Pode-se visitá-la pelos caminhos da fundação da nação americana, da herança celta (e das glórias dos Celtics), das histórias de gangsters. Essa é a Boston que está à vista de toda a gente – mas tem, por debaixo, todo um substrato de peculiaridades, episódios insólitos e moradas semissecretas que são privilégio exclusivo de olhares atentos.

Texto e fotografias de João Mestre*

*Autor do website Grémio Geográphico

A noite ainda vai no início quando Arty P. sobe ao palco do The Comedy Studio. O público, esse já aqueceu, nas mãos do anfirião Rick Jenkins, que há 23 anos segura o leme do lendário clube semissecreto de Cambridge. Para encontrar o The Comedy Studio é preciso saber ao que se vai: não há letreiros, entra-se pela porta do restaurante chinês Hong Kong e toma-se uma escadaria íngreme forrada a alcatifa manhosa, sem indicações de qualquer espécie sobre a direção a seguir. Encontrado o porteiro, paga-se a entrada (com a indispensável apresentação do passaporte para conferir a idade) e continua-se a subir até terminarem os degraus.

Mesas corridas, tetos decorados com motivos chineses, serviço de bar a preços razoáveis – e a possibilidade de, chegando cedo, encomendar comida do restaurante. O sítio, embora estranho, tem uma inesperada atmosfera convidativa. A sala está cheia, nada mau para um clube mais ou menos clandestino. Sobre o tímido palco posto a um dos cantos, há temas recorrentes: adultos que ganham a vida a dizer piadas no sótão de um restaurante de segunda, as velhas rivalidades entre as universidades locais, o lendário mau feitio dos bostonianos.

Arty P., nascido e criado em Boston, mudou-se há pouco tempo para Nova Iorque, um olimpo para quem ambiciona viver da comédia. «Quando me fui embora, muitos amigos disseram me: “Cuidado, não deixes que a grande cidade te estrague”», diz, a meio do seu set. «Como podia eu estragar-me em Nova Iorque? As piores pessoas que conheço estão todas em Boston!» A gargalhada é generalizada.

Sim, os habitantes de Boston têm essa fama. De serem maldispostos, de não terem paciência para os outros, de serem condutores irascíveis. E essas caraterísticas podem facilmente saltar à vista no primeiro choque com a cidade. Mas, tal como em tantas outras metrópoles, os melhores atributos nem sempre estão à superfície. Por vezes, é preciso «escavar» para encontrá-los.

O que escondem as fachadas

«Estamos escondidos à vista de toda a gente no número 6 da Clearway Street», avisa o website da Bodega. É verdade: quem passa na rua até pode olhar duas vezes para a montra, mas dificilmente se sentirá tentado a entrar. Nas vitrines, há frascos de picles, fieiras de latas de feijão, rótulos comidos pelo sol, caixas de detergente. Uma mercearia parada no tempo que fará o passante incauto questionar-se como pode um sítio destes manter-se aberto, em particular numa localização tão central, a dois passos da Huntington Avenue. Mas basta reparar no constante entra-e-sai de jovens para perceber que algo se passa. No interior, prateleiras alinhadas com frascos de tira-gorduras, caixas de cereais, latas de molho de tomate, o mesmo ar poeirento da montra, e ao balcão uma empregada com a tal «simpatia» estampada no rosto. Ao fundo do exíguo espaço, uma máquina de venda de refrigerantes que é, afinal, a porta para todo o segredo: é preciso chegar-lhe bem próximo para ativar o sensor que a faz deslizar, revelando uma sala secreta onde fia a loja de roupa, calçado e acessórios de estilo urbano mais badalada de Boston. Os preços não serão para todos, é certo, mas a entrada é livre – e a experiência impagável.

No bairro bem-posto de Back Bay, destaca-se, pelo passeio, a Commonwealth Avenue, ladeada de mansões habitadas por gente endinheirada. Para as compras, há variedade q.b na vizinha Newbury Street.

