A atriz portuguesa privilegia as viagens de mochila às costas e revela-nos um pouco mais das melhores peripécias vividas.

Entrevista Redação VM
Fotografias Instagram @teresa_tavares

Na génese humana, a maior parte das pessoas gosta de viajar e de conhecer novas culturas e costumes. A ti, o que te leva a viajar?
Precisamente o contacto com novas culturas e com novos lugares. Novos costumes, novas línguas, novas formas de ver o mundo e de viver a vida. É fascinante e ao mesmo tempo faz-nos pôr tudo em perspetiva, o que também é muito importante e altamente libertador. O mundo é imenso e nós somos só mais uma migalha – temos tudo para conhecer, tudo para aprender, tudo para partilhar. E isso é incrível.

Dos locais que já conheceste, quais os que mais te surpreenderam?
A ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe, marcou-me profundamente. É uma espécie de paraíso perdido, de uma simplicidade e de uma beleza desarmantes. Assim como a fajã de Santo Cristo, em São Jorge, nos Açores, para falar também do nosso país, que é incrível e tantas vezes nos esquecemos de o explorar. Depois há Nova Iorque, que foi o primeiro sítio para onde viajei sozinha, com 16 anos, será para sempre uma das minhas cidades preferidas.

Fizeste alguma viagem que considerasses como tempo perdido?
Acho que nunca tive propriamente uma desilusão com um lugar. Viajo mesmo de espírito aberto. Mais importante do que a minha expetativa é a curiosidade acerca do que aí vem. Gosto mesmo de partir e quando vou deixo-me levar. Nunca faço grandes planos, talvez por isso não haja espaço para grandes desilusões.

«A ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe, marcou-me profundamente. É uma espécie de paraíso perdido, de uma simplicidade e de uma beleza desarmantes. »

Conta-nos um episódio incrível que tenha acontecido numa das tuas viagens e que te tenha marcado para sempre.
Há uns anos, passei um mês na Ásia entre a Tailândia e Bali. Fiz a viagem toda só com uma mochila às costas e às tantas já ia fazer percursos de trekking de Havaianas e com uns vestidos de pano pelo meio do mato. Fiquei com umas manchas grandes e escuras nas pernas. Não doíam, mas não tinham bom aspeto. Fui a um curandeiro local que, no seu parco inglês, me disse que devia ser do cansaço e que não podia apanhar sol. Impossível. Faltavam cinco dias para regressar e queria fazer praia para terminar. Cobri as manchas de protetor solar e lá passei os dias entre a água e a areia. Depois de regressar marquei uma consulta no dermatologista que, depois de analisar, me perguntou: foi muito feliz nessa viagem, não foi? Sim, respondi. Então relaxe, porque não vejo nada de mal. Nunca soube que manchas eram aquelas. Mas faz-me sempre bem lembrar esta história. De facto, olhar para o dia-a-dia com a abertura de quem está a viajar cura muitas dores.

Sendo tu uma das figuras públicas mais ativas na defesa da igualdade de género, vês alguma relação entre as viagens e a mulher?
Adoro viajar! É um prazer, uma descoberta, uma forma de educar, de crescer e de olhar para tudo com outros olhos. Nesse sentido, acho que é sempre enriquecedor, independentemente do género. A verdade é que hoje as mulheres são mais independentes e, por isso, sentem-se mais livres, têm mais condições para viajar sozinhas para onde quiserem e como lhes apetecer. E essa liberdade só pode trazer coisas boas.

Brevemente irás ser mãe pela primeira vez. Que mundo queres mostrar à tua filha?
Quero que ela conheça o mundo, que vá a todo o lado. Na Ásia, há muitas zonas tranquilas para as crianças, gostava muito de a levar lá. E quero muito levá-la a cidades, a ver museus, os meus museus preferidos, enquanto não sabe nada sobre arte – para ter essa experiência mais intuitiva antes de estar cheia de informação. Levá-la ao MoMA, em Nova Iorque, à Tate Modern, em Londres, e por aí fora.

Que lugares ainda ambicionas conhecer?
No topo da minha lista de desejos estão, neste momento, o sul da América, de mochila às costas, o Japão, a Índia, Moçambique e a Islândia.

Numa última frase, viajar é…
… dos maiores prazeres da vida!


Entrevista publicada na edição de dezembro de 2019 da revista Volta ao Mundo, número 302.

 

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