir

Existem voos para a capital, Kingston e para Montego Bay, do lado norte da ilha, desde 850 euros. Muitos dos programas dos operadores combinam voos e alojamentos.

Documentos

Passaporte (viajantes de Portugal não necessitam de visto para estadas até 30 dias).

Moeda

Dólar Jamaicano (JMD) 1 EUR = 150.5 JMD.

Fuso Horário

GMT-6 horas.

Idioma

Inglês e patuá jamaicano.

Dormir

Montego Bay

Hotel Riu Palace
É um resort à beira-mar em regime de tudo incluído, só para adultos. Tem vários restaurantes temáticos e um bufft convidativo, bar e discoteca nas próprias instalações, mas também nos dois hotéis adjacentes, que fazem parte da mesma cadeia. Ambiente descontraído e festas temáticas em cada noite.
Quarto duplo desde 950 euros por três noites (estada mínima)
riu.com

Negril

Catch a Falling Star
Nas escarpas de Negril. Cabanas à beira-mar, zonas comuns ao ar livre, mas cobertas, serviço personalizado e atencioso. O som da ondulação, à noite, embala o sono deste pequeno recanto pensado para casais ou viajantes solitários.
Quarto duplo desde 85 euros por noite sem pequeno-almoço
catchajamaica.com

Ocho Rios

The Blue House
Elise Yap e sua família são excelentes anfitriões num país que aposta cada vez mais num turismo de proximidade. As refeições nesta casa (preparadas pelo incrível Darryl, irmão de Elise) valem pela viagem, com receitas tradicionais e sempre muito assunto de conversa à mesa. É a sensação de se estar de férias em casa de amigos. Praia, montanha e rio a curta distância.
Quarto duplo desde 160 euros por noite com pequeno-almoço (estada mínima de três noites)
Tel.: + 876 9941367
thebluehousejamaica.com

Comer

Jerk é a palavra associada a comida que mais vai ouvir durante a sua estada na Jamaica. Trata-se do tempero especial aplicado a frango, camarões, peixe, carne, dá para tudo. O condimento não é demasiado picante (a não ser que peça). Uma das instituições a nível nacional é o frango frito, seja comprado na grande cadeia norte-americana que o tornou célebre seja na comida caseira. De entre todas as delícias jamaicanas, há que destacar o pattie. Existe praticamente em cada esquina e trata-se de um pastel que pode levar dentro o que cada restaurante ou banca de rua servir: queijo, carne, peixe, é à escolha do freguês. Para facilitar a escolha, deixamos algumas sugestões.

Rick’s Café
Pode ser considerado uma armadilha para turistas, mas vale pelo pôr do Sol, pelos cocktails e pelos mergulhos desde a escarpa. Preços exagerados, mas paga-se a fama e a localização.
Facebook: Rick’s Cafe

Zimbali Retreats
A experiência do show cooking e a visita a esta quinta valem a viagem pela estrada de terra e pedra. O ambiente festivo, os produtos da terra, o menu de seis pratos e as conversas à mesa são boas recordações.
zimbaliretreats.com

Juici Patties
É a mais reconhecida cadeia de patties do país e é fácil encontrá-la nas principais cidades e localidades. É daqueles sítios aonde se vai à confiança, porque não há pastéis como estes. Com dois e uma bebida está o almoço feito.
juicipatties.com

Visitar

Deslocar-se na ilha não é difícil, seja nas típicas excursões seja em carro alugado. Há que cumprir os limites de velocidade e entender que Kingston, a capital, não é um resort turístico.

Museu Bob Marley
A herança do rei do reggae, numa visita que tem o custo de 25 dólares americanos mas que faz recordar a carreira e a vida deste ícone do século XX. Tenha em conta que não é permitido fotografar ou filmar no interior das instalações e os guias e seguranças levam essa regra muito a sério.
bobmarleymuseum.com

Craighton Estate
É a propriedade onde se cultiva aquele que é considerado o melhor café do mundo: o Blue Mountain. Faça a visita, beba o café e fique a saber mais sobre esta marca que ultrapassou as fronteiras da ilha.
jamaicancoffe.com/collections/blue-mountain


Agradecimentos

A revista Volta ao Mundo viajou a convite do Jamaica Tourist Board.


Reportagem publicada originalmente na edição de novembro de 2019 da revista Volta ao Mundo, número 301.

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