Aqui há uns meses convidaram-me para fazer parte de um painel de debate sobre viagens. Apresentaram-me como blogger de viagens. Não gostei. Já tive um blogue dedicado ao jornalismo na sua vertente mais positiva, mas blogger de viagens não sou. Sou jornalista na área das viagens, é diferente. São funções diferentes, métodos diferentes, responsabilidades diferentes e, acima de tudo, formas de viajar diferentes com resultados… adivinhem, diferentes.

bloggers de viagens muito bons, competentes, curiosos, com excelente capacidade de comunicação e partilha de informação. Com qualidade. Sigo alguns deles e delas nas redes sociais com grande interesse. Há outros que são muito maus, que vão de viagem para mostrar os produtos que os apoiam, que pouco ou nada falam ou escrevem sobre os destinos, que se preocupam apenas em mostrar muita pele, pouca roupa (mas de marca) e fotografias tão alteradas da realidade que chegam a ser chocantes.

Capa da edição de fevereiro de 2020 da revista Volta ao Mundo.

Há jornalistas na área de viagens que são excelentes, que nos contam histórias improváveis, que nos mostram imagens do dia-a-dia de um país, que nos deslumbram com vídeos, fotografias e palavras, que nos levam a viajar com eles. Tenho a sorte de ler e editar alguns desses grandes profissionais nas páginas da Volta ao Mundo, como acontece neste mês, por exemplo, com a brilhante reportagem de Rafael Estefania na Tóquio do escritor Haruki Murakami.

Há jornalistas na área de viagens que se esqueceram do seu dever de mostrar o mundo e o que podemos nele fazer, que apenas se deslumbram com um prato de lentilhas oferecido, um hotel de luxo ou umas férias na praia, esquecendo o enquadramento histórico, social e turístico de cada destino.

Há gente ótima e gente péssima neste mundo da comunicação de viagens. Há mentes brilhantes, oportunistas, conhecedores, trapaceiros, contadores de histórias e chatos. Há gente muito aborrecida no mundo das viagens, aqueles que já foram a todo o lado e dizem saber tudo. E os que nos mostram mais com uma frase ou com um comentário do que com dezenas de posts em biquíni.

Hoje, as marcas procuram muito mais o número de likes e de interações do que o conteúdo. É o mercado a funcionar, nada contra. Não venham é depois pedir a mesma qualidade. Porque um bom jornalista e um bom blogger sabem que têm de respeitar os seus leitores e parceiros; investindo no conhecimento, no trabalho no terreno e na veracidade dos factos. Os maus, nesta e noutras áreas, preocupam-se com aquilo que podem ganhar no imediato, elogiando a torto e a direito, nunca se comprometendo. Nem à sua imagem. Cada um de nós decide o caminho que quer seguir. Boas viagens!

Percorra a fotogaleria acima para conhecer alguns dos destaques desta edição.

 Ricardo Santos, Editor

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