Caso haja seis dólares para dispensar, a Clearway Street tem outro ponto de interesse. Bom, «interesse» será talvez um fraco vocábulo. A Igreja de Cristo Cientista não é apenas interessante – é toda uma revelação, e não há qualquer sentido religioso nesta frase. «Cristo» e «cientista» não são palavras que se veja juntas todos os dias, e isso desde logo chega para espicaçar a curiosidade. Mas quanto mais se escava, mais raro o assunto se torna. Não só pela imponência da Mother Church, inesperado edifício neorrenascentista com uma cúpula de proporções esmagadoras, ou pela leveza de traços do complexo que rodeia o templo, gizado pelo ateliê de I.M. Pei, mas sobretudo pelos detalhes que envolvem este ramo do cristianismo, assente na crença no poder curativo da oração, fundado em Boston e por uma mulher – sublinhe-se esse facto, a par do ano, 1879, ainda a procissão do feminismo ia no adro. Mary Baker Eddy tem o seu nome por toda a parte neste complexo, em particular na biblioteca, onde quem quiser pode satisfazer a sua curiosidade sobre os ensinamentos da ciência cristã. Mas não é tanto a doutrina que faz merecer a visita.

No interior da Mary Baker Eddy Library esconde-se um tesouro que vale muito mais do que os seis dólares do bilhete. Tem, porém, um problema. Um bom problema: lá dentro não se pode fimar ou fotografar. Portanto, ainda que o visitante não possa trazer consigo uma recordação (gratuita, entenda-se; há postais, ímanes e outras reproduções à venda na bilheteira), tem a garantia de que não terá pela frente dezenas de telemóveis em riste a instagramar tudo e mais alguma coisa. Por vezes, a viagem faz-se apenas com os olhos, e guarda-se na memória. O que fiar de fora é valor acrescentado para não estragar a surpresa a quem ali entra pela primeira vez. O Mapparium merece ser visitado com os sentidos despertos. Trata-se de um globo terrestre gigante, atravessado por uma ponte a todo o diâmetro (nove metros) e revestido a painéis de vidro onde está pintado um mapa que retrata o mundo de 1935. A perspetiva, de caminhar pelo interior de um globo, é inédita, mas há outros detalhes a prender a atenção. Como o alcance do Portugal de então, uma mancha roxa que apanha África, Índia, Timor. Ou os países que já não existem, e os outros que passaram a existir depois. Mas a maior curiosidade são os efeitos acústicos que o revestimento não absorvente origina: se duas pessoas estiverem cada uma em sua ponta do passadiço, basta sussurrar junto da parede para que se façam ouvir nitidamente do lado oposto. E quem se colocar bem no centro, debaixo do Pólo Norte, irá ouvir a sua voz como nunca ouviu – irá ouvi-la fora do corpo, algures entre uma gravação de incrível limpidez e a sensação de estar a ouvir uma mensagem dos céus. E isso não há selfi ou instastory que consigam reproduzir.

A propósito de histórias curtas, mas com mais substância, é aqui que entra no caminho o Prudential Center, um dos edifícios mais altos e emblemáticos do skyline bostoniano. É difícil não reparar nele, tanto pelos seus 228 metros de altura como pela proximidade do complexo Cristo Cientista. Numa primeira olhada, parece um arranha-céus como tantos outros, onde há um centro comercial como tantos outros – e lojas que se encontram por toda a América do Norte, algumas também na Europa. Tem atrativos de topo, nomeadamente a subida ao seu 50º piso, o Skywalk Observatory, para uma panorâmica de 360 graus sobre a cidade. Mas também tem graças em ponto pequeno.

Na galeria comercial, perto do átrio central, está uma maquinola laranja e preta que em tudo lembra um quiosque de tirar senhas. Até que se pressiona um dos seus botões – no lugar do papelinho com o número de chegada, saem histórias. Contos para ler em um, três ou cinco minutos, consoante a quantidade de tempo que se tenha para matar. Chama-se Short Stoy Dispenser, é gratuito e constitui uma bela alternativa a mergulhar a cara num ecrã para entorpecer as esperas.

