Neste mês falamos com um dos portugueses que mais viajaram pelo mundo. Tem 51 anos, nasceu em Urra, no distrito de Portalegre, mas diz que cresceu pelo mundo sob o lema de que «viajar é uma forma diferente de educação».

Entrevista de Volta ao Mundo
Fotos @diamantino_martins

É provavelmente um dos portugueses com mais viagens pelo mundo. Quantos países já conheceu?
Neste momento contabilizo 146, entre países e ilhas.

Lembra-se para onde viajou pela primeira vez e por que motivo?
Sou da raia espanhola, e Espanha foi sempre um ir e voltar porque era ali ao lado, mas o verdadeiro pontapé de saída foi numa viagem a Londres. Já tinha uns 21 anos, fui fazer um curso intensivo de inglês durante três semanas. Era a minha primeira viagem de avião e, quando descolou, lembro-me de ter gostado imenso da sensação e de ter vontade de voar muito mais. Aterrei em Heathrow e, antes de ir para a casa da família de acolhimento onde ia ficar, fui direto a Picadilly Circus. Saí do metro só para ver aquele lugar que conhecia da televisão e dos livros de Inglês da escola. Fiquei maravilhado com todo aquele movimento de gente de todas as origens. Ali tive a sensação exata de que a minha vida iria fazer-se pelo mundo. Como, não sabia, mas tinha a certeza de que assim seria. E foi!

Certamente que o que hoje o leva a viajar é diferente desse início.
A verdade é que ganhei realmente gosto pelas viagens. Fui trabalhar como tour leader numa agência pequena, mas que me deu oportunidade de conhecer vários países em dois anos. Depois decidi abrir a minha própria agência de viagens. Era a forma de poder aliar a vontade de ter um negócio próprio à vontade de viajar. O negócio cresceu. A paixão por viajar aumentou. Como costumo dizer na brincadeira, hoje viajo por tudo e por nada. Só sei que viajar faz parte da minha vida, quer seja em trabalho ou em lazer. Quero conhecer o máximo de países do mundo. Na realidade, gostava de conhecer todos.

No ano passado fez a sua tão desejada volta ao mundo. Por onde andou e qual foi o lugar que mais o surpreendeu?
Fazer a volta ao mundo era algo planeado para os meus 50 anos, e consegui. Fiz este circuito: Angola-Namíbia-Qatar-Bangladesh-Indonésia-Bornéu-Brunei-Kuala Lumpur-Tóquio-cruzeiro na Polinésia Francesa-Taiti-ilha de Páscoa-Santiago do Chile-deserto de Atacama no Chile-Bolívia-Peru-Rio de Janeiro e terminei em Madrid. Foram 60 dias intensos de fascínio, mas a pontuação máxima fica entre o Bangladesh e o salar de Uyuni, na Bolívia. Em breve, esta mesma viagem estará devidamente relatada no meu segundo livro Around the World. A Viagem dos 50 Anos.

«Viajar faz parte da minha vida, quer seja em trabalho ou em lazer. Quero conhecer o máximo de países do mundo. Na realidade, gostava de conhecer todos.»

Agora prefere viajar sozinho ou em grupo?
Adequo a cada circunstância. Não gosto de viajar sozinho, mas por trabalho acabo por ter de o fazer muitas vezes, sobretudo as viagens de prospeção. Mas tento sempre desafiar alguém para viajar comigo.

Depois de viajar tanto, há países a que quer mesmo voltar?
Gostaria de regressar à Birmânia, à Etiópia – sobretudo pela pessoas e pela própria cultura. Ao Canadá quero muito pegar num carro e perder-me no meio da imensidão das paisagens fascinantes daquele país.

Mas onde planeia ir já em 2020?
Este pode ser um ano de muitos desafios dentro deste tema que pode ser aliado a algo que nunca fiz, mas que estou superentusiasmado e confiante de que virá a acontecer. Mas na lista prioritária estão o Irão e o Uganda.

A revista Volta ao Mundo faz parte desta sua história de viagens?
A Volta ao Mundo foi sempre uma companheira deste percurso. Durante anos colecionei cada número e sempre foi um bom guia de descoberta de novos destinos.

Imagem de destaque: Direitos Reservados

Entrevista publicada originalmente na edição de janeiro de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 303.

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