Tesouros da Coreia do Sul vistos pelo embaixador em Portugal Chul Min Park.

Texto de Leonídio Paulo Ferreira

Artigo publicado originalmente na edição de maio de 2018 da revista Volta ao Mundo, número 283.

«Costumamos dizer no meu país que para um coreano a comida é o melhor remédio», diz Chul Min Park, embaixador que chegou a Lisboa em novembro de 2016. E este dito popular tem base científica: hoje é assumido que o consumo de alimentos fermentados previne a diabetes, contraria a obesidade e retarda o envelhecimento. Aliás, o kimchi, a couve branca fermentada e temperada com pasta de malagueta vermelha que é adorada pelos coreanos, é considerado um dos cinco alimentos mais saudáveis pela OMS.

Surpreendido por Portugal não ter um restaurante coreano, o diplomata tem-se esforçado por dar a conhecer a riqueza gastronómica da Península Coreana («em matéria de comida, Norte e Sul têm a mesma tradição, somos o mesmo povo») e no ano passado chegaram a vir quatro chefs da Coreia do Sul para uma semana coreana no Hotel Epic Sana, em Lisboa. «Um sucesso», sublinha Chul Min Park, que pretende, através de uma chef que virá trabalhar para a embaixada em Lisboa, incumbida dos jantares oficiais, promover eventos de promoção da culinária coreana.

Famosa pelos produtos tecnológicos, a Coreia do Sul não só é a 11ª economia mundial, como tem uma imagem bastante positiva graças à sua democracia a contrastar com o regime dinástico na Coreia do Norte. O chamado soft-power joga a favor da popularidade do país de 50 milhões de habitantes, com o k-pop, por exemplo, a ter seguidores mundo fora, incluindo Portugal, onde se realiza todos os anos um festival. Agora é a gastronomia a via para reforçar o conhecimento do país.

Embaixador Park destaca bibimbap, bulgogi e samgyetang como os pratos mais populares. [Imagem: Paulo Spranger/Global Imagens]

O embaixador explica que existem três condimentos essenciais: o doenjang (pasta de soja), o gochujang (pasta de malagueta vermelha) e o ganjang (molho de soja). «Pode ter só um, dois ou mesmo os três, mas um prato sem um dos jangs não é gastronomia coreana», alerta o diplomata, nascido em 1964 em Busan.

Quadro do Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 1989, Chul Min Park tem um filho e uma filha. Recorda que noutros tempos, as mulheres de casa família juntavam-se para fazer kimchi para todo o inverno, produto diferente de casa para casa. Servido sempre como acompanhamento, tal como o arroz cozido, o kimchi é algo que os coreanos adoram, mesmo que as novas gerações um pouco menos.

Segundo o embaixador, três pratos ocupam o pódio nas preferências dos coreanos: o bibimbap, uma mistura de arroz com vegetais e pasta de malagueta vermelha; o bulgogi, tiras de carne de vaca marinadas em molho de soja e grelhadas; e o samgyetang, frango cozido com recheio de ginseng. Para acompanhar, ou soju, bebida alcoólica feita de batata, ou makgeolli, um licor de arroz. Em breve, talvez possa experimentá-los em Lisboa.

Imagem de destaque: Direitos Reservados

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