Uma cidade de «primeiros»

O Prudential fia ensanduichado entre a Huntington Avenue e a Boylston Street, duas avenidas fundamentais que se encontram na Copley Square. Aqui, possível déjà-vu, fiam dois dos edifícios locais mais revisitados na televisão e no cinema – de um lado, a Boston Public Library, do outro, a imensa Trinity Church, um amalgamado arquitetónico oitocentista de inspiração românica que contrasta visivelmente com as torres modernas em redor, nomeadamente a John Hancock Tower, que tanto lhe faz de sombra como de espelho. Mas, em matéria de fama televisiva, adiante há uma «capelinha» bem mais familiar a incluir no roteiro – em especial para quem via televisão nos anos oitenta. Para lá chegar, importa atravessar o Boston Public Garden, e de caminho aproveitar o passeio para explorar também o seu vizinho Boston Common, apresentado pela City Hall como o primeiro parque público americano, com a data de 1634. Juntos, os pulmões da cidade ocupam trinta hectares, por entre lagos, relvados e recantos para observar a cidade, ali perto, como quem está a mirá-la ao longe. Depois, há também distrações como campo de basebol, esquilos atrevidos que pedincham comida, barcos a pedais em forma de cisne e monumentos, uns mais curiosos do que outros – com as estátuas de rãs junto ao Frog Pond e um cortejo de patos esculpidos em bronze (a peça chama-se Make way for ducklings) em grande destaque.

Os habitantes de Boston têm a fama de ser mal-dispostos, impacientes, irascíveis no trânsito. Mas, tal como em tantas outras metrópoles, os melhores atributos nem sempre estão à superfície. É preciso «escavar» para encontrá-los.

O Boston Common é apenas um de muitos «primeiros» americanos que a cidade se orgulha de ostentar: a primeira universidade (Harvard, 1636), o primeiro jornal (o imediatamente extinto Publick Ocorrences Both Forreign and Domestick, em 1690), mas também assuntos mais mundanos e duvidosos como o primeiro bordel (1672) ou o primeiro avistamento de um ovni (1639). A lista é longa. E inclui também este, que não enche com a mesma dose de orgulho toda a população: o Massachusetts, de que Boston é capital, foi o primeiro estado norte-americano a banir as happy hours, num esforço para reduzir o número de acidentes causados pelo abuso de álcool. A proibição ainda vigora, com um crescente coro de protestos apontado ao puritanismo latente.

A lei data de 1984, ano em que, ironicamente, a cidade ganhava crescente fama no pequeno ecrã à boleia de um pub cheio de bê- bados habituais, conversas da treta e um barman feito confiente e confortador dos infelizes que lhe entravam porta adentro. Cheers durou de 1982 a 1993 e foi uma das sitcoms de maior sucesso da sempre, detentora de 28 Emmys (e o recorde de 117 nomeações, o máximo registado por uma comédia), listada pela Rolling Stone no número 20 do seu top dos 100 Maiores Programas Televisivos de Sempre.

Quem passar diante do número 84 da Beacon Street de imediato conhecerá a placa de letras douradas com uma mão de indicador espetado a apontar às escadas que descem para a cave. Isto por entre a multidão que ali se forma para o retrato diante do bar mais famoso de sempre. O Cheers, que na verdade se chamava The Bull & Finch até os donos terem decidido aumentar a faturação com uma simples mudan- ça de nome, não é propriamente o sítio «onde toda a gente sabe o teu nome». Muito menos um segredo, como o tempo de espera por uma mesa bem evidencia. Não deixa, contudo, de ser um bom poiso, entre tantos outros, para descansar os pés e refrescar a garganta, tanto melhor se com as cervejas locais Sam Adams, Harpoon, Wachusett. Tudo a preços de tabela porque, já se sabe, não há happy hours nesta terra.

Um cheiro doce que engana

Ainda a respeito de álcool, outra história sobressai na linha cronológica da cidade. Esta com contornos caricatos, se não tivesse sido uma verdadeira, ainda que insólita, tragédia. O episódio é conhecido na memória coletiva local como a Boston Molasses Flood. A grande cheia de melaço, como evocada pela placa memorial que hoje existe no sítio onde tudo começou.

