Está na altura de não se deixar enganar mais.

Há certas coisas que parecem destinadas a ser luxuosas, mas na verdade não o são. Como o Room Service – serviço de quartos. Teoricamente, é uma boa ideia, mas a realidade é bem diferente.

Habitualmente, um hóspede pede o serviço de quartos quando está demasiado cansado, ocupado, ou quando simplesmente não lhe apetece sair do quarto de hotel para jantar num local rodeado de pessoas. Aliás, são vários os motivos possíveis: acabámos de sair de um voo longo; temos de acordar cedo no dia seguinte; precisamos de trabalhar a partir do computador portátil; ainda não tomámos banho depois de visitar uma cidade ou de um dia na praia, ou, pelo contrário, acabámos de tomar banho e não nos apetece ir novamente para a rua.

Tudo bem, razões plausíveis. Pede-se o serviço de quartos. Alguém bate à porta. A porta é aberta. Sorri-se, agradece-se e afastamo-nos um pouco enquanto o funcionário entra.

Pequenas conversas podem surgir. Onde quer que coloque o tabuleiro? As tampas dos pratos são retiradas, as bebidas são servidas. Quer que sirva o vinho ou a cerveja? E a água? Quer que deixe o segundo prato ainda tapado, ou quer que o sirva já?

Por muito que se possa querer dispensar este tipo de conversas, a verdade é que normalmente a equipa do serviço de quartos é composta por pessoas simpáticas que apenas estão a tentar que o seu trabalho corra na perfeição.

Antes da assinatura do hóspede, vem a declamação inevitável do que foi trazido. No fundo, trata-se daquilo que a equipa do serviço de quartos foi instruída para fazer, mas que muitas pessoas não gostam. É que quem fez o pedido sabe muito bem o que foi trazido.

Segue-se a pergunta: «Precisa de mais alguma coisa?». E a conta, obviamente. Há uma certa formalidade nesta parte – geralmente, o papel vem dentro de um invólucro em pele, acompanhado de uma caneta. Falta a a gorjeta – quanto dar? Será pouco?

Já para não falar em como nos podemos livrar dos pratos sujos: chama-se alguém? Abre-se a porta e sorrateiramente coloca-se tudo à entrada do quarto?

Aquilo que parece uma burocracia é esquecido se a comida for realmente boa. O problema surge nos casos em que a comida não se compara à que é servida no restaurante do hotel, ou àquilo de que estávamos à espera. É preciso lembrar que o chefe que cozinha a comida do serviço de quartos não é o chefe principal da cozinha. Esse deve estar já fora do seu horário de trabalho.

Se estiver hospedado no sexto andar ou mais acima, peça algo que seja servido frio. Se estiver num andar alto de um arranha-céus, qualquer comida arrefecerá durante o trajeto. Mesmo com elevadores próprios, a logística desde a saída da cozinha no rés-do-chão ou na cave, até a um andar muito alto, é um desafio. E quanto à espera, principalmente num dia de chuva num hotel lotado? «Quantos mais pedidos chegarem ao mesmo tempo, pior sairá a comida», afirma Lisa Brefere, Chef num hotel.

Diz-se que a comida sabe sempre ao mesmo, independentemente do local onde se encontra e do hotel que escolheu. «É um desperdício de dinheiro, e acaba por se perder grande parte do divertimento de comer onde os habitantes locais o fazem», conta Sebastian Modak, editor da Condé Nast Traveler. «Mesmo que seja tarde, mesmo que esteja extenuado por causa do jet lag, mesmo que seja confrontado com a tentação de vestir o meu pijama, vou sempre preferir comer fora do que pegar no telefone e pedir o serviço de quartos».

Percorra a fotogaleria acima para descobrir alguns dos objetos mais estranhos deixados nos quartos de hotel.

Imagem de destaque: iStock

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