Os aeroportos de Cabo Verde registaram um novo recorde histórico de quase 2,8 milhões de passageiros em 2019, motivado pelo crescimento do tráfego internacional, apesar da quebra nos movimentos domésticos, segundo fonte oficial do setor.
A informação consta de um boletim de tráfego da empresa pública Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), ao qual a Lusa teve hoje acesso e que refere que de janeiro a dezembro de 2019 os aeroportos nacionais movimentaram 2.771.931 passageiros.
Trata-se de um aumento de 2,6% em relação ao período homólogo, motivado pelo crescimento do tráfego internacional, em 7,3%, enquanto o movimento dos passageiros domésticos diminuiu 7,2%, correspondente a menos 63.557 no espaço de um ano.
Cabo Verde tem quatro aeroportos internacionais, nas ilhas de Santiago, do Sal, da Boa Vista e de São Vicente, e três aeródromos, nas ilhas de São Nicolau, Maio e Fogo, todos operados pela ASA, cuja atividade de gestão dos aeroportos o Governo cabo-verdiano pretende privatizar este ano.
A quebra nas ligações domésticas é explicada pela saída da companhia estatal TACV – privatizada em março e transformada em Cabo Verde Airlines (CVA) – dos voos domésticos, passando a concentrar-se nos voos internacionais. Até agosto último, quando alguns voos domésticos foram retomados pela CVA, as ligações entre as ilhas de Cabo Verde foram asseguradas exclusivamente pela Binter.
«De salientar que todos os aeroportos registaram diminuição no tráfego de passageiros a nível doméstico, face ao período homólogo. Mas a nível internacional, o registo foi muito positivo, todos registaram aumentos, totalizando mais 133 mil passageiros internacionais, face ao ano transato», refere-se no boletim da ASA.
Globalmente, os passageiros movimentados pelos aeroportos cabo-verdianos cresceu em 69.699, face aos 2.702.232 de 2018, que já tinha sido um recorde.
A ASA registou ainda 35.202 movimentos de aeronaves em 2019, um aumento de 1.125 movimentos (3,3%) em relação ao mesmo período do ano anterior, influenciado pelo aumento de movimentos de aeronaves a nível internacional, que cresceu 10,8%, enquanto nas ligações domésticas o tráfego de aeronaves decresceu 4,4%, face a 2018.
A empresa ASA é totalmente detida pelo Estado cabo-verdiano e é detentora desde 2014 de 100% do capital social da CV Handling SA.
O Governo cabo-verdiano prevê avançar este ano com o processo de concessão do serviço público aeroportuário, que implicará a privatização da gestão dos aeroportos, mantendo-se na alçada pública a navegação aérea.
A posição foi transmitida no dia 16 de outubro pelo ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire. Na véspera, entre outros diplomas, o Conselho de Ministros aprovou o decreto-lei que estabelece as bases da concessão do serviço público aeroportuário, envolvendo os quatro aeroportos internacionais e três aeródromos que estão sob a gestão da empresa estatal ASA.
Questionado pela Lusa, o governante esclareceu que o processo vai decorrer ao abrigo da legislação das privatizações.
O objetivo da concessão, apontou, passa por aumentar o número de passageiros, o número de aviões e permitir a transformação de Cabo Verde numa plataforma de tráfego aéreo e uma zona comercial franca e de promoção de turismo de negócios.
«O Governo defendeu Cabo Verde como um país que pode e tem todas as condições para ser uma plataforma de tráfego aéreo complementado com uma zona franca comercial e com turismo de negócios», disse o governante.
O ministro Fernando Elísio Freire explicou que a concessão não abrange o tráfego aéreo, esclarecendo que a empresa ASA será «dividida» em duas partes. A gestão da navegação aérea continuará totalmente a cargo do Estado, enquanto a gestão dos aeroportos será feita em concessão, visando melhorar a sua performance e qualidade.