Contextualizando: para alimentar o esforço militar na I Guerra Mundial, várias destilarias produziam álcool destinado ao fabrico de explosivos. Álcool esse obtido a partir do melaço, proveniente de engenhos de açúcar no Caribe e armazenado em grandes tanques de aço na zona portuária do North End. Em janeiro de 1919, um desses tanques explodiu.

Para efeitos de escala, convém juntar números: o tanque da Purity Distilling Company tinha 15 metros de altura e capacidade para 7,8 milhões de litros. Quando as juntas cederam à pressão das 11,8 mil toneladas de melaço que o reservatório continha, uma torrente de matéria viscosa invadiu as ruas. Estima-se que a onda formada na explosão tenha atingido os 7,5 metros de altura por 48 de largura, deslocando-se a uma velocidade de 56 quilómetros/hora. O sufciente para, numa questão de segundos, inundar dois quarteirões, destruir os pilares da linha elevada de comboio, arrasar vários edifícios. E fazer 21 vítimas mortais. Na ressaca da calamidade, foram implementadas normas de segurança de construção que ainda hoje vigoram. O melaço, esse levou várias semanas a ser limpo das ruas. O seu cheiro açucarado, diz-se, perdurou por décadas. Um cheiro enganador: doce, porém amargo na memória.

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A Newbury Street fia longe dali, no bairro bem-posto de Back Bay, a um par de quilómetros do North End – coisa para trinta minutos de caminhada, cruzando novamente o Common e o Public Garden. É pouco provável que esse persistente aroma de melaço ali tenha chegado. No entanto, outro cheiro enganador enche as narinas de quem passa nas imediações do número 279. Cheira a bolos a sair do forno e isso não só desperta a gula como faz reparar na Johnny Cupcakes e nos toldos com um queque e duas pás de forno cruzadas, ao estilo de bandeira de piratas – uma pastelaria com espírito punk, diria a lógica do óbvio. Mas em Boston nem tudo é o obviamente lógico.

Entra-se e não há ninguém. Apenas uma sala acanhada de chão xadrez, uma mesinha à janela e um forno gigante. A medo, abre-se a porta do forno e entra-se numa câmara semissecreta. É, afial, uma loja de T-shirts disfarçada de pastelaria. T-shirts de autor, colecionáveis, ilustradas com mão e humor certeiros pelo próprio Johnny, ora brincando com fiuras da cultura popular ora jogando com símbolos da cidade (portanto, souvenirs imbatíveis), sempre com um trocadilho pasteleiro e um cupcake encaixado algures na ilustração. As peças estão expostas em frigorífios e são embrulhadas em caixas armadas, como se se tratasse de bolos a sério. Uma inesperada delícia.

Embora haja quem venha à Johnny Cupcakes em peregrinação (e mesmo quem acampe à porta) sempre que está para sair uma nova edição limitada de T-shirts, não é o único motivo para ir à Newbury Street. A rua já é de si um mimo, um alinhamento de brownstones, moradias oitocentistas de tijolo burro, com lojas a ocupar os pisos térreos porta sim, porta não. Coisas tão variadas como uma casa especializada em Harry Potter, rãs de chocolate incluídas (Fairy Shop, 272), outra que vende «ferramentas para nómadas», uma maneira pomposa e afetada de dizer acessórios práticos, presentes catitas e uma boa secção de literatura para maravilhar viajantes incorrigí- veis (Topdrawer, 273), e uma loja de segunda mão que promete rock ‘n’roll clothes, nomeadamente um grande sortido de botas, casacos de cabedal e chapéus de cowboy (Rick Walker’s, 306). Isto sem esquecer a Newbury Comics (348), poiso inevitável para toda a sorte de geeks, dedicada à BD, fição científia, séries de televisão e cinema, com livraria, T-shirts, posters, bonecada e demais merchandising, bem como uma secção de discos de vinil escolhida com critério. É fácil perder aqui um bom par de horas.

