Consulado em Macau aconselha portugueses a seguirem orientações das autoridades
[Imagem: iStock/D.R]

O consulado geral de Portugal em Macau e Hong Kong aconselhou hoje a comunidade portuguesa a seguir as orientações das autoridades do território, no âmbito das medidas de prevenção face ao novo coronavírus chinês.

Até agora, Macau registou dez casos confirmados de infeção. «O consulado geral de Portugal aconselha a comunidade portuguesa residente em Macau a seguir os conselhos e as orientações das autoridades de saúde pública da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau]», escreveu o cônsul geral, Paulo Cunha-Alves, num e-mail enviado à Lusa.

No mesmo texto, o diplomata sublinhou que, apesar do encerramento dos serviços consulares, foi criado um piquete de atendimento para dar resposta aos casos mais urgentes.

«Os serviços consulares estão encerrados ao público em geral desde o início das festividades do Ano Novo Lunar chinês. No entanto, desde o dia 30 de janeiro que estamos a funcionar com um piquete de alguns funcionários para atender os casos mais urgentes e outros ligados a situações no âmbito da crise do novo coronavírus», acrescentou.

«Aplicando ao consulado geral as orientações hoje veiculadas pelo chefe do executivo aos funcionários públicos da RAEM, vamos continuar encerrados ao público em geral e manter o piquete de serviço na chancelaria consular», destacou o diplomata.

O consulado geral de Portugal em Macau e Hong Kong pode ser contactado pelo telefone 00 853 2835 6660, pelo email [email protected] ou através de mensagem na respetiva página da rede social Facebook.

Em conferência de imprensa ao início da tarde (hora local), o chefe do Governo de Macau anunciou o encerramento dos casinos durante duas semanas, bem como a continuação da suspensão dos serviços básicos da função pública. Só se vão «manter os serviços urgentes», com o objetivo principal de reduzir a circulação de pessoas, indicou.

Ho Iat Seng admitiu ainda que o território está a ponderar encerrar as fronteiras com a China.

O governante explicou que o encerramento das fronteiras é uma decisão difícil porque é necessário avaliar o impacto no fornecimento de alimentos ao território e porque adiciona constrangimentos à rotina diária de muitos residentes de Macau e de muitos trabalhadores do território que vivem na China.

«Não estamos a encerrar nenhuma fronteira, não vão a correr comprar alimentos. Temos “stock” suficiente, não se preocupem», assegurou.

O responsável apelou ainda à população para que não saia de casa e «reduza ao máximo as atividades comerciais». «Não posso mandar encerrá-los», disse, sobre os espaços comerciais, mas «se não tiverem clientes, os próprios comerciantes vão decidir encerrar os negócios», sustentou.

Contudo, pouco depois houve uma “corrida” aos supermercados. Em pelos menos seis destes espaços da ilha da Taipa, o cenário era o mesmo: corredores cheios de pessoas, filas enormes para efetuar o pagamento, com as pessoas, de máscara, a empurrarem carros de compras onde se encontravam empilhadas embalagens de carne, enlatados, sacos de arroz e garrafões de água.

Por outro lado, era possível ver filas nas ruas para entrar em espaços que vendem congelados, que rivalizavam com outras que se mantêm há mais de uma semana para se adquirir máscaras de venda racionada nas farmácias.

O Governo de Macau adquiriu ao todo 20 milhões de máscaras. Cada residente, mediante apresentação da identificação, recebe dez máscaras para igual número de dias.

Quantos aos desinfetantes, esgotados em Macau, Ho Iat Seng disse que não vai utilizar o mesmo método de racionamento para a população. «Não vamos garantir esse tipo» de produto para a população, afirmou.

A conferência de imprensa para divulgar as medidas excecionais teve lugar no dia em que Macau anunciou ter identificado o 10.º caso de infeção no território e ter admitido a possibilidade de existir um surto comunitário, face ao cenário de um caso de contaminação local.

A China elevou para 426 mortos e mais de 20.400 infetados o balanço do surto de pneumonia no país provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), que tem cidades sob quarentena, afetando cerca de 56 milhões de pessoas.

Hong Kong anunciou, esta manhã, a primeira morte relacionada com o coronavírus.

O antigo território britânico suspendeu as ligações marítimas com Macau e fechou quase todas as fronteiras terrestres e marítimas com o continente para impedir a propagação do novo coronavírus. Apenas dois postos de controlo de fronteira, a Baía de Shenzhen e a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, vão continuar abertos.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 países.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.

Lusa/Imagem de destaque: iStock/D.R

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