Johnny Ward tem 36 anos e tornou-se milionário enquanto dava a volta ao mundo.
Antes de partir numa aventura de dez anos que o levou a viajar por todo o mundo – mais precisamente por 197 países -, Johhny vivia com a mãe e irmã em Galway, na Irlanda, no seio de uma família pobre. Depois de acabar o ensino secundário, mudou-se para Inglaterra para estudar Economia Internacional.
Após terminar os quatro anos de licenciatura, não se sentia feliz com a ideia de arranjar um trabalho de 40 horas semanais, em que tivesse de estar fechado num escritório frente a um computador. Por isso, viajou até Nova Iorque, onde passou o verão a trabalhar num acampamento para crianças desfavorecidas. No fim do verão, decidiu viajar pelos Estados Unidos. Quando regressou à Irlanda, estava completamente falido. Mas a ideia de fazer um «gap year» – um ano de pausa, durante o qual as pessoas normalmente aproveitam para viajar – não lhe saía da cabeça.
Como a mãe não conseguia pagar-lhe as viagens que iria fazer durante esse ano, Johnny teve desesperadamente de arranjar uma solução: ir para a Ásia ensinar inglês. Desta forma, poderia viajar e pagar as suas despesas. Mas para tal era necessário uma verba, já que precisava de ter qualificação para ensinar a sua língua, e pagar os voos para os países asiáticos onde fosse lecionar.
Como a mãe não conseguia pagar-lhe as viagens que iria fazer durante esse ano, Johnny teve desesperadamente de arranjar uma solução.
Para o conseguir, decidiu inscrever-se como candidato a pesquisa médica, ficando fechado num hospital e sendo cobaia para testes de medicamentos. E assim o fez: durante cinco semanas não pôde receber visitas nem sair do quarto de hospital, recebendo dinheiro em troca desta experiência.
Muitos estarão neste momento a questionar-se se terá valido o esforço. A verdade é que Johnny Ward conseguiu o que pretendia: passado alguns meses já se encontrava a viver na Tailândia e a ensinar inglês. Este foi apenas o início da viagem da sua vida. Sempre que poupava algum dinheiro, embarcava numa nova viagem. Quando ficava novamente sem disponibilidade financeira, voltava a dar aulas. E assim foi durante dois anos.
No entanto, aos 26 e sem um futuro certo, Ward começou a ficar preocupado com o rumo da sua vida. Acabou por mudar-se para a Austrália, com um visto de trabalho temporário de um ano. Durante esses 12 meses, nasceu o OneStep4Ward.com, um blogue de viagens que depois se tornou numa marca com mais de cem sites diferentes – a Step4WardMedia.com.
E foi com este blogue que conseguiu dar a volta ao mundo: «O dinheiro não era um objetivo, a liberdade sim. Tornei-me livre», afirma Johnny.
O viajante conseguiu ganhar mais de um milhão de euros – a grande maioria através de publicidade nos seus sites -, criou uma start up de educação em Hong Kong e uma empresa de marketing especializada em dentistas e clínicas dentárias. Como conseguiu este feito? Johnny Ward diz que foi simples: começou o blogue sobre viagens, e passado pouco tempo já fazia sete mil dólares por mês através do site. Sentiu então a necessidade de criar mais blogues e contratou alguns escritores. De repente, recebia cerca de 50 mil dólares (46 850 euros) por mês. Depois, começou a investir, até juntar uma fortuna que ultrapassa um milhão de euros.
O One Step 4 Ward permitiu-lhe fazer aquilo de que mais gostava: viajar por todos os países do mundo. No blogue, foi contando as suas aventuras e dando conselhos a todas as pessoas que tivessem o mesmo sonho. Quando não estava em viagem, estava em Banguecoque, onde comprou uma casa para guardar todos os seus pertences.
Ao Telegraph, Johnny Ward contou que, apesar de não conseguir escolher o seu lugar preferido dos 197 países que pisou, Guilin na China, Lalibela na Etiópia, os Himalaias, a caça de chitas selvagens em Serengeti e a final do Mundial no Rio de Janeiro estão no seu top 5.
Para Ward, qualquer pessoa que esteja disposta a dedicar-se a 100% a um blogue e a contar a sua vida na Internet poderá conseguir o mesmo que ele. E estamos a falar de mais de um milhão de euros.
Claro que Johnny diz que terá de continuar a trabalhar: a maioria da sua fortuna está aplicada em bens, e um dos seus grandes objetivos de vida passa também por ajudar as outras pessoas, estando envolvido em vários projetos de caridade. Para além disso, viajar custa dinheiro – e isso ele nunca irá deixar de fazer.
A Noruega foi o último país visitado. Passaram dez anos desde que se lançou na sua primeira viagem, mas pelos vistos uma volta ao mundo não foi o suficiente.