Artes: as belas, as estranhas e as feias

Último regresso ao assunto dos «primeiros»: Boston tem também a rede de metro mais antiga dos Estados Unidos, estreada em 1897. E é preciso dar-lhe uso para chegar à última paragem do roteiro. A viagem leva meia hora a partir da estação de Arlington, ao fundo da Newbury Street, com troca para a linha vermelha em Park Street. E termina na estação de Davis, na praça central de Somerville, cidadezinha pacata nas barbas de Boston. Um subúrbio de moradias perfeitas, fachadas de madeira pintada, alpendres, relvados cuidados. Um sítio bonito para se passear.

Somerville tem o seu quinhão de museus, alguns bastante fora da noção habitual de museu. Há o Museum, escrito assim mesmo, com a letra grega «miú», que no sistema internacional de unidades signifia «micro». Porque, na verdade, é um micromuseu, apenas uma montra do tamanho de uma folha A3, ensanduichada entre o pub The Independent e um Subway’s, onde apenas expõem artistas da região de Nova Inglaterra. E depois há, nas imediações de Davis Square, o Museum of Modern Renaissance, que não só não está de portas abertas, como seria de esperar, como não tem nada que ver com o movimento artístico nascido no século XIV. É antes um antigo templo maçónico que dois artistas russos transformaram numa galeria de murais sem espaços em branco, uma amálgama psicadélica de fiuras mitológicas, ícones religiosos e cores saturadas. Visitas, só em grupos a partir de dez pessoas ou durante a iniciativa Somerville Open Studios, em maio.

Sim, há museus bastante peculiares em Somerville. Mas nenhum vence o MoBA. Note-se a sigla, até parece uma coisa pomposa, à escala de um MoMA nova-iorquino, o que não podia estar mais longe da realidade. O pretensiosismo figido faz parte do encanto do Museum of Bad Art. Museu da Arte Feia é uma tradução possível para esta casa que tem por assinatura «Arte demasiado má para ser ignorada» e se dedica a dar visibilidade aos grandes falhan- ços artísticos. Quadros produzidos em série, pinturas de crianças, souvenirs para turistas, nada disso entra na coleção deste museu que, embora dedicado à má qualidade, tem um crivo muito apertado na escolha das peças. Para uma obra entrar no MoBA, lê-se no manifesto, «tem de ter sido criada por alguém que se esforçou seriamente por fazer um statement artístico mas, no processo, algo correu terrivelmente mal».

A coleção comporta já mais de seiscentas peças, meia centena exposta de cada vez – em paredes pouco nobres, sem grandes exigências de esquadria ou iluminação e sempre com legendas de humor acutilante a acompanhar cada quadro. É o proverbial «tão mau que é bom» aplicado em contexto de museu. Porventura, o único museu de arte onde o silêncio habitual é substituído por gargalhadas e roncos de riso contido.

O que torna o MoBA ainda mais especial é a sua localização. Tornava, aliás: até abril deste ano, o museu estava escondido no corredor das casas de banho do Somerville Theatre – um cinema centenário que é um delírio para cinéfios e merece, por si, só a visita. Bastava ter bilhete para uma sessão e vontade de ir ao WC para achar esta galeria de magníficas aberrações. Agora o MoBA está em processo de mudança de casa, para morada a anunciar no website. Mas, enquanto se aguarda notícias, o website é também uma boa forma de ir aguçando o apetite pelo maravilhoso mundo da arte feia. O museu retomará dentro de momentos, num qualquer sítio que não será, porventura, aquilo que a primeira olhadela der a entender. É esse o espírito de Boston: os melhores atributos tendem a estar escondidos.


Guia de viagem

Roteiro

The Comedy Studio
Nota: Após a data da reportagem, o clube mudou de morada. Mas mantém o espírito e o humor aguçado.
1 Bow Market Way 23, Sommerville
Metro: Porter (20 minutos a pé)
Todos os dias
Entrada desde 5USD (convém reservar online)
thecomedystudio.com

Bodega
6 Clearway Street (Back Bay)
Metro: Symphony
Todos os dias
bdgastore.com

Igreja de Cristo Cientista
Christian Science Plaza (Back Bay)
Metro: Symphony
christianscience.com

Mapparium
Mary Baker Eddy Library, 200
Massachusetts Avenue (Back Bay)
Metro: Symphony
Todos os dias
Entrada: 6 USD
marybakereddylibrary.org

Prudential Center/Short Story Dispenser
800 Boylston Street (Back Bay)
Metro: Prudential
Todos os dias
prudentialcenter.com

Boston Common/Public Garden
Make way for ducklings
GPS: 42.3555, -71.0698
Metro: Arlington
Frog Pond
GPS: 42.3563, -71.0659
Metro: Park Street

Cheers
84 Beacon Street (Beacon Hill)
Metro: Arlington
Todos os dias
cheersboston.com

Boston Molasses Flood
A placa evocativa fica na Commercial Street (GPS: 42.3683, -71.0554), perto de Langone Park (North End).

Johnny Cupcakes
279 Newbury Street (Back Bay)
Metro: Copley
Todos os dias
johnnycupcakes.com

Newbury Street
(Back Bay)
Metro: Hynes Convention Center/Copley/Arlington
newbury-st.com

Museum
72½ Union Square, Somerville
Metro: Porter (25 minutos a pé)
tinymuseum.org

Museum of Modern Renaissance
115 College Avenue, Somerville
Metro: Davis
Só por marcação
mod-renaissance.com

Museum of Bad Art
O museu está em fase de mudança de morada.
museumofbadart.org

Somerville Theatre
55 Davis Square, Somerville
Metro: Davis
Sessões desde 8USD
somervilletheatre.com

Comer

Bukowski Tavern
Um pub acolhedor especializado em cervejas artesanais (e algumas experimentais), com a habitual comida de bar para acompanhar. A marcar o ambiente, música a pender predominantemente para o rock, retratos de citações de Charles Bukowski nas paredes.
50 Dalton Street (Back Bay)
Perto de: Bodega/Mapparium/Prudential/Newbury Street
Todos os dias

Pho & Basil
Comida tailandesa e vietnamita, em porções generosas, a preços acessíveis e com serviço rápido. É normal haver fila à porta, mas vale a pena.
177A Massachusetts Avenue (Back Bay)
Perto de: Bodega/Mapparium/Newbury Street
Todos os dias

Flour Bakery
Morada hipster para os fãs de brunch e grandes pequenos-almoços. Bolos gulosos, sanduíches que são uma refeição, ambiente moderninho.
Preços: 10-15USD para sandes, 4USD nos bolos. Mas vale o dinheiro.
30 Dalton Street (Back Bay)
Perto de: Bodega/Mapparium/Prudential

Cafeteria
Saladas, hambúrgueres, cervejas locais, sanduíches e petiscos, numa esplanada voltada para a Newbury Street. O poiso certo para um intervalo entre sessões de compras. Preços acessíveis.
279 A Newbury Street (Back Bay)
Perto de: Johnny Cupcakes

Saloon
Um bar a fingir que é secreto: não tem letreiro à porta, mas toda a gente parece saber onde rumar se procura bons cocktails, uma substancial carta de whiskies e comida de bar, num ambiente de outros tempos.
Preço médio: pratos, 20 USD/cocktails, 14USD
255 Elm Street, Somerville
Metro: Davis; Todos os dias.
Perto: Somerville Theatre/Museum of Modern Renaissance

Empire Garden
No coração de Chinatown, entre tantos outros restaurantes chineses, destaca-se este. Não necessariamente pela comida, se bem que os seus dim sum não têm má fama – mas pelo local, um faustoso cinema à antiga, agora feito sala de refeições.
690 Washington St. (Downtown)
Metro: Chinatown
Perto: Boston Common
Todos os dias


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Reportagem publicada originalmente na edição de dezembro de 2019 da revista Volta ao Mundo, número 